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Os dias seguintes até 2026
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Redator do blog e coluna homônimos, diretor de Jornalismo da Rádio O POVO/CBN e CBN Cariri, âncora do programa O POVO no Rádio e editor-geral do Anuário do Ceará

Os dias seguintes até 2026

Sem Bolsonaro, o bolsonarismo buscará outro nome que consiga aplacar seu anti-voto contra o PT. Este, por sua vez, por ora tem apenas a bandeira que lhe deram de presente, a soberania.Será o bastante até as eleições do ano que vem?
Tipo Análise
07.09.2025 - Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante o Desfile de 7 e Setembro, na Esplanada dos Ministérios. Brasília - DF.

Foto: Ricardo Stuckert / PR (Foto: Ricardo Stuckert)
Foto: Ricardo Stuckert 07.09.2025 - Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante o Desfile de 7 e Setembro, na Esplanada dos Ministérios. Brasília - DF.

Foto: Ricardo Stuckert / PR

A catarse coletiva após a condenação de Bolsonaro vai além da militância à esquerda, aliás, a mesma que satanizou o Supremo na época da condenação de Lula e o próprio ministro Alexandre de Moraes, quando de sua nomeação por Temer. Alivia todos que veem no bolsonarismo um risco à democracia. Nunca na história do País, um presidente foi tão autêntico, o que demonstra que autenticidade nem sempre é elogio. 

Por todo o histórico de barbaridades cometidas em sua biografia parlamentar, Bolsonaro merecia ter sido tolhido muito antes. Falhou o Congresso por não fazê-lo há décadas. O repositório de estultices inclui apologia a torturadores, sugestão de estupro a uma deputada (Maria do Rosário) e de fuzilamento do então presidente Fernando Henrique. Tudo isso passou incólume por anos e o País praticou o anti-voto contra o PT de maneira irresponsável. Mas o que se havia de fazer?

O sextou de anteontem foi diferente. O sábado e o domingo também. E assim será a cada passo em direção ao cárcere, seja em casa (o que parece ser mais razoável), o presídio ou a Polícia Federal. Jail, Jair. Todos os memes estão em frenesi. Na trincheira oposta, contudo, um exército. Ele é formado por inocentes úteis (alguns presos) e batalhões de simpatizantes de um discurso que vai além de Bolsonaro. 

Os inocentes e úteis não percebem o que habita as coxias do golpismo. Este tipo é o que vai às ruas fantasiado de Araquém, a personagem de verde e amarelo símbolo do fracasso na Copa de 1986. Ele não sabe o que exatamente quer, mas extravasa do seu jeito a repulsa pelo partido que está no Poder, eivado de escândalos de corrupção em tempo recente. Para cada pergunta, a mesma resposta: a culpa é do PT, "fazuéli" e outros bordões da Praça Portugal.

Tem dificuldade de entender que piadas só valem a pena quando não constrangem - e daí se revolta com o que chama de politicamente correto, em vez de cultivar a empatia. Fica chocado com as múltiplas orientações sexuais, mas não consegue explicar por que não suporta os exageros, por vezes, em forma de "todes" e cartilhas cheias de "camadas" e "potências" cansativas. Então resume tudo em desrespeito ao direito alheio. 

O que essas massas querem?

Para estes tipos, as respostas são simples. Sentem-se contemplados em caso de gasolina barata (ele nem liga a que preço para a Petrobras e tampouco discute política de transporte público). Ficam felizes com emprego abundante (e até há por ora). Gostam do dólar barato para viajar à Flórida, juro mais baixo (para a vida também ficar) e outros ganhos macroeconômicos. No exército, há ainda imensos contingentes de brasileiros das classes mais populares a encontrar abrigo no discurso do sonho, em forma de prosperidade, alimentado pela fé cristã e, muitas vezes, evangélica.

Existe ainda um terceiro perfil a namorar os golpes, os ultra pragmáticos e oportunistas. Não dão a mínima para democracia, eleições, instituições fortes e essa "ladainha" toda. No mais das vezes, é gente com CNPJ. É aquele sujeito que lota um clube tradicional do Meireles para conhecer um neo deputado inexpressivo, porém, da base bolsonarista e às vésperas da posse do capitão. O clube era o Ideal, aconteceu em almoço no dia 9 de novembro de 2018 e o deputado novato era o então presidente do então partido, o tíbio PSL, Heitor Freire. Hoje, ele habita o estafe do Governo Lula, na Sudene. O interesse é apenas farejar os caminhos mais curtos aos palácios e aos caixas.

Como ficam o bolsonarismo e o PT?

E agora como fica o negócio? O bolsonarismo é apenas a marca de um contraponto, hoje ao PT, porque foi quem sobrou, ante o coma do PSDB. Não sendo o ogro capitão, outro ocupará o jipe. Poderá ser Tarcísio, cujo aceno para anistia mirou as massas ávidas por um líder que lhes dê o peito e expresse o que sentem. Poderá ser Caiado, cuja bandeira principal é a segurança pública. Poderá ser o governador do Paraná, que assina como filho de Ratinho. Ou ainda o governador de Minas, que nem sabia quem era Adélia Prado, mas a maioria também não. Em 1989, Collor encarnou o papel do civil não radical, como antítese a um assustador Lula. Lembram do Mário Amato? Em 2026, alguém vai se travestir de contraponto ao PT, na segurança, no sonho da prosperidade e no temor a Deus.

Ainda em 2017, a Fundação Perseu Abramo dava senhas ao PT. Ao auscultar a periferia de São Paulo, revelou o avanço do consumo, da teologia da prosperidade, representada pelas religiões evangélicas, e do empreendedorismo popular. Focou a intensa presença dos valores liberais do "faça você mesmo", do individualismo, da competitividade e da eficiência. Nenhuma conexão com a ideia do sindicalismo donde foi gerado o PT.

Entrevistadores da nova pesquisa Genial/Quaest estão nas ruas desde ontem e ficam até hoje. Ouvem 2.004 brasileiros de todo o País. Mede-se (com o perdão da homofonia) a percepção dos brasileiros sobre a economia e sobre a condenação de Bolsonaro. A avaliação vem melhorando ao tempo em que atacam o Brasil.

No atual cenário de inaceitável intromissão norte-americana nos assuntos internos do País, com direito a um deputado federal lesa-pátria (Eduardo Bolsonaro), o Governo Lula ganhou uma bandeira. O discurso da soberania caiu do céu. Para Lula, afeito a metáforas do futebol, foi como se o time ganhasse o apoio da torcida porque o adversário praticou xenofobia. Ou seja, o futebol segue medíocre e o rebaixamento é logo ali, mas a torcida aumentou o apoio. Falta projeto de País e falta muito mais. Será o bastante?

BATURITÉ

Consórcio fará hospital por R$ 255 milhões

O Complexo Cultural Yolanda e Edson Queiroz também tem a baiana Sian Engenharia à frente das obras(Foto: REPRODUÇÃO)
Foto: REPRODUÇÃO O Complexo Cultural Yolanda e Edson Queiroz também tem a baiana Sian Engenharia à frente das obras

O Consórcio formado pela baiana Sian Engenharia e pela cearense Lumali Engenharia, venceu a disputa para construir o Hospital Regional do Maciço do Baturité. Ofereceu o menor preço, R$ 255.760.339,00, R$16 milhões a menos do que a segunda colocada. O orçado inicialmente eram R$ 304 milhões e a previsão de conclusão é de 18 meses, a contar da ordem de serviço. A Lumali tem como sócio o engenheiro Jorge Valença. No portfólio, exibe as obras do Centro Cultural Yolanda e Edson Queiroz, em obras na avenida Washington Soares, anexo à Unifor. A Superintendência de Obras Públicas do Estado (SOP) cuida do processo. O hospital é de alta complexidade, com área total de implantação de 40.540,72m.

CENTRO

Estação Fashion terá torre residencial

O Estação Fashion, shopping atacadista em obras no entorno da antiga Praça da Estação, hoje área da Pinacoteca do Estado, terá uma torre residencial com 18 andares, projetada pelo escritório Nasser Hissa, conta o sócio Philomeno Jr. Deverá ser lançada em 2026. Já a primeira etapa entra em operação no mês de novembro. Começa com 500 unidades comerciais. Haverá estacionamento para 500 automóveis e 30 ônibus. No próximo ano prevê entregar as segunda e terceira etapas. Ao todo, terá 1.300 unidades comerciais. É focado no atacado de moda. Tem investimento total estimado em R$ 75 milhões, com financiamento pelo BNB.

PRÉ-DATADOS

Cheques ainda existem e são usados para grandes valores

Não, eles não acabaram. No primeiro semestre de 2025 foram compensados 50 milhões de cheques no País. Somados, R$ 211 bilhões em valor financeiro, segundo levantamento feito pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban). O número de transações é 21,9% menor que o registrado no mesmo período do ano passado, quando foram compensados 64 milhões de cheques - R$ 236 bilhões. O brasileiro ainda usa para transações de maior valor e parcelamentos.

HOTELARIA

Vila Galé agora tem quatro hotéis em Cuba

Vila Galé Express Park View em Havana(Foto: DIVULGAÇÃO/VILA GALÉ)
Foto: DIVULGAÇÃO/VILA GALÉ Vila Galé Express Park View em Havana

A rede Vila Galé, cuja primeira operação no Brasil foi na Praia do Futuro e hoje atua também no Cumbuco, passa a administrar três novos hotéis em Cuba. Após a inauguração do Vila Galé Cayo Paredón em 2023, um resort all inclusive, estreia os hotéis Vila Galé Express Park View, Vila Galé Cayo Santa María e Vila Galé Tropical Varadero. A rede tem 52 unidades hoteleiras em Portugal, Brasil, Cuba e Espanha.

ECONOMIA CRIATIVA

Cine Ceará estreia no sábado

Mariana Ximenes homenageada pelo Cine Ceará tem família em Sobral (CE)(Foto: VICTOR DAGUANO/DIVULGAÇÃO)
Foto: VICTOR DAGUANO/DIVULGAÇÃO Mariana Ximenes homenageada pelo Cine Ceará tem família em Sobral (CE)

Com homenagem à minha, à sua, à nossa atriz Mariana Ximenes, começa no sábado, 20, o 35º Cine Ceará - Festival Ibero-americano de Cinema. Até o dia 26 o festival estará no Cineteatro São Luiz, no Cinema do Dragão e no Hotel Sonata de Iracema. A programação prevê 13 longas-metragens e 29 curtas, entre participantes das mostras competitivas Ibero-americana de Longa-metragem, Brasileira de Curta-metragem e Olhar do Ceará, exibições especiais e 14 debates. Toda a programação tem acesso gratuito.

Horizontais

Bio - Lira Neto abre turma presencial do curso "A arte da biografia: Como escrever histórias de vida". Haverá aulas que incluem teoria e prática. Ele vai compartilhar os métodos e caminhos para conciliar o rigor da pesquisa à fluidez do texto. Aulas às segundas e quartas, de 19h às 21h, no Armazém da Cultura (Rua Jorge da Rocha, 154, Aldeota).

Restaurante - Na quinta-feira, o restaurante Regina Diógenes abre em soft opening uma nova unidade. desta vez, no primeiro andar do LC Corporate, na Barão Studart

Previdência - "Previdência, novas pressões e menos PIB à frente". É sobre isso que o economista piauiense Raul Velloso fala no dia 22, uma segunda, às 17h, no Sebrae (Monsenhor Tabosa, 777). Vem a convite da Academia Cearense de Economia e do Sebrae. Raul é um dos mais respeitados especialistas em contas públicas do País.

Estúdios - A construtora Colmeia investe em estúdios. Na quarta-feira faz evento no Hoots para celebrar o ihome Meireles (Não, não é da Apple).

Verdade chinesa - O presidente do Sinditaxi, Francisco Moura, vai à China. Ele participa do Seminário Internacional Sindical entre Brasil e China, com o tema "Compartilhar Experiências de Modernização Chinesa e a Nova Perspectiva". É organizado pela Federação Nacional de Sindicatos da China. Em Pequim, de terça, 16, a terça, 23.

Ceará é destaque - O Ceará se destacou no Prêmio iCS de Economia e Clima 2025. Reconhece pesquisas sobre os impactos das mudanças climáticas na economia. A UFC tem quatro estudos, o maior número. Pesou para o Ceará ser o terceiro do ranking de trabalhos inscritos. Os três premiados serão divulgados no dia 20 de outubro.

Bicicletas elétricas - A produção de bicicletas no Polo Industrial de Manaus atingiu 239.635 unidades nos oito primeiros meses do ano. O principal destaque do segmento foi a categoria de bicicletas elétricas, que registrou alta de 149% em relação ao mesmo período de 2024. 

Efeito retardado - Um estudo conduzido pela EY (a antiga Ernst&Young) revela que companhias impactadas por incidentes cibernéticos enfrentam quedas significativas no valor de suas ações, com efeitos que podem se prolongar por até 90 dias. 

 


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