No deserto do bom senso, a exploração infantil nas redes
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Sou jornalista de formação. Tenho o privilégio de ter uma vida marcada pela leitura e pela escrita. Foi a única coisa que eu fiz na vida até o momento. Claro, além de criar meus três filhos. Trabalhei como repórter, editora de algumas áreas do O POVO, editei livros de literatura, fiz um mestrado em Literatura na Universidade Federal do Ceará (UFC). Sigo aprendendo sempre. É o que importa pra mim
No deserto do bom senso, a exploração infantil nas redes
O vídeo "Adultização", do influencer Felca, trouxe à tona uma denúncia incontornável sobre como o sistema de monetização das redes sociais está destruindo o futuro de crianças e adolescentes, favorecendo crimes contra a infância e expandindo a pedofilia
Foto: Reprodução/ redes sociais
Natural de Lodrina, no Paraná, Felca começou sua carreira na internet em 2012
O mundo parece que fica cada vez mais estranho e incompreensível. O motim na Câmara dos Deputados com a ocupação da Mesa Diretora da Casa por um dia e meio é uma das coisas mais bizarras num ambiente democrático.
A insistência da crueldade na Faixa de Gaza, com a data limite para que os habitantes deixem a região é um negócio tão medonho que estou atrás de uma palavra que dê conta de tamanha barbaridade contra a vida de milhares de pessoas já estão há quase dois anos sob o fogo desumano de Israel e a irresponsabilidade do Hamas. Salvar pessoas inocentes em Gaza é uma das principais causas humanitárias dos nossos dias.
A decisão de Donald Trump de expulsar moradores de rua de Washington e usar a Guarda Nacional para “limpar” a capital do país, usando para isso dados antigos sobre os índices de violência, demonstra que os acontecimentos recentes com repercussões certas exigem muita serenidade e paciência com o curso dos dias.
No entanto, apesar de todo esse visível desmantelo, o vídeo do influencer Felca, “Adultização”, é de longe, a temática mais urgente sobre a qual devemos nos debruçar.
O modelo de funcionamento das chamadas redes sociais e YouTube é um negócio tão horroroso que parece que nos anestesia a ponto de só vermos o que nos interessa. Se estamos nos divertindo e usando as redes de forma pueril, parece que é o suficiente. Mas não é.
E Felca mostrou como pessoas adultas exploram crianças nas redes sociais, incluindo pais e mães, desde os que postam “fotos fofas” dos filhos que podem cair na malha dos pedófilos, até a produção em escala de conteúdo sexualizado, destruindo o futuro de crianças e adolescentes.
Não é possível que apenas depois da denúncia de Felca, todos os fatos narrados e mostrados por meio de vídeos se tornaram conhecidos por várias pessoas que poderiam agir em favor da proteção da infância e da adolescência.
O caso do influencer Hytalo Santos, da Paraíba, é um exemplo de como é possível explorar crianças e adolescentes nas redes por anos a fio, ter 12 milhões de seguidores apenas no Instagram e ninguém se dar conta de que o que rapaz chama de “família”, talvez pode ser enquadrado como crime.
Até a última segunda-feira, já havia na Câmara dos Deputados sete (tardios) projetos que visam proteger crianças e adolescentes e criminalizar práticas abusivas contras esse público nas redes.
Felca ataca o coração desse sistema perverso que monetiza a crueldade contra animais, a exploração infantil, crimes de abuso virtual, tortura e estupro de crianças, misoginia, ataques e ódio contra as mulheres.
O mundo não está bizarro, está quase um deserto. Nunca foi tão importante cuidar do pouco que ainda nos resta. Mesmo se o que nos resta for a capacidade de nos indignar com os inocentes de Gaza e com quem explora a infância.
Após denúncias de Felca, Hytalo Santos é banido do Instagram e do TikTok
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