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Chefe de facção preso ordenou homicídio após ruptura em grupo criminoso
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Chefe de facção preso ordenou homicídio após ruptura em grupo criminoso

Assassinato de Lucas Soares da Costa, que teria sido ordenado por Edson Santos de Paula, preso na sexta-feira, 5, foi capítulo de conflitos intensos no Grande Vicente Pinzón
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MATERIAL apreendido durante o cumprimento do mandado de prisão de Edson Santos de Paula
 (Foto: Divulgação/SSPDS)
Foto: Divulgação/SSPDS MATERIAL apreendido durante o cumprimento do mandado de prisão de Edson Santos de Paula

A prisão de Edson Santos de Paula, de 34 anos, ocorrida na última sexta-feira, 5, é mais um golpe dado pelas forças de segurança nas facções criminosas que atuam na região do Grande Vicente Pinzón. Conhecido como "Blade" ou "Brazuca", ele é apontado como um dos chefes da facção criminosa Guardiões do Estado (GDE) na região. Contra Edson, havia um mandado de prisão em aberto pelo assassinato de Lucas Soares da Costa, conhecido como LK, crime ocorrido em outubro de 2020, no bairro Cais do Porto.

O homicídio fez parte de um período de intenso conflito em comunidades dos bairros Cais do Porto, Vicente Pinzón, Mucuripe e Praia do Futuro. Isso foi motivado, conforme as investigações, por um racha na GDE que levou integrantes do bando à facção rival, o Comando Vermelho (CV). Conforme denúncia do Ministério Público Estadual (MPCE), Francisco Adriano de Sousa, o Sibite, e José Erasmo de Sousa Filho, o Bigode, decidiram sair da facção cearense, o que fez com que vários outros integrantes da facção os acompanhassem. Outros, porém, decidiram ficar na GDE, levando a diversos confrontos na região.

A saída da dupla levou Edson a subir na hierarquia da facção, conforme a Polícia Civil. Ao lado de Elisa Lafaete Costa da Silva, conhecida como Paloma, Zafira ou Donzelas, e um homem identificado apenas como Salomão ou Natal, Edson passou a ser identificado como “Legionário” ou “Conselheiro”, maior posto da facção na região. Eles eram “responsáveis por ordenar as mortes de inimigos, assim como as execuções e punições de dissidentes ou de integrantes que desrespeitavam as regras da organização criminosa”, conforme denúncia do MPCE.

Lucas, conforme o MPCE, em princípio, ficou neutro, embora tivesse em seu corpo uma tatuagem com os escritos “Tropa do SBT”, menção a Sibite. Ele traficaria drogas para Alessandra Gomes Dias de Souza, também integrante da GDE e denunciada pela morte de Lucas. Entretanto, um áudio teria chegado ao conhecimento dos chefes da facção em que Lucas teria expressado desejo de sair da organização. Duas hipóteses para o assassinato foram levantadas pela Polícia Civil: em uma, os conselheiros teria ordenado que Lucas fosse surrado como punição. Ele teria se recusado a sofrer a sanção e, por isso, teve a morte decretada pelos faccionados. A outra versão colhida pelos investigadores aponta que a surra foi aplicada, mas Lucas continuou a conversar com um homem ligado a Sibite e, por isso, foi “decretado”.

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Lucas foi assassinado por volta das 17 horas do dia 14 de outubro. Ele foi morto quando saía de casa para buscar a filha, que havia ficado com um familiar. A criança estava nos braços do pai quando a dupla de executores os surpreenderam: Carlos Henrique dos Santos e um adolescente de 15 anos, conforme o MPCE. Lucas arremessou a criança de seus braços para salvá-la, mas foi atingido pelos disparos. Ele morreu no local. Segundo as investigações, Alessandra conduziu o carro usado pelos assassinos, após dizer que iria entregar à vítima uma arma de fogo.

A denúncia do MPCE foi ofertada na última quarta-feira, 3, e aguarda recebimento pela Justiça. Edson, Elisa, Alessandra e Carlos foram denunciados por homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e uso de recurso que impossibilitou a defesa) e integrar organização criminosa. Com o cumprimento de mandado contra Edson, todos agora estão presos. Sanderson Daniel Correia de Lima, o adolescente de 15 anos que também teria participado da execução, viria a ser morto seis dias depois em intervenção policial.

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