
Neila Fontenele é editora-chefe e colunista do caderno Ciência & Saúde do O POVO. A jornalista também comanda um programa na rádio O POVO CBN, que vai ao ar durante os sábados e também leva o nome do caderno
Neila Fontenele é editora-chefe e colunista do caderno Ciência & Saúde do O POVO. A jornalista também comanda um programa na rádio O POVO CBN, que vai ao ar durante os sábados e também leva o nome do caderno
.
Os médicos também caíram na armadilha do produtivismo exacerbado e da crença de que a maior parte dos problemas seria resolvida com alguns comprimidos. Mesmo após o pico da pandemia, muitos desses profissionais continuam apresentando um alto índice de adoecimento mental, manifestado em quadros de depressão, ansiedade e burnout.
Preocupada com essa situação, a Afya (plataforma de ensino voltada para o setor médico) criou a campanha "Bora se Cuidar", com o objetivo de promover uma reflexão sobre a saúde mental na Medicina.
Os números sobre o adoecimento chamam a atenção. A pesquisa "Qualidade de Vida do Médico" revela um dado alarmante: cerca de 45% desses profissionais apresentam algum quadro de doença mental, um aumento de 13% em relação ao ano anterior.
O médico Eduardo Moura, responsável pela pesquisa, participou do Ciência & Saúde da Rádio O POVO/CBN. Ele explica que parte dos problemas tem origem cultural. Há um esforço contínuo para ingressar na faculdade, manter-se no curso, passar nas residências médicas e, posteriormente, encarar uma longa jornada de trabalho que frequentemente ultrapassa 70 horas semanais. Além disso, existe uma pressão constante por excelência, o que favorece o esgotamento emocional.
Assim como em outras categorias profissionais, os problemas são mais acentuados entre mulheres e jovens. Eles sofrem mais com a sobrecarga de trabalho, mas também são os que mais procuram ajuda. Pelo estudo, 51,8% das médicas foram diagnosticadas com algum transtorno em 2025, um aumento significativo frente aos 46,8% do ano anterior.
"A Afya quer tornar essa jornada menos solitária e mais sustentável do ponto de vista emocional", acrescenta.
A pesquisa também avaliou o índice de adoecimento por região. No Nordeste, 39% dos médicos relataram algum quadro de doença mental. Desse percentual, 15% dos profissionais tinham acompanhamento ativo por depressão, enquanto 42% nunca apresentaram sintomas da doença.
Os quadros de ansiedade também são parte da rotina desses profissionais na região, mas apenas 24% estão em tratamento e 27% dizem nunca ter enfrentado o problema. Quanto à Síndrome de Burnout, 48% relatam nunca ter apresentado sinais da condição, o que representa o índice mais alto entre as regiões do País.
Segundo Eduardo Moura, os médicos sofrem de um problema comum na sociedade em geral: a automedicação, bem como uma resistência a terapias e à mudança no ritmo de trabalho, que garantiria uma maior qualidade de vida.
Ou seja, os médicos ainda não entenderam que precisam cuidar da própria saúde.
A inteligência artificial também deve promover uma revolução na área de saúde, facilitando o preenchimento de prontuários e deixando o médico mais livre para olhar para o paciente.
Esse será o tema do Congresso Outubro Médico, que será realizado pela Associação Médica Cearense, nos dias 10 e 11, no Centro de Eventos. A tendência é uma inclusão tecnológica maior e uma melhora no acompanhamento das pessoas que procuram consultas médicas, controlando mais a possibilidade de síndromes metabólicas.
A saúde no centro da discussão. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.