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A estranha força da música
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Cantora, compositora, jornalista. Lançou sete CDs (Mona Gadelha, Cenas & Dramas, Tudo se Move, Salve a Beleza, Praia Lírica - um tributo à canção cearense dos anos 70 e Cidade Blues Rock nas Ruas); o EP Tudo se Move 20 Anos Depois e vários singles. Fez Comunicação Social na Universidade Federal do Ceará. É mestra em Comunicação (PPGCOM). Lançou o livro "Perfume Azul - Transgressão e Rock na Fortaleza dos Anos 70" (Edição FWA)

Mona Gadelha arte e cultura

A estranha força da música

Volto a escrever no O POVO+, agora de com uma regularidade mensal
Pira Coletiva se junta à apresentação da 12ª Mostra de Artes da Escola Porto Iracema das Artes (Foto: Micaela Menezes/divulgação )
Foto: Micaela Menezes/divulgação Pira Coletiva se junta à apresentação da 12ª Mostra de Artes da Escola Porto Iracema das Artes

Volto a escrever na plataforma do O POVO+ depois de duas experiências (em 2024 e 2023) fazendo a coluna Discografia a convite do querido Marcos Sampaio. Agora com uma regularidade mensal, trago minhas impressões de vida e arte, sobretudo musicais, para dividir com alegria e afinidade com o público leitor. Vamos nessa viagem!

A estranha força da música

Um compositor. Uma cantora-doutora. Um trio de experimentadores de alquimia sonora. Uma banda de rock. O Cariri instrumental. Uma rapper trans. Assim foi a 12ª Mostra de Artes da Escola Porto Iracema.

Todo ano mostrando a que veio (pra ficar!) e sua importância fundamental na cena cultural cearense.
Uirá dos Reis abriu a MOPI, ao lado de Gabriel de Sousa e Ivan Timbó, com seu “Vermelho & Preto”, em que experimenta uma combustão de música negra (techno, percussão de terreiro, funk-br) com sintetizadores e projeções. Má Dame, que esbanjou carisma, com JPreto e Marcus Au, mostrou “Codinome Rosatômica”, com participação do tutor, DJ Cia, um show de rap e as referências da Cultura Hip Hop (leia-se break, artes visuais e DJ, sem faltar a poesia e o passinho do reggae). Nego Célio também participou do projeto no Lab Música.

A Pira Coletiva, dos rapazes OTER.P, Lucas Montalto e SKILO, que recebeu no Lab Música a orientação (e des-orientação também, por que não?) do músico-pensador-compositor-produtor Russo Passapusso, chegou com sua alegria incendiária (desculpem a redundância!) para exibir o seu “Carnaval do Futuro (Sem Futuro)”. É rock e dub na pulsação nordestina do que eles chamam “rock massaférico”.

Inspirados pela Massafeira Livre, Movimento Armorial e cultura reggae, eles repassam as raízes latinas com a tradição e a reinvenção dançando junto. O passado batendo à porta para entendermos como chegamos até aqui.

Alcio Barroso, compositor conhecido de quem acompanhou os anos 80/90 da cena musical cearense, abriu sua gaveta e tirou todos os sonhos de lá com Iago Barroso, Guilherme Mendonça, Gabriel Vieira e a tutoria do cantor-compositor-produtor-pensador Romulo Fróes, com quem Alcio já começou a compor e dividiu o palco do São Luiz, mostrando uma bela canção . Ele também cantou com sua filha, a cantora e compositora Alice David, de quem falei no Blog Discografia em novembro de 2024. A música? “A Dor”, desta compositora que vos fala.

De Juazeiro e Sobral, respectivamente, os projetos de Robson Almeida e Simone Sousa, mostram a presença crescente destas cidades no Lab Música. Robson apresentou com o grupo Kariri Sax a “Música do Kariri”, com Luis Felipe, Caio Francys e Ana Priscila Mendonça, um concerto de sopros, fazendo emergir composições de grandes nomes da região - Liduino Pitombeira e Anderson Pessoa. E Simone Sousa, que dialogou com o músico-cantor-compositor paulista Douglas Germano na sua pesquisa na Porto Iracema, exibiu o show “Omi Onã”, com Jefferson Portela, João Marcos e Kelvin Mota.

Em sua “história de vida e construção de uma identidade”, a cantora que mora em Sobral e integra o movimento de artistas da cidade, incluindo Procurando Kalu e Moon Kenzo, ambas com passagem pelo Lab Música, diz que seu projeto “é sobre ancestralidade, amor, cura e fé, num caminho que flui, corre, se interrompe e recomeça, como a água”. Simone, que exaltou “o mar dentro de mim”, encantou com sua voz e presença no palco do Cineteatro São Luiz.

O ciclo se encerra, e recomeça, com mais projetos, fazendo desse período do ano uma safra sempre exuberante - são trabalhos que passaram por uma rigorosa seleção, incluindo uma audição para a comissão de curadores(as). Incluindo também neste período os outros Laboratórios de Criação (Artes Visuais, Dança, Cinema e Teatro), um total de 77 projetos. O Lab Música é coordenado por Rebeca Câmara.

Enquanto escrevia, comemoramos as grandes conquistas do grupo Pavilhão da Magnólia e de Jéssica Teixeira no Prêmio Shell - Destaque Nacional e Direção. Pavilhão com o espetáculo “A Força da Água”, desenvolvido no Lab Teatro da Porto, e Jéssica com “Monga”.

Laura ligada no Ceará

Lembro quando eu cheguei em São Paulo, em meados da década de 80. Rock brasileiro brasileiro troando nas rádios, TV, jornais e no sol das bancas de revistas. Os sons góticos do Bauhaus no lendário club Madame Satã eram uma das trilhas.

Meus amigos, virtuosos artistas visuais, Siegbert Franklin (1957-2011) e Maurício Coutinho já moravam lá há um tempo e longos telefonemas via Embratel me convidavam para desfrutar dessa aventura de ir embora para o eixo. Eu fui. E abri meus olhos para as novidades. Daí que Siegbert me falou: “tem uma artista muito interessante para você conhecer, que está cantando no Lira Paulistana, na Praça Benedito Calixto”. Quem é ela? Laura Finocchiaro.

Laura Finocchiaro(Foto: Divulgação/GAL OPPIDO)
Foto: Divulgação/GAL OPPIDO Laura Finocchiaro

Perdi o show, mas guardei o nome e fiquei ligada na Laura. Mais tarde nos tornamos amigas. Uma artista do time da resistência independente. Toca guitarra, compõe, canta, produz… opa! Falo de mais uma pioneira.

Sua trilha sonora para o filme “Onda Nova”, dos cineastas José Antonio Garcia e Ícaro Martins (o primeiro filme que vi deles e me apaixonei foi “O Olho Mágico do Amor”), acabou de re-estrear nos cinemas (em abril em cartaz no Cinema do Dragão, onde a curadoria de Fabio Rodrigues sempre nos surpreende e acolhe loucas por cinema como eu).

Laura faz um programa para a rádio web Antena Zero, “O Brasil de Laura” (às quintas, 23h, e reprise aos domingos às 10h). Na décima edição dedicou-se aos sons do Nordeste, sobretudo à música do Ceará, que ela acompanha desde sempre, chamando de “Fortalezas Sonoras”. Os programa podem ser ouvido AQUI.

Foto do Mona Gadelha

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