
Rachel Gomes é jornalista, mãe da Serena e da Martina e produz podcasts de maternidade há cinco anos. Em 2022, deu início ao MamyCast, primeiro podcast de maternidade do Ceará, onde aborda pautas informativas sobre maternidade, gestação e infância
Rachel Gomes é jornalista, mãe da Serena e da Martina e produz podcasts de maternidade há cinco anos. Em 2022, deu início ao MamyCast, primeiro podcast de maternidade do Ceará, onde aborda pautas informativas sobre maternidade, gestação e infância
O nome do termo já fala por si. Adultizar significa, de fato, inserir a vida adulta (de alguma forma ou de muitas formas) na vida de uma criança.
De acordo com a neuropsicóloga infanto-juvenil e Orientadora Parental, Tamara Maia, “a adultização precoce é a anulação do direito a ser criança. É quando os adultos facilitam e colocam elementos que fazem parte do repertório do adulto já no universo da criança. Isso pode envolver práticas, estilos de vida, conteúdos em geral, ou seja, é tudo aquilo que não combina com infância, mas que está sendo colocado de uma forma muito normalizada nesta fase”.
E isso pode começar muito cedo. Muito mesmo. Pode começar com os bebês, quando adultos vestem bebês com roupas de adultos. É fofo? Talvez. Mas, pra eles, é confortável? Façamos sempre esse questionamento.
Adultizar também é inserir músicas, filmes, conteúdos de adultos na vida das crianças. Mas eu faço questão de militar contra radicalizar isso e ficarmos reféns. Adultos criam crianças, então, em algum momento esse contato pode acontecer, é normal. O que não devemos normalizar é que isso se torne um hábito, ou, mais grave: um incentivo.
Após a repercussão do vídeo do influenciador Felca, que denunciou crimes concretos que aconteciam de forma explícita há anos e sem nenhum julgamento público, muitas discussões surgiram em torno do assunto. O que é maravilhoso.
Felca usou sua função - nesse caso correta- de influenciador para influenciar de verdade. Inseriu um tema importantíssimo desde o Congresso até a mesa de bar. Palmas para o Felca!
Mas é importante falarmos sobre os riscos e problemas da adultização, de forma prática, e principalmente no longo prazo.
Segundo Tamara Maia, as consequências negativas da adultização infantil se dividem entre o campo psicológico e o social:
“Psicologicamente, crianças podem desenvolver ansiedade, depressão, dificuldades na socialização e problemas com a autoimagem. Socialmente, tendem a se isolar ou buscar relações apenas com adultos. No desenvolvimento, perdem etapas importantes, como o brincar, essencial para seu crescimento. Além disso, tornam-se mais vulneráveis a abusos, por não reconhecerem ou imporem limites”.
Se você de alguma forma não via mal algum em comprar uma roupa não adequada para sua filha (e aqui eu falo diretamente para mães e pais de meninas), ou em vê-la dançando uma música de funk com letras inapropriadas achando que ela não ia entender e que por isso não há mal algum, é hora de recalcular a rota, repensar condutas e hábitos e prezar pela proteção dos nossos filhos.
Eles precisam de nós. Há muita gente interessada em roubar infâncias, tanto por dinheiro quanto por maldade, portanto, eu repito: é urgente a proteção da infância.
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