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Pisca-alerta ligado: cuidar do turismo
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Jornalista, colunista de Economia da rádio O POVO/CBN; Coordenador de Projetos Especiais do Grupo O POVO DE COMUNICAÇÃO; Co-Autor do livro '50 Anos de Desenvolvimento Industrial do Ceará' e autor dos 'Diálogos Empresariais', dois livros reunindo depoimentos de líderes empreendedores do Estado do Ceará

Pisca-alerta ligado: cuidar do turismo

O que pode ter ocorrido nesses dois anos e meio de Covid-19 a ponto de contaminar uma economia que chegou a pulsar alto vários anos, antes da pandemia?
Atenção e investimentos no turismo devem ser impulsionados para retomada do setor no futuro pós-pandemia  (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Atenção e investimentos no turismo devem ser impulsionados para retomada do setor no futuro pós-pandemia

Fortaleza perdeu a sua hegemonia de cidade líder do Nordeste como destino turístico preferido dos brasileiros. Caiu para o terceiro lugar, atrás de Recife e Salvador, após anos de cidade disputada e líder como preferência para as temporadas de férias. O que pode ter ocorrido nesses dois anos e meio de Covid-19 a ponto de contaminar uma economia que chegou a pulsar alto vários anos, antes da pandemia?

Há um ano atrás, aproximadamente, eu alertava o governo em comentário para as ameaças ao turismo que rondavam nosso estado. Pernambuco e Bahia anunciavam projetos ousados para recuperação do setor, reanimando o Trade após os meses de pandemia da Covid-19 que afetou essa economia em termos globais. As agências e operadoras de turismo promoveram com insistência pacotes para aqueles destinos, com apoio publieditorial da mídia.

O governo do Ceará, por seu turno, não se mexeu o suficiente, assistindo apenas aos movimentos do destino Jericoacoara, animado por voos diretos do sul para o aeroporto de Cruz, enquanto os hotéis e demais serviços em Fortaleza denunciavam uma queda de até 60% em seus faturamentos. A concessionária do Aeroporto amargava queda violenta nas rotas nacionais e internacionais.

Com a reabertura vieram os resultados. A retomada não veio na mesma intensidade, enquanto Rio, São Paulo, Recife e Salvador comemoravam o fluxo dos meses de março e abril passados. A recompensa de algumas estratégias de atração turística mexeu com o fluxo e afetou a nossa hegemonia.

Alguns eventos podem ter influído negativamente, além da ausência de novos acordos com operadoras e de campanhas publicitárias de sustentação do nosso Turismo. Citam-se acidentes no destino oeste com turistas, invasão das praias do litoral leste por enchentes de marés, retorno apenas pontual das rotas internacionais, com voos limitados, excesso de chuvas, passagens caríssimas para Fortaleza, viés de baixa do dólar, ausências de novas atrações e novidades, fortes chuvas e a inflação inquietante. Tudo isso pode afetar o movimento turístico.

Fontes da Abrasel, todavia, examinam a questão com um olhar mais estrutural. O setor enxerga o segmento como sensível a concorrência e a falta de organização verticalizada das diferentes atividades. Apontam como exemplos o amplo anúncio de praias proibidas para banho em plena semana santa, divulgado pela Secretaria do Meio Ambiente, denotando ausência sustentável de infraestrutura de redes de saneamento; e as obras inacabadas da beira-mar que já completam três anos, sem previsão de terminar, na região mais adensada de hotéis turísticos da cidade, observam.

A cidade, pegada de calças-curtas para o turismo, no primeiro trimestre, foi surpreendida pelos resultados anunciados pelos competitivos destinos de Recife e Salvador. Está na hora, portanto, de o governo do Estado reconquistar o terreno perdido depois de tantos indicadores de prosperidade registrados pelo setor na última década. Manter a imagem de um destino turístico custa caro, é verdade, mas as recompensas em empregos e serviços justificam. Além da autoestima econômica.

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