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A Estação do trem e o centenário
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Tânia Alves é formada em jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Começou no O PCeará e Política. Foi ombudsman do ornal por três mandatos (2015, 2016 e 2017). Atualmente, é coordenadora de Jornalismo..

A Estação do trem e o centenário

Os sonhos de um poeta e de uma mestranda trouxeram para o Centenário de Reriutaba, completo no dia 25 de setembro passado, a história da Estação do Trem. Ela está se deteriorando, mas ainda faz parte do imaginário dos sonhadores
Estação ferroviária de Reriutaba em 1893 (Foto: Acervo da Rede de Viação Cearense/reprodução Facebook)
Foto: Acervo da Rede de Viação Cearense/reprodução Facebook Estação ferroviária de Reriutaba em 1893

Nos 100 anos de emancipação de Reriutaba, o poeta-professor sonhou, em crônica do livro "Nossa Taba", que a Estação do Trem da Cidade seria iluminada em dezembro com luzes de Natal. A mestranda de história da Uece, que veio de lá, também sonhou com a ferrovia e mostrou, em uma exposição no colégio Raimundo Mesquita (RM), durante as comemorações do centenário, uma foto de 1893, que ela descobriu no acervo da Rede de Viação Cearense, quando a cidade ainda se chamava Santa Cruz. Portanto, ela tem mais história do que o próprio município. 

O poeta-professor e a aluna da universidade mostram que estão sintonizados com aquilo que é mais essencial em uma cidade: o sentimento de pertencimento; de saber sentir o que emana das ruas da cidade onde se nasceu. Os dois honram o passado, reconhecendo a importância dele na formação do hoje, e compreendendo que ainda existem mudanças que virão. 

Como os dois, eu também me volto para a estação como um dos prédios mais simbólicos de nossa história. De lá já senti saudades nas partidas daqueles que eram obrigados a ir embora. Mas também, na extensa calçada daquele prédio, que hoje está sendo destruído aos poucos, vi a alegria ninar quem acordava de madrugada para receber seus parentes, amores ou visitantes. Seguindo os trilhos, é para lá que ainda caminho em passeios de tardezinha sempre que volto para alguma visita.


Sinto que a Estação do Trem e a Igreja Matriz são pontos de encontro de amor com a Cidade. Daqueles que sonham e são capazes de retribuir tudo que ela foi capaz de dar em afetos e carinhos. São sentimentos que ficam perenemente. São pessoas que vão para o mundo, mas são capazes de voltar e continuar se emocionando com a efervescência daquilo que vale a pena.

Entendo, porém, quem não é capaz de captar este sentimento. Estes são diferentes. Enxergam na Estação do Trem ou na Igreja Matriz apenas um prédio velho sem nenhum sentido, capaz de ser destruído ou modificado para surgir uma nova edificação, que eles consideram mais "moderna". Este novo prédio contará também uma história da Cidade, mas não será de todos, pois fruto de um sonho individual de quem pode comprar. 

 

 

Foto do Tânia Alves

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