É o(a) profissional cuja função é exclusivamente ouvir o leitor, ouvinte, internauta e o seguidor do Grupo de Comunicação O POVO, nas suas críticas, sugestões e comentários. Atualmente está no cargo o jornalista João Marcelo Sena, especialista em Política Internacional. Foi repórter de Esportes, de Cidades e editor de Capa do O POVO e de Política
A capa do O POVO do dia seguinte ao julgamento do núcleo crucial da trama golpista viralizou despertando reações apaixonadas de leitores. Sejam as de aprovação, que foram maioria, ou as de crítica
Foto: Gil Dicelli / O POVO
Capa do O POVO na edição de 12 de setembro, dia seguinte à condenação de Jair Bolsonaro e aliados pela trama golpista
O ineditismo na história brasileira em ter um ex-presidente, dois de seus aliados e mais cinco militares de alta patente julgados e condenados no Supremo Tribunal Federal (STF) por crimes relacionados à trama golpista não poderia deixar de ser o principal assunto do País nos últimos dias. Com uma outra variação, as palavras “Bolsonaro condenado” acompanhadas dos “27 anos” de tempo da pena estamparam as manchetes dos periódicos de maior circulação.
A maioria dos jornais destacou fotos de um Jair Bolsonaro (PL) com semblante de desesperança tiradas na casa onde cumpre prisão domiciliar. Diante de um tema com tantas palavras-chave e imagens inescapáveis, o desafio para um jornal impresso é comunicar tal fato, com todo o peso histórico embutido nele, de maneira a fugir do convencional.
Foto: Gil Dicelli / O POVO
Capa do O POVO na edição de 12 de setembro, dia seguinte à condenação de Jair Bolsonaro e aliados pela trama golpista
A capa do O POVO na edição da última sexta-feira, 12 de setembro, dia seguinte às condenações do chamado “núcleo crucial” da trama golpista, foi um ponto fora da curva que não passou despercebida. A composição viralizou despertando reações apaixonadas de leitores. Sejam as de aprovação, que foram maioria, ou as de crítica.“Maravilhosa. Capa para colecionadores”, afirmou um seguidor do O POVO no Twitter. “Eu pegaria um voo até Fortaleza só para buscar essa capa”, comentou outro em tom de brincadeira na mesma rede social. “Senhora capa”, resumiu outra seguidora, em expressão que foi repetida muitas vezes nos comentários do Instagram.
Em menor número, houve também os que não demonstraram apreço pela capa, cobrando do jornal um tom mais crítico ao julgamento no STF. “Voto do Fux disse tudo. Ser julgado pelo ex-advogado e ex-ministro do adversário político, não é nada democrático”, protestou um seguidor no Instagram ao criticar o uso da palavra “Democracia”.
O POVOpublicou matéria no portal na noite de sexta-feira sobre a "capa viralizada", indicando como o leitor poderia fazer o download da peça. Para além das preferências políticas, da satisfação ou da insatisfação com o veredito, há elementos que compõem toda uma semiótica na capa. Editor-chefe do Núcleo de Design do O POVO, Gil Dicelli explica detalhes da concepção aplicada.
“A capa transforma a notícia em um manifesto visual, um pôster. A palavra DEMOCRACIA aparece gigante, em caixa alta, como uma estrutura sólida, enquanto o ex-presidente surge pequeno e isolado lá embaixo. O slogan invertido — ‘Acima de tudo’ — partiu do diálogo que se deu com a diretora de jornalismo, Ana Naddaf, e mostra que quem está acima de tudo é a democracia, não um político ou um grupo. O branco ao redor dá respiro e destaca esse contraste. É uma capa-cartaz: simples, de defesa do que é mais caro a nós, a democracia e, claro, um registro histórico”, aponta Gil Dicelli.
“Quiçá a complexidade na elaboração de uma capa, nestes tempos de cultura visual e mídias digitais, é entender que o impresso chegará no dia seguinte dos fatos. Portanto, é preciso sair do óbvio e contextualizar de maneira a impactar o leitor, a incentivar a leitura da edição. Tarefa mais complexa ainda é traduzir uma ideia à primeira vista, como a capa de sexta”, considera Ana Naddaf, sobre o desafio de elaborar uma primeira página referente a um evento histórico que fuja do lugar comum.
Na cobertura multiplataforma, impresso ficou devendo
Se a capa da edição do O POVO da última sexta-feira causou impacto, as matérias referentes ao julgamento da trama golpista publicadas no impresso não foram muito além do básico. Boa parte produzidos por agências, os textos via de regra primaram por uma descrição mais factual dos votos dos ministros. As principais informações do julgamento estavam lá, mas sem a devida profundidade analítica quanto às suas implicações.
Diferente da série de reportagens publicadas no O POVO+, streaming de jornalismo exclusivo para assinantes. Menção especial para os textos produzidos pela equipe do O POVO+ e dedicados aos votos dos ministros. Para cada um dos cinco magistrados da Primeira Turma do STF, um texto a esmiuçar os argumentos apresentados, com comentários de analistas políticos e jurídicos sobre as decisões.
Caminho semelhante ao tomado nas plataformas de Audiovisual e Mídias Sociais, que tiveram participação intensa na cobertura. Num aspecto mais factual, o Instagram do O POVO fez bom acompanhamento das sessões, salientando cortes de vídeos com as principais falas dos ministros. No Youtube, o programa O POVO News transmitiu as sessões intercalando com análises nos intervalos.
Surpreendente seria se os atos em favor do ex-presidente reunissem opositores a ele. Ou se o julgamento no STF e o PL de Anistia não centralizassem a pauta. Mais proveitoso, do ponto de vista jornalístico, seria destacar a subida de tom em defesa de Bolsonaro feita pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), no ato da Avenida Paulista.
Os perigos de minimizar o absurdo
O influenciador da extrema-direita nos EUA Charlie Kirk morreu na última quarta-feira, 10, em atentado com arma de fogo no estado de Utah. O assunto teve repercussão discreta no O POVO. No impresso, apenas uma matéria na edição do dia seguinte, sem menções ao caso na sexta-feira, quando esta coluna do ombudsman é fechada. No portal, o tema está restrito aos conteúdos de agência.
Apoiado por Kirk, Donald Trump falou bem mais e pareceu bem mais crítico a esse caso do que em relação à condenação no Brasil do também aliado Jair Bolsonaro. Nos EUA, o assassinato de Kirk foi o principal assunto, com o temor que a violência política escale no país.
Uma fala tão inadequada que gera incômodo também pela normalização com a qual é tratada no título, sem qualquer problematização. O enunciado começa dando a entender que o parlamentar preserva algum respeito com alguém que pensa diferente dele (“desaconselha orações pela morte de Lula”) para em seguida arrematar com o absurdo contado às gargalhadas dos presentes, como descreve o texto.
É o tipo de declaração que desconsidera qualquer sentido de alteridade, simbolizando a negação da política por meio da pura e simples aniquilação do outro. O perigo de normalizar falas do tipo é de que pessoas com ideias extremistas - como as que Charlie Kirk defendia e seu algoz provavelmente defende - passem a procurar soluções que na cabeça delas “deem certo”, segundo essa lógica.
Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página
e clique no sino para receber notificações.
Esse conteúdo é de acesso exclusivo aos assinantes do OP+
Filmes, documentários, clube de descontos, reportagens, colunistas, jornal e muito mais
Conteúdo exclusivo para assinantes do OPOVO+. Já é assinante?
Entrar.
Estamos disponibilizando gratuitamente um conteúdo de acesso exclusivo de assinantes. Para mais colunas, vídeos e reportagens especiais como essas assine OPOVO +.