Vladimir Nunan é CEO da Eduvem, uma startup premiada com mais de 20 reconhecimentos nacionais e internacionais. Fora do mundo corporativo, é um apaixonado por esportes e desafios, dedicando-se ao triatlo e à busca contínua pela superação. Nesta coluna, escreve sobre tecnologia e suas diversidades
Por que a física quântica é o maior desafio da humanidade até hoje?
Hoje, aprendemos essas etapas na escola como se fossem naturais. Mas todas foram barreiras enormes em seu tempo. A física quântica é apenas a próxima delas. E talvez a mais difícil de todas
Foto: Imagem gerada por IA
Os desafios da física quântica
Imagine tentar entender o mundo apenas contando brinquedos. Um, dois, três. No começo da humanidade, isso já era um avanço gigantesco. Contar significava sobreviver: saber quantos animais havia no rebanho, quantos dias faltavam para a colheita, quantas pessoas estavam na tribo.
A matemática nasceu assim, simples, concreta, ligada ao que os olhos viam e as mãos tocavam. Durante milhares de anos, a humanidade avançou passo a passo, sempre criando ferramentas para explicar melhor a realidade. Cada nova etapa parecia difícil no início, mas depois se tornava comum.
Hoje, aprendemos essas etapas na escola como se fossem naturais. Mas todas foram barreiras enormes em seu tempo. A física quântica é apenas a próxima delas. E talvez a mais difícil de todas.
Primeira fase: contar o que existe
A primeira matemática era apenas contagem. Somar e subtrair. Quantos objetos existem? Quanto sobrou? Quanto falta? Essa matemática funcionava porque o mundo parecia simples. Uma pedra era uma pedra. Um animal era um animal. Tudo tinha tamanho, peso e lugar.
Para uma criança, essa matemática faz sentido imediatamente. Dois brinquedos mais dois brinquedos viram quatro brinquedos. Nada estranho acontece. Durante muito tempo, achamos que o universo inteiro funcionava assim.
Segunda fase: medir o mundo
Depois, percebemos que contar não era suficiente. Precisávamos medir. Quanto mede esse terreno? Quanto tempo dura o dia? Qual a distância entre duas cidades? Surgem então as frações, as medidas, os números maiores, o zero.
Essa fase já começa a confundir um pouco. Como algo pode ser “meio”? Como algo pode valer “zero”? Mas ainda assim, tudo continua ligado ao mundo visível.
Essa matemática permitiu construir casas, pontes, cidades e mapas. O mundo continuava previsível.
Terceira fase: descobrir padrões invisíveis
Mais tarde, a humanidade percebeu que existiam padrões que não eram tão óbvios. Surgiu a álgebra. Letras passaram a representar números. Algo estranho para quem estava acostumado apenas a contar coisas reais.
“Por que uma letra pode valer um número?”, “Como algo que não vejo pode ser calculado?”.
Mas essa fase permitiu algo incrível: prever o futuro. Resolver problemas antes que eles acontecessem. A humanidade começou a antecipar resultados.
Quarta fase: explicar o movimento e as forças
Então veio a física clássica, com nomes como Newton. Aqui nasce a ideia de que o universo funciona como uma grande máquina. Tudo tem causa e efeito. Se você empurra algo, ele se move. Se solta, ele cai. Se bate, quebra.
Essa física parecia perfeita. Se você souber a força, o peso e a velocidade, pode prever exatamente o que vai acontecer. O mundo virou um relógio gigante.
Essa ideia foi tão poderosa que dominou a ciência por séculos. Até hoje, carros, prédios, aviões e pontes funcionam com base nela. Parecia que a humanidade tinha finalmente entendido o universo. Mas não tinha.
Quinta fase: quando o mundo pequeno não obedece às regras
Quando os cientistas começaram a olhar para coisas muito pequenas, menores do que átomos, tudo que era “normal” começou a falhar. As regras quebraram.
As partículas não se comportavam como bolinhas. Elas se comportavam como ondas. Às vezes eram uma coisa. Às vezes outra. Às vezes as duas ao mesmo tempo.
Era como se uma bola estivesse em dois lugares diferentes ao mesmo tempo. Algo impossível para nossa cabeça. Essa é a Física Quântica.
Por que a física quântica confunde até adultos
A física quântica não é difícil porque tem contas complicadas. Ela é difícil porque ela quebra o jeito humano de pensar:
Algo pode existir e não existir ao mesmo tempo.
Algo pode estar em vários lugares ao mesmo tempo.
Observar muda o resultado.
O resultado só aparece quando alguém olha.
Não existe certeza, apenas probabilidade.
Isso é muito estranho. Nosso cérebro foi treinado por milhares de anos para acreditar que as coisas são ou não são. Que estão aqui ou ali. Que acontecem agora ou depois. A física quântica diz: não é bem assim.
Um exemplo que até uma criança entende
Imagine uma moeda girando no ar. Enquanto ela gira, não é cara nem coroa. Ela é as duas coisas ao mesmo tempo. Só quando cai na mão é que vira uma coisa só.
No mundo quântico, as partículas vivem girando o tempo todo. Elas só “decidem” o que são quando alguém observa. Antes disso, são possibilidades. Isso muda tudo.
Por que essa é a nova barreira da humanidade
A humanidade sempre avançou quebrando barreiras mentais. Aceitar o zero foi uma. Aceitar números negativos foi outra. Aceitar que a Terra gira em volta do Sol foi uma enorme barreira.
A física quântica é a próxima porque ela exige algo ainda mais difícil: aceitar que o universo não funciona do jeito que parece. Ela desafia:
Nossa lógica.
Nossa linguagem.
Nossa ideia de verdade.
Nossa noção de controle.
Por isso, ela é tão difícil de ensinar, entender e aceitar.
Por que ela é tão importante para o futuro
Apesar de estranha, a física quântica já está mudando o mundo. Ela está por trás:
Dos computadores quânticos.
Da internet segura do futuro.
De novos materiais.
De avanços médicos.
De sensores ultra precisos.
Da inteligência artificial mais avançada.
Tudo isso acontece porque, no nível mais profundo, a realidade é quântica. Quem entender isso primeiro, avança mais rápido.
A barreira não é tecnológica, é mental
A maior dificuldade da Física Quântica não é construir máquinas. É mudar a forma como pensamos. Nosso cérebro gosta de certezas. O mundo quântico oferece probabilidades.
Nosso cérebro gosta de respostas simples. O mundo quântico oferece paradoxos. Nosso cérebro gosta de controle. O mundo quântico funciona com incerteza. Aceitar isso é o verdadeiro desafio.
Por que crianças entendem melhor que adultos
Curiosamente, crianças entendem ideias quânticas melhor que adultos. Elas ainda não estão presas à lógica rígida do “ou isso ou aquilo”. Para elas, algo pode ser mágico, duplo, indefinido.
Adultos têm mais dificuldade porque passaram a vida inteira aprendendo regras que a Física Quântica quebra.
Por isso, o futuro da humanidade depende não só de cientistas, mas de educação. De ensinar desde cedo que o mundo é mais estranho, mais bonito e mais complexo do que parece.
Conclusão: a física quântica não é o fim, é o próximo começo
A física quântica não é um muro intransponível. Ela é uma porta. Mas uma porta que exige que a humanidade aceite algo novo: que o universo não é feito para ser totalmente entendido com a lógica comum.
Assim como aprender a contar foi um começo, aprender a aceitar o estranho é o próximo passo. A nova barreira da humanidade não é a tecnologia. É a forma de pensar. E atravessar essa barreira pode mudar tudo.
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