Jornalista formado pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Atua em redações desde 2014, quando participou do programa Novos Talentos, no O POVO. É repórter do caderno de Cidades, onde tem ênfase na cobertura de segurança pública. Escreve ainda para Esportes O POVO. Mestrando em Avaliação de Políticas Públicas, na UFC.
Do Mondubim ao Siqueira: o novo epicentro da disputa entre facções em Fortaleza
Desde quinta-feira, 18, ao menos oito homicídios foram registrados na região, que se tornou um dos poucos redutos do TCP na Capital e, por isso, passou a ser cobiçada pelo Comando Vermelho
Foto: Reprodução
Integrantes do Comando Vermelho celebraram no último fim de semana (20 e 21 de dezembro) avanços que a facção teria feito nos bairros Mondubim e Parque São José
A região de Fortaleza que se estende do bairro Mondubim ao Siqueira — englobando Aracapé, Canindezinho, Conjunto Esperança, Novo Mondubim, Parque Santa Rosa, Parque São José e Parque Presidente Vargas — tornou-se, nos últimos dias, uma das mais deflagradas zonas de confronto entre as facções criminosas que atuam na Capital — clique aqui para ver o mapa dos bairros de Fortaleza.
Da última quinta-feira, 18, até esta terça-feira, 23, pelo menos, oito homicídios foram registrados nessa região. Somente na segunda-feira, 22, e no início desta terça-feira, 23, ocorreram quatro desses crimes. Foram os casos:
18 de dezembro — Homicídio na comunidade da Vertical, no Parque São José 19 de dezembro — Homicídio na comunidade da GDD, no bairro Mondubim 21 de dezembro — Homicídio no Novo Mondubim 21 de dezembro — Homicídio no Siqueira 22 de dezembro — Homicídio no Conjunto Esperança 22 de dezembro — Homicídio no Jardim Fluminense, no bairro Canindezinho 23 de dezembro — Achado de cadáver no Mondubim 23 de dezembro — Homicídio no Jardim Fluminense, no bairro Canindezinho
No último fim de semana, vídeos que circularam nas redes sociais mostraram integrantes do CV comemorando — principalmente com foguetório — o avanço da facção sobre comunidades do Parque São José e do Mondubim.
Mas o que explica o acirramento da disputa entre as duas facções nos bairros que integravam a antiga Regional V? Parte da explicação está no fato de que o Parque Presidente Vargas se tornou um dos principais redutos do TCP em Fortaleza, como O POVO mostrou em setembro.
Parte dessas perdas foi selada em setembro último, mesmo mês em que a GDE virou TCP. Diante desse cenário, a faixa que vai do Siqueira ao Mondubim tornou-se um dos últimos bastiões do TCP na Capital — ao lado da comunidade da Colônia, na Barra do Ceará, e de partes do Vila Velha e do Jangurussu.
O CV passou a mirar essas áreas com mais afinco, visando estabelecer, de vez, sua hegemonia na Capital. Na antiga Regional V, a facção já atua em algumas comunidades do Bom Jardim e da Vila Manoel Sátiro.
Com isso, a Área Integrada de Segurança (AIS) 9 — que abrange Aracapé, Canindezinho, Conjunto Esperança, Jardim Cearense, Maraponga, Mondubim, Novo Mondubim, Parque Presidente Vargas, Parque Santa Rosa, Parque São José, Planalto Ayrton Senna, Prefeito José Walter e Vila Manoel Sátiro — passou a figurar entre as mais violentas de Fortaleza.
Desde 2021, a AIS 3 — onde estão Ancuri, Barroso, Coaçu, Conjunto Palmeiras, Curió, Guajeru, Jangurussu, Lagoa Redonda, Messejana, Parque Santa Maria, Paupina, Pedras e São Bento — lidera os índices de violência letal em Fortaleza.
Em 2025, porém, as AIS 3 e 9 apresentam números de homicídios semelhantes. Dependendo do que ocorrer nos últimos dias do ano, a região de Canindezinho, Conjunto Esperança e Mondubim pode ultrapassar a região de Grande Messejana, Jangurussu e Conjunto Palmeiras.
Até o último dia 17 de dezembro, dados da SSPDS indicavam que os 139 homicídios ocorridos na AIS 3 faziam dessa região a mais violenta de Fortaleza em 2025. A AIS 9, porém, vinha logo em seguida, com 137 assassinatos.
Diante desse deslocamento da mancha de homicídios para oeste — da AIS 3 para as AIS 2 e 9 —, resta saber quais serão as respostas da SSPDS.
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