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Plano Diretor teve "falta de diálogo da base com movimentos", diz petista
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Plano Diretor teve "falta de diálogo da base com movimentos", diz petista

Segundo Deodato Ramalho o desalinhamento da bancada municipal do Partido dos Trabalhadores na votação do texto foi reflexo da contradição interna do partido
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Professora Adriana Almeida e Mari Lacerda em feijoada com militantes no Conjunto Esperança (Foto: Nut Pereira/Assessoria Campo de Esquerda)
Foto: Nut Pereira/Assessoria Campo de Esquerda Professora Adriana Almeida e Mari Lacerda em feijoada com militantes no Conjunto Esperança

Petistas alinhados ao Campo de Esquerda reconheceram o desalinhamento da base aliada ao prefeito Evandro Leitão na votação do novo Plano Diretor. Em entrevista à Vertical, nesta segunda-feira, 1º, o superintendente do Ibama e petista histórico, Deodato Ramalho, afirmou haver “uma falta de diálogo da base com o movimento”.

“Não é que eu diga que foi desvirtuado, talvez tenha faltado por parte da Câmara, especialmente da base e do próprio prefeito, uma articulação para encontrar ali uma um meio termo, nem tanto ao mar, nem tanta terra”, diz.

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O petista segue em defesa do equilíbrio de interesses: “Algumas questões que poderiam ter sido equacionadas, sem anular tudo que foi colocado pelo pelo movimento, mas também sem fazer uma coisa tão fechada que pudesse inviabilizar as situações. Elas poderiam perfeitamente ser compatibilizadas com o texto do desenvolvimento da cidade e com o interesse ambiental”.

A aprovação do novo documento que define as diretrizes de desenvolvimento econômico, social e ambiental de Fortaleza para os próximos dez anos se deu em um processo conturbado na Câmara dos vereadores, sob protestos e cobrança de transparência pela minoria dos parlamentares. Críticas se direcionavam, principalmente, à construção de dois “emendões” que alteravam pontos-chave aprovados na última Conferência da Cidade e nas audiências públicas.

Projeto original oriundo da Conferência obteve 36 votos favoráveis e três contrários. Já o parecer das emendas, elaborado pelo vereador Bruno Mesquita (PSD) – relator e líder do governo Evandro Leitão (PT) – teve placar de 37 votos favoráveis a três contrários, pelos vereadores Gabriel Aguiar (Psol), Adriana Gerônimo (Psol) e Mari Lacerda (PT).

Segundo Deodato, o racha na bancada do PT, com 3x1 dos votos em favor das alterações pelo grupo, é um reflexo da “contradição” interna da sigla. “Acho que isso é fruto dessa contradição que temos dentro do próprio PT. Nós, tradicionalmente, éramos um partido que as bancadas sempre se reuniam, tiravam um posicionamento comum, mas isso gradativamente vem sendo abandonado, ou há também um problema de governabilidade”, avalia.

Nesse sentido, o petista aponta falta de articulação da bancada mesmo com setores fora do parlamento. “Infelizmente, o partido está muito congressual. Os gabinetes dos parlamentares têm um protagonismo maior do que o próprio partido e tal. Por exemplo, nós temos um setorial de meio ambiente (...) Mas, infelizmente um setorial desse acaba não sendo chamado para ter uma discussão com a bancada, para encontrar o melhor caminho”, aponta.

Representante do setor ambiental estadual e membro da executiva do PT Fortaleza, Rafael Tomyama informa sobre o posicionamento contrário de correntes do Campo de Esquerda em relação as modificações do Plano, mas que obteve apoio de vereadora Adriana Almeida (PT), do mesmo campo ideológicco.

Líder do PT na Casa, Mari Lacerda foi contrária, no entanto, não recebeu as demais organizações petistas para oficialização do posicionamento, argumenta Rafael.

“Na representação desse bloco (Campo de Esquerda), a minha organização teve uma visão crítica ao emendão, que é a posição que foi assumida pela Mari. Já a posição da Adriana Almeida, que também faz parte do Campo, foi uma posição a favor do Emendão e alinhada com a posição do Evandro. Houve uma discussão interna dentro do próprio Campo de Esquerda e isso dificultou ainda mais ser pautada essa discussão lá”, explica o processo interno.

Mesmo sem participação oficial, o setor ambiental do partido apresentou as problemáticas em torno do Plano e de suas emendas posteriormente protocoladas, segundo Rafael. “Embora não tenhamos tido uma atuação enquanto setorial de meio ambiente, houve reuniões nossas, entre as pessoas militantes, com a bancada, em que as informações técnicas foram passadas. Foi informado as questões que estavam envolvidas na aprovação das emendas, de tudo que o plano já trazia de problemas e o que foi acrescido com as emendas”, diz.

 

 

por Camila Maia - Especial para O POVO

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