
Redator do blog e coluna homônimos, diretor de Jornalismo da Rádio O POVO/CBN e CBN Cariri, âncora do programa O POVO no Rádio e editor-geral do Anuário do Ceará
Redator do blog e coluna homônimos, diretor de Jornalismo da Rádio O POVO/CBN e CBN Cariri, âncora do programa O POVO no Rádio e editor-geral do Anuário do Ceará
A suspensão das 25 linhas pelo Sindiônibus não foi o primeiro ato da ópera dramática encenada na vida real do transporte público de Fortaleza. Começou há anos e tem como protagonistas, além dos empresários e a Prefeitura, as pessoas que pegam ônibus, os chamados transportes alternativos (que de alternativos nada têm), as multinacionais de aplicativos e o SUS. Os cenários são as paradas, os terminais, os fins de linha, o asfalto e o IJF.
A Cidade assistiu à idade média da frota subir de maneira vertiginosa à medida em que as empresas viram a tarifa não acompanhar os custos, a demanda cair (sobretudo a partir da pandemia), a concorrência dos apps chegar e a conta apertar com subsídios aquém do acertado. Ao mesmo tempo, as gestões municipais foram tocando adiante paliativos, além de não cumprirem acordos.
Por exemplo, RC implantou corredores expressos na Aguanambi e na Bezerra de Menezes. Chamou de BRT - mas BRT é outra coisa; também implantou faixas exclusivas de ônibus; além do bilhete único e do Bicicletar. Sarto fez menos. Construiu/reformou miniterminais e ampliou as bicicletas. Mas nos últimos anos a lembrança é de queda na qualidade do transporte. Com lotação e atrasos.
A idade média da frota de ônibus de Fortaleza é de 8,4 anos. Em 2019, era de seis anos. Em julho de 2012, na Era Luizianne, eram 3,4 anos. Antes dela, houve a implantação do Sistema Integrado, com terminais e linhas de bairros que os alimentavam.
Foi um marco da Era Juraci, reforçado pelo sucessor, Cambraia. Ainda com Luizianne, com apoio do então governador e aliado Cid Gomes, houve gestos importantes, com efeito popular imenso, como a tarifa social aos domingos. A redução do estadual ICMS permitiu.
Quando o assunto é o papel da União, entram a criação do Marco Legal do setor e a criação do SUM, ou Sistema Único de Mobilidade, o SUS do transporte, ideias longe de serem expressas (no sentido da rapidez).
Hoje em todo o Brasil há um clamor por subsídios. O suporte financeiro público tornou-se necessário para não tornar o preço do bilhete inviável. Em Fortaleza, conforme revelou a nova edição do Anuário NTU 2024-2025, da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), o subsídio cobre 32% da operação. E nele reside o impasse entre Sindiônibus e Prefeitura. O senso comum chama de privilégio para as empresas, mas é o subsídio que freia o preço do bilhete.
O reajuste do subsídio foi aprovado pela Prefeitura nos estertores da gestão passada, em outubro de 2024, e a Câmara autorizou o orçamento. A gestão atual não cumpriu, embora tenha feito a promessa. Alega a dor dos cofres vazios, ainda mais com o fim da taxa do lixo, e vai equilibrando os pratos. O prato dos ônibus ficou pesado.
As empresas, convenhamos, não reduzem linhas por maldade, até porque vivem disso. Em verdade, foram más ao fazer a suspensão sem aviso, apostando no desgaste apenas para a Prefeitura. Acontece que a relação das pessoas com o serviço é muito centrada nas empresas, satanizadas pelo que não funciona. Já a Prefeitura correu para ocupar o assento de vítima. Mas falta dinheiro para o diesel e para a folha da frota que está a operar.
A relação entre empresas e Município é regida por contrato. E este deve ser soberano. Há deveres para ambos os lados. Para quem contrata e para quem presta o serviço. Desde a licitação, quebraram cinco empresas. Recentemente, a Santa Cecília. Ninguém quer ser a próxima. E enquanto o sistema padece, a receita sangra com a concorrência ilegal das motos por aplicativo. As motos são uma usina de sinistros. O IJF é o principal termômetro desta outra tragédia em Fortaleza. E esta conta também é da Prefeitura.
EM SERGIPE
O iFood anunciou a retomada e a expansão da operação de entregas por drones em Sergipe, em parceria com a Speedbird Aero. A rota é pioneira no Brasil e na América Latina para entregas e será ampliada após a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) conceder a primeira autorização permanente do País para voos seguros sobre áreas com circulação de pessoas.
Ao mesmo tempo entra em operação uma nova aeronave capaz de transportar até cinco quilos - antes, o limite era de três quilos. A rota parte do Shopping Center RioMar, em Aracaju, sobrevoa um trecho de menos de um minuto em área com circulação de pedestres, cruza o rio Sergipe e chega à Barra dos Coqueiros.
Conecta restaurantes a condomínios residenciais. Pelo ar, o percurso tem menos de quatro quilômetros, e a entrega chega ao consumidor em até 30 minutos. O entregador é o responsável pela última milha - do trecho que vai do pouso do drone até o consumidor.
PRIVATE LABEL
A DM abriu nesta semana em Fortaleza seu primeiro escritório fora de São Paulo. Tem 40 vagas no atendimento a clientes por telefone (SAC). A abertura vem após a aquisição da FortBrasil, com sede em Fortaleza. A DM se declara líder na gestão de cartões private label (de loja), com 17 milhões de emitidos. DM é um grupo de serviços financeiros brasileiro fundado em 2002, especializado em gestão de crédito. Está em mais de 13 mil pontos de venda.
VOLTA PARA A CÂMARA
O Senado aprovou projeto que proíbe a concessão de empréstimo consignado — com desconto em folha — sem a autorização expressa do beneficiário. De acordo com o PL 4.089/2023, o beneficiário que receber sem solicitar valor referente a empréstimo, financiamento, cartão de crédito, cartão consignado de benefício ou arrendamento mercantil poderá devolver o dinheiro, além de ficar isento do pagamento de quaisquer encargos. A proposta voltará à Câmara dos Deputados, onde teve origem, para nova análise.
VISÃO
O economista Célio Fernando Melo acredita no potencial do Nordeste a partir do poder da caatinga. "É responsável por quase 40%-50% do sequestro líquido de carbono no País traz uma nova compreensão das potencialidades desse bioma".
O sequestro de carbono é a capacidade que um ecossistema tem de absorver gás carbônico (CO?) da atmosfera e armazená-lo na biomassa (troncos, raízes, folhas) e no solo. Ele participou da ICID COP Nordeste, em Fortaleza, o encontro internacional que tratou da agenda unificada a ser levada à COP 30, em Belém. Para Célio, o semiárido pode se tornar um motor de desenvolvimento sustentável, com ênfase na justiça social.
VALOR
No próximo dia 14, a especialização em Projetos e Gestão de Resíduos Sólidos da Universidade de Fortaleza (Unifor), terá a palestra "Crédito de reciclagem: o papel das empresas na economia verde". O evento acontecerá às 19h30min, via Google Meet.
Falarão Haroldo Rodrigues e Laura Jucá, da intr3s. Eles destacam a importância do crédito de reciclagem como um mecanismo para a melhor implementação da economia verde nas empresas. "O crédito de reciclagem representa uma unidade de valor vinculada à comprovação de que determinado volume de resíduos foi coletado, triado e destinado corretamente à reciclagem", diz Haroldo.
Acende o farol - Hoje, às 17 horas, o Governo do Ceará reabre oficialmente o Farol do Mucuripe. O governador Elmano de Freitas e secretários estaduais participam. Investimento de R$ 2,9 milhões, do Tesouro Estadual.
Invasão que ocupa - A ocupação de terreno à direita de quem sai do Aeroporto Pinto Martins segue. Por trás de quem ocupa, pode haver alguém articulando para fazer negócio depois. Está no histórico de muitas invasões Brasil afora. Lá não devem ficar.
À mineira - A Cemig anunciou um novo período promocional no modelo de comissionamento de seus parceiros comerciais no Mercado Livre de Energia. Foca em vendas no Norte e Nordeste e busca ampliar a presença no Ambiente de Contratação Livre (ACL). A mineira é a primeira comercializadora de energia a ultrapassar as 10 mil unidades consumidoras.
Falso médico no Exército - O Superior Tribunal Militar (STM) decidiu, por maioria, manter a condenação de um capitão do Exército a seis anos de reclusão, em regime semiaberto, pelo crime de estelionato. O militar exerceu ilegalmente a medicina por mais de uma década. Usava registro profissional de terceiros sem jamais ter concluído o curso de graduação. O capitão 171 havia iniciado o curso de Medicina em 1995, mas teve a matrícula cancelada por abandono em 2009, sem concluí-lo nem se transferir.
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