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Gente, histórias e aprendizados: Fortaleza é mais do que fogos e medo
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Sara Oliveira é repórter especial de Cidades do O POVO há 10 anos, com mais de 15 anos de experiência na editoria de Cotidiano/Cidades nos cargos de repórter e editora. Pós-graduada em assessoria de comunicação, estudante de Pedagogia e interessadíssima em temas relacionados a políticas públicas. Uma mulher de 40 anos que teve a experiência de viver em Londres por dois anos, se tornou mãe do Léo (8) e do Cadu (5), e segue apaixonada por praia e pelas descobertas da vida materna e feminina em meio à tanta desigualdade

Sara Oliveira comportamento

Gente, histórias e aprendizados: Fortaleza é mais do que fogos e medo

Barra do Ceará, Vicente Pinzón, Jangurussu, Papicu. Bairros que contam as histórias de uma Fortaleza que é mais do que fogos e medo

Fortaleza fará 300 anos em 13 abril de 2026. Há 16 anos na cobertura jornalística de Cidades, vejo, escuto e vivo a Capital de diferentes formas. Já andei muito no sol quente das calçadas alencarinas, entrevistando, fotografando, reportando. Só assim conheci além do meu condomínio e dos caminhos diários. Convido você a fazer o mesmo.


O ventinho que corre nessa época do ano faz o fim de tarde ser ainda mais bonito na Barra do Ceará. O pôr do sol, a ponte, o Albertu's, os motéis com nomes engraçados… conheci a Barra, o Marco Zero, o Morro Santiago, o Cuca.

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Vi o calçadão do Vila do Mar, hoje espaço para o cooper de senhorinhas, ser ocupação irregular, esgoto a céu aberto, onda quebrando dentro de casa.


Descobri, no Vicente Pinzón, como os projetos sociais movidos pelas comunidades mudam o presente e o futuro de centenas de crianças e adolescentes. Iniciativas capazes de transformar realidades até então imutáveis. Aprendi que voluntários, sonhos, doações e a perseverança das mulheres podem fazer o que deveria ser responsabilidade das políticas públicas.

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No Jangurussu, bairro castigado pela pobreza e violência - e estigmatizado socialmente -, contei a história de catadores que se uniam para organizar e fazer da coleta de lixo sinônimo de mais sustentabilidade e cooperativismo.


O ir e vir pelas muitas vias da Capital também sempre esteve entre as pautas diárias. Apuração no terminal do Papicu era a possibilidade de entender e retratar as principais demandas dos trabalhadores fortalezenses. E a chance de ver o fluxo do dia seguir na correria e com os detalhes da capital mais populosa do Nordeste.

Pertinho, na Cidade 2000, as alamedas das Violetas, dos Crisântemos e das Orquídeas me encantaram. Travessas onde, apesar do aperto, tem criança brincando de patins e vizinhos se ajudando. A pracinha do bairro se tornou até polo gastronômico que recebe gente do outro lado da Cidade.


Os bairros citados viram, na última semana, fogos de artifício sinalizarem perigo. Pessoas sem sair de casa, mais muros marcados, muitas matérias sobre homicídios. Era como se pudessem tomar a vida da Cidade.


Uma vez, em um dos aniversários de abril, comparei a Capital a um coração. Órgão que é dividido em duas bombas que, juntas, dão função ao músculo, especializado em bombear sangue para todo o corpo, levando oxigênio e nutrientes.


Na analogia, vi ruas, pessoas, vizinhos, vidas, compartilhamentos, aprendizados. Que saíam das histórias de superação, dor e conquistas que ouvi. Dos banhos de mar que vivi, da rotina dos diferentes espaços e depoimentos que reportei em matérias, artigos e conversas.


Que tenhamos a certeza que Fortaleza é mais do que fogos e medo!

Foto do Sara Oliveira

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