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O jornalismo e o exercício do contraditório
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Juliana Matos Brito é formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Trabalha no O POVO há 20 anos. Atuou como repórter e editora do núcleo Cotidiano, que reunia as áreas de Ceará, Fortaleza, Ciência & Saúde e Esportes. Também foi editora de Audiência e Convergência do Grupo de Comunicação O POVO e editora-executiva do Digital e da editoria de Cidades. Tem especialização em Jornalismo Científico e é mestranda em Ciências da Informação, ambos pela UFC.

O jornalismo e o exercício do contraditório

Em tempos de grande acirramento político, o jornalismo tem um desafio: levar ao leitor informação, análises e um debate público rico e pertinente, independente das posições políticas de grupos da sociedade
Tipo Análise
No último domingo, dia 25, padre Lino Allegri voltou a celebrar a missa na paróquia da Paz. A missa foi celebrada com tranquilidade e, ao fim dela, muitos fieis mostraram seu apoio e solidariedade ao padre, que os atendeu no fim da missa (Foto: BÁRBARA MOIRA )
Foto: BÁRBARA MOIRA No último domingo, dia 25, padre Lino Allegri voltou a celebrar a missa na paróquia da Paz. A missa foi celebrada com tranquilidade e, ao fim dela, muitos fieis mostraram seu apoio e solidariedade ao padre, que os atendeu no fim da missa

O mês de julho foi atribulado quando se pensa em respeito ao próximo, violência e intimidação. Dois fatos marcaram a defesa dos direitos humanos. O primeiro foi a violenta reação de católicos contra o padre Lino. A segunda foi a ameaça, pelas redes sociais, contra a vereadora Larissa Gaspar. Os dois casos foram acompanhados pelo O POVO. Na última quinta-feira, uma reportagem mostrava que o Programa de Proteção de Defensores de Direitos Humanos (PPDDH) do Estado registrou recorde em número de inscritos no Ceará em 2021. Citava os dois casos.

Recebi as mais diversas mensagens sobre o assunto. Principalmente em relação ao caso do padre Lino. Muitas elogiando a cobertura do O POVO. Outras reclamando de parcialidade, por acharem que o jornal estaria defendendo o padre. A meu ver, o jornal se posicionou contra a violência e a favor da liberdade de o padre poder levar sua opinião na homilia. Se escandalizar com mais de meio milhão de mortos numa pandemia é algo mais que natural para um líder religioso. Fico pensando se ele tivesse falado algo sobre a importância de a comunidade apoiar o presidente, se haveria uma reação como a que houve. Já que as duas falas seriam políticas.

O jornalista João Marcelo Sena, editor-chefe de Política do O POVO, destaca o desafio do jornalismo em tempos de grandes embates políticos. "O clima de acirramento cada vez mais crescente em tudo que envolve a política brasileira nos obriga a ter a sobriedade sempre como horizonte em nossa cobertura. Sempre foi assim e a atual conjuntura faz com que essa postura seja ainda mais necessária. Isso, contudo, não deve ser algo limitante para o nosso trabalho. Nós nos pautamos por essa sobriedade e também por outras grandezas do jornalismo como o equilíbrio e a precisão da informação, levando ao leitor sempre que o tema for de relevância e interesse público".

Análise e informação, sim. Violência, não

Algumas mensagens que traziam descontentamento com a cobertura e defendiam a ação do grupo que se opôs ao padre Lino destacavam a falta do outro lado, de um depoimento de alguém que participou do ato. "Diante da premissa de sempre ouvir o outro lado, entendemos que nessa situação o outro lado em questão foi o disparador para que o fato (ameaças aos padres em questão) se tornasse notícia. E o fez de uma maneira na qual a ação por si só já deixava bem claro o posicionamento desse outro lado da questão, sem muitas perspectivas de acréscimo ao debate", comenta Sena. É importante detalhar que a pauta ocorreu após vídeos e áudios disparados sobre o fato serem amplamente distribuídos nos aplicativos de mensagem. E que também tivemos artigo pró-grupo que defende o presidente Bolsonaro e debate na rádio O POVO CBN sobre o assunto.

"A cobertura política no Brasil hoje é um desafio para todos os jornalistas e para o Jornalismo em si. Sem falar do trágico e desgastante cenário da pandemia, temos de lidar com os que, ao se manifestar, cruzam a linha da razoabilidade. A crítica é inerente à atividade jornalística e faz parte do processo de convivência e crescimento social. Agora, quando essa linha é cruzada, é necessário marcar posição", completa João Marcelo Sena. Considero que O POVO cumpriu bem o seu objetivo de informar, analisar e trazer discussões sobre o fato. O jornalismo precisa trazer as informações que norteiam a coletividade. Discordar do outro sempre será possível, principalmente em regimes democráticos. O que não devemos nunca permitir é a ação de silenciar o interlocutor. Nesse caso, perdemos todos como sociedade.

Novo portal

A semana que passou foi importante para O POVO. Foi implementada uma grande mudança de layout que deixou o portal mais moderno e atual. Há alterações no design, na navegação, na tipografia e nas cores. Está mais limpo, organizado e bem mais bonito. É importante que um portal de notícias se adapte às novas ferramentas e à forma como as notícias chegam até o leitor, seja por áudio, vídeo, texto, fotos e infográficos. Apostar em novas possibilidades de levar informação ao leitor é o melhor caminho para o jornalismo que o Grupo de Comunicação O POVO realiza.

É como o editor-chefe de Cotidiano, Érico Firmo, destacou na matéria publicada sobre o novo layout: O portal O POVO não é uma mídia, como impresso, rádio, revista ou TV. "É um porta-aviões onde estão todas as mídias e linguagens. E tudo isso é O POVO. O público assim já nos reconhece há muito tempo. É O POVO, independentemente do formato e da plataforma. Estamos materializando algo que já é realidade para quem nos acessa".

A mudança não foi unânime e nem buscava ser. "Sou leitor assíduo do O POVO, mas confesso não ter gostado da reformulação do site. Para mim, ficou tudo muito confuso. Espero que eu me acostume", escreveu um leitor. Outro, foi na contramão: "Como assinante deste jornal, quero parabenizar pelo novo formato do site O POVO. Deslumbrante e funcional". Acredito que, após todos os ajustes, ficará mais fácil entender as mudanças e se acostumar com ela. Eu, particularmente, gostei muito.

ATENDIMENTO AO LEITOR

DE SEGUNDA A SEXTA-FEIRA, DAS 8H ÀS 14 HORAS

"A Ombudsman tem mandato de 1 ano, podendo ser renovado por acordo entre as partes. Tem status de editora, busca a mediação entre as diversas partes. Entre suas atribuições, faz a crítica das mídias do O POVO, sob a perspectiva da audiência, recebendo, verificando e encaminhando reclamações, sugestões ou elogios. Ela também chefia área editorial focada na experiência do leitor/assinante e que tem como meta manter e ajustar o equilíbrio jornalístico a partir das demandas recebidas e/ou percebidas. Tem estabilidade contratual para o exercício da função. Além da crítica semanal publicada, faz avaliação interna para os profissionais do O POVO".

CONTATOS

EMAIL: OMBUDSMAN@OPOVODIGITAL.COM

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