Parece título de filme. Mas o enredo não seria fidedigno, dado o êxito, que vem da parte dos amigos do alheio, em sumir coperfieldianamente. Ademais, conferindo esse mesmo desfecho aos objetos surrupiados.

Bom, não havendo depoimentos, dos envolvidos nos sinistros, tampouco a devolução dos furtos em questão, seria uma película baseada em conjeturas. Surreal, talvez.

Usemos o clichê novelístico: "Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real, terá sido mera coincidência".

É bilionário o Mercado da Arte. Engloba estudiosos, apaixonados, mecenas, ambientadores, arquitetos, marchands etc. Além de interligar-se a uma teia de interesses, inclusive nacionalistas.

Existem prismas, em tons grises, nas matizes que compõem o segmento à baila: lavagem de dinheiro, roubos e furtos.

A consciência já pesou, portanto, a história registra algumas devoluções, efetuadas pelos próprios amigos do alheio. Como no caso de uma tela do Klimt, subtraído da Galeria Ricci Oddi.

Falsificação é um tema recorrente. Algumas vezes, o descrédito vem da parte de familiares, ávidos pela pecúnia, alheios à preservação do legado, da memória. É o conto da venda do gato por lebre. Ai de mim...

Certa feita, eu estava no Rio e, conversando com um lojista, da Siqueira Campos, descobri que, semanalmente, surgiam quadros do Raimundo Cela. Psicografia? Para quem acredita...

Chang dai-Chien, um luminar artista chinês, o Picasso Brasileiro, também ocupou o pináculo da fraude.

Feliz foi o Pollock, que ninguém conseguiu copiar. Seu gotejamento era sui generis.

Egípcios colocam pedras, na ração dos frangos, para que a moela, das aves, realize o envelhecimento mecânico. O faraó Tut deve se revirar do sarcófago.

Veio da Argentina: desconfie.

Não vou longe: quantas imagens, peanhas, mísulas, altares e pratas não foram rapinados? Preciosidades do Barroco, patrimônio nacional.

Na cola, desses sinistros, está o profícuo e respeitado FBI, possuidor da lista 'Top Ten Unsolved Art Crimes,' tatuada no Calcanhar de Aquiles da instituição.

A lista dos roubos

Chácara do Céu - O local abriga a coleção do saudoso numulário Raimundo Castro Maya. O que beberam os larápios, no Carnaval de 2011, com a venda das obras de Monet, Picasso, Matisse e Dali? Romanée 1945, talvez.

Maxfield Parrish - Meliantes, certamente mais de um, levaram dois painéis do pintor americano. Michael Jackson inspirou-se em Daybreak, para a produção do clipe para You Are Not Alone. O díptico foi encomenda para o home sweet home de Gertrude Withney, tia e tutora da fashionista Gloria Vanderbilt, do clã que enriqueceu com as ferrovias norte-americanas.

Davidoff Morine - O famoso violino, feito por Antonio Stradivari, em Cremona. (Se você encontrar um desses, escrito no corpo Antonius Stradivarius Cremonensis Faciebat, creia que é é falso, assim como grande número dos Gallés à venda, a maioria produzida na Romênia e alhures). O instrumento sumiu, após benfazeja visita, da residência da musicista Erica Morine, que encontrava-se 'in extremis'.

Museu Isabela Stewart Gardner - Um dos maiores roubos da contemporaneidade. O crime computa as subtrações de telas de Flink, Degas, Rembrandt e Vermeer. Isabela era uma afortunada novaiorquina, mecenas e iálianófila, tanto que muitos dos adornos do Isabela S.G. Museum (balaústres, colunas, muretas) foram trazidos de lá. Descobri que Isabela era amiga de um dos meus preferidos mestres em portraits: John Singer Sargent.

Residência em Houston - Furtado em setembro de 2011. Serve uma rima? Madeleine Apoiada no Cotovelo com Flores no Cabelo. Esse era o nome do óleo de Renoir. A curiosidade mata gato. Tentei, mas não descobri o nome do colecionador, que, por meio da narrativa do fato, tentou convencer o lárapio (segundo Barão de Itararé, o acrônimo de Lucius Antonuis Raffus Appius) que 'seria difícil empenhar ou fazer dinheiro com um Pierre Auguste Renoir'...

Ashmolean Museum - Um presente de Ano Novo: o sumiço de um Cézanne, aos 31 dias de dezembro, de 1999. Ìdolo de Picasso (precisa mais de carte de visite?), Paul Cézanne pintou Vista de Auvers-sur-Oise, um magnum opus, considerado divisor de águas na carreira do Pai da Modern Art.

Junho de 2007 - Criminosos retiraram um Van Mieris, da Art Galery New South Wales, em Sydney. Trata-se de um autorretrato de Mieris, em madeira, medindo 20x16. Em que pastos andará o Cavaleiro?

Van Gogh Museum - Em Amsterdã, no mês de dezembro de 2006, sumiram dois trabalhos do ilustre holandês, autor do Os Girassóis, nominados Vista do Mar de Scheveningen e Congregação Deixando a Igreja Reformada e Neuen. Favor pronunciar Van Hor.

Michelangelo...Merisi - O caso deve ser o mais antigo, datado de 1969, em Palermo. Na parede, do Oratório de San Lorenzo, só a triste lembrança do Presépio de Caravaggio com São Lorenzo e São Francisco. A minha aposta é a de que todos os casos poderiam ser resolvidos, com a exceção deste. É que na Sicília existe um ditado bem conhecido e super levado a sério: "Quem fala pouco, vive muito".

Foram quarenta?  - Após a invasão do Iraque, foram pilhadas muitas peças do Museu da Bagdad e de monumentos situados em vários locais do país, no ano de 2003. A estátua do rei Entemena, além de alguns cilindros, foram recuperados, mas a demanda é vultosa ao espólio artístico iraquiano.

Informações são mais que são bem-vindas, on line ou encaminhadas para as Embaixadas dos Estados Unidos da América.