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Anistia e prisão domiciliar cada vez mais distantes
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João Paulo Biage é jornalista há 13 anos e especialista em Comunicação Pública. De Brasília, acompanha, todos os dias, os passos dos parlamentares no Congresso Nacional e a movimentação no Palácio do Planalto, local de trabalho do presidente. É repórter e comentarista do programa O POVO News e colunista do O POVO Mais

Anistia e prisão domiciliar cada vez mais distantes

Sem apelo popular e após uma semana preso sem intercorrências, Bolsonaro seguirá sob custódia da Polícia Federal
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EX-PRESIDENTE Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos de prisão (Foto: Sergio Lima / AFP)
Foto: Sergio Lima / AFP EX-PRESIDENTE Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos de prisão

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Aliados de Jair Bolsonaro ficaram decepcionados com a pouca mobilização causada pela prisão do ex-presidente, ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes e cumprida pela Polícia Federal no último sábado. Caciques do Partido Liberal e familiares de Bolsonaro esperavam que apoiadores ocupassem a frente da Superintendência da Polícia Federal para que a pressão popular impulsionasse a votação do PL da Anistia na Câmara dos Deputados.

Não funcionou. Nos dias que sucederam a prisão do ex-presidente, a PF viu mais pessoas felizes com a prisão do que indignadas. Os rivais de Bolsonaro apareceram aos montes. Teve champanhe, música, bandeiras e brigas, é claro. Os bolsonaristas até marcaram presença no primeiro dia de prisão, mas desapareceram depois. A partir de segunda-feira, a 'tropa de patriotas', como eles se chamavam, mais parecia petit comité - como os franceses chamam os encontros de pequenos grupos.

Sem gente nas ruas, os partidos do Centrão prontamente rejeitaram a ideia da oposição de pautar o PL da Anistia. PSD, PP, União Brasil e Republicanos acham que a medida pode indispor o Congresso com o Supremo Tribunal Federal - relação que é considerada boa desde as eleições de Hugo Motta (Republicanos-PI) e Davi Alcolumbre (União-AP).

PL promete votar anistia nesta terça

"Toda semana ele faz tudo sempre igual", diria Chico Buarque se ouvisse as entrevistas do líder do PL, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ). Há dois anos, ele fala que o PL da Anistia é a única prioridade da oposição e que tem o apoio necessário para aprovar a matéria. Foi assim na abertura do processo, na prisão domiciliar de Bolsonaro, após o motim no plenário da Câmara e esta semana.

Sóstenes prometeu levar ao plenário a votação do mérito da anistia a Bolsonaro e, para isso, considera até a possibilidade de apresentar provas de que Hugo Motta prometeu levar o tema à votação. O problema, atualmente, não é nem colocar para pautar, é aprovar o texto. O ferro de solda na tornozeleira fez com que até mesmo os mais bolsonaristas do centro soltassem a mão da oposição.

Por falar em Sóstenes…

Você sabia que ele e o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ) são grandes amigos? Pode soar estranho, mas Sóstenes começou a carreira política no gabinete de Lindbergh, quando este era deputado estadual. "Eu virei oposição quando chegou o primeiro boleto. A esquerda paga mal demais", brincou o bolsonarista.

Os dois se cumprimentam com abraços afetuosos, conversam com sorrisos nos rostos e sempre comentam algo sobre as famílias. Apesar disso, tomam o cuidado de não seguirem um ou outro nas redes sociais, para não pegar mal com as bases. Fofoquinha boa, né?!

Voltando ao assunto de origem

O ex-presidente recebe acompanhamento médico 24 horas por dia e, na primeira semana, não teve nenhuma intercorrência. Reclamou dos soluços aos médicos e aos familiares que foram visitá-lo, mas não houve qualquer alteração clínica, segundo os profissionais que acompanham o presidente. Para o STF, a ausência de sintomas reforça que o ex-presidente não precisa de prisão domiciliar, cada vez mais afastada de Bolsonaro.

Foto do João Paulo Biage

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