Mulheres e a Prefeitura de Fortaleza: somos maioria, mas seremos prioridade?
Sara Oliveira é repórter especial de Cidades do jornal O Povo há 10 anos, com mais de 15 anos de experiência na editoria de Cotidiano/Cidades nos cargos de repórter e editora. Pós-graduada em assessoria de comunicação, estudante de Pedagogia e interessadíssima em temas relacionados a políticas públicas. Uma mulher de 40 anos que teve a experiência de viver em Londres por dois anos, se tornou mãe do Léo (8) e do Cadu (5), e segue apaixonada por praia e pelas descobertas da vida materna e feminina em meio à tanta desigualdade.
As mulheres fizeram a diferença nas Eleições 2024 em Fortaleza. Maioria do eleitorado, 54,93%, foram protagonistas nas campanhas dos candidatos, principalmente no segundo turno. Foco das propostas apresentadas, este segmento social foi trabalhado em tom acolhedor e de efetivação de políticas públicas. Afinal, são elas que mais utilizam os serviços sociais, de saúde e educação executados pela Prefeitura.
As políticas voltadas a mulheres estiveram presentes em números, declarações e promessas dos diferentes candidatos do processo eleitoral deste ano, tanto às prefeituras como para as câmaras municipais.
De acordo com o plano de propostas de Evandro, além das ações que perpassam os serviços relacionados a crianças e saúde, um programa municipal de proteção e apoio à mulher vítima de violência doméstica ou familiar é pensado para “ampliar, estruturar e qualificar a rede de prevenção e atendimento às mulheres em situação de violência de modo integrado às políticas estaduais e federais”.
Na área econômica, a chapa ganhadora propõe “implementar qualificação profissional para mulheres chefes de família”. A temática Mulher foi um dos 23 temas abordados pela proposta de gestão de Evandro Leitão e Gabriela Aguiar. Uma delas, porém, que não está neste documento, a criação de uma secretaria das mulheres.
O prefeito eleito da Capital disse, em sabatina realizada pelo O POVO, que pretende criar uma pasta que trabalhe as políticas públicas de mulheres. O fato de a temática dos direitos e da equidade de gênero estar representada por uma pasta, dentro de uma estrutura de administração municipal, precisa significar, acima de tudo, prioridade. Não pode ser apenas organogramas, cargos e eventos.
Precisa estar em orçamento de forma justa, ter equipes técnicas e conhecedoras da realidade, apresentar capacidade de investimento em iniciativas e de execução das políticas já existentes. Não pode ficar apenas na campanha. Precisa ir além da gestão, ser uma estrutura governamental fixa, a ponto de conseguir diagnosticar, implementar e ampliar políticas públicas eficazes de curto, médio e longo prazos.
No Governo do Estado, pasta criada há pouco mais de um ano, que tem como titular a vice-governadora, Jade Romero (MDB), tem muito trabalho ainda a fazer. E se a proposta de campanha da nova gestão de Fortaleza for cumprida, que os órgãos consigam trabalhar em conjunto, complementando competências e diversidades de forma mais ampla e profunda. Que não haja hiatos de ações e desperdício dos diferentes recursos.
As mulheres estarão monitorando, fiscalizando e cobrando o que foi prometido. A pauta não retrocede, não há tempo a perder. Os avanços conquistados com muita luta precisam ser valorizados e trabalhados com afinco e vontade política. É preciso romper os padrões da própria estrutura governamental, fortificando a cultura sobre igualdade de gênero nos organismos públicos. Deixo aqui a pergunta que, espero, inquiete o futuro novo prefeito e a futura vice-prefeita de Fortaleza: as mulheres são maioria, mas serão prioridade?
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