Nas últimas semanas, Fortaleza vem apresentando aumento de casos de Covid-19. Em uma semana, o número de solicitações de leitos de enfermaria para pacientes com Covid-19 aumentou 51,9%. Taxa leva em consideração quantidade registrada entre os dias 27 de novembro e 2 de dezembro, quando foram feitos 386 pedidos. Na semana anterior, entre 20 e 26 de novembro foram feitas 254 solicitações.
Nesse domingo, 2, foram registradas 56 pedidos de transferência para enfermarias. A última vez na qual o Estado teve a mesma demanda foi em 9 de julho do ano passado. Os dados são da Regulação Estadual Pacientes Covid-19, disponível no IntegraSUS, plataforma da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), atualizada nessa segunda-feira, 2, às 6h30min.
Atualmente, 105 pacientes aguardam por transferência para leitos destinados a pacientes com a infecção. Do total, 69 estão na fila por enfermarias, sendo 44 em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) 25 em unidades hospitalares municipais. Outros 36 aguardam por leitos de Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) — 27 em UPAs e nove em unidades hospitalares municipais.
No início de abril de 2021, a fila por leitos chegou a passar de mil pessoas (595 para UTIs e 432 para enfermarias). O período foi marcado pelo pico da segunda onda da pandemia no Estado.
O aumento de casos da Covid-19 e, consequentemente, da demanda de internação de pacientes infectados com o coronavírus ocorre ao passo em que números de demais síndromes gripais crescem, como a Influenza A, com destaque para o subtipo H3N2. Na fim da semana passada, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) confirmou que já existe a transmissão comunitária da variante Ômicron do coronavírus na Capital.
Marco Túlio Aguiar, médico da família, geriatra e professor do Departamento de Saúde Comunitária da Universidade Federal do Ceará (UFC), frisa que o aumento observado nas últimas semanas já é decorrente das confraternizações de fim de ano e Natal. "Como na virada do ano tivemos mais aglomerações e o vírus circulando, a probabilidade de termos um aumento exponencial de casos é muito grande", projeta vice-presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade.
Ele detalha que, pelo que está sendo observado em outros países até o momento, a variante é mais transmissível do que as demais, mas parecer se menos letal. "O que significa que teria um poder de transmissão maior, mas os casos seriam menos graves. No entanto, se pensarmos no impacto no sistema de saúde, podemos fazer um exercício com número", explica.
O médico compara o impacto: "Na variante Delta, teríamos por exemplo 1.000 pacientes infectados, 10 internados, 3 em UTI e 1 indo a óbito. Com a Ômicron, teríamos 10.000 pacientes infectados, 50 internados, 8 em UTI a 2 indo a óbito".
Portanto, a nova variante também pode afetar o sistema de saúde com sobrecarga nos atendimentos, nas internações e, consequentemente, no número de óbitos. "Não podemos relaxar neste momento", alerta.
Pacientes com Síndrome Gripal no Ceará devem ter transferência e internação agilizadas. A informação consta em Nota Técnica divulgada pela Sesa ontem. O documento trata da organização dos procedimentos de transferência e internação de pacientes com Síndrome Gripal (SG)/ Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag).
O texto especifica que, considerando acesso das unidades ao diagnóstico da Covid-19 por biologia molecular rápidos, teste rápido de antígeno e RTPCR, os pacientes com SG e Srag não devem ter sua transferência postergada por falta de diagnóstico. A solicitação de painel viral para identificação de outros vírus respiratórios não deve ser condição necessária para o aceite de pacientes em unidades hospitalares.
No último sábado, 1º, a Secretaria informou que "está monitorando e realizando reuniões com gestores das unidades estaduais de saúde para adequar a rede assistencial após o crescimento observado nas solicitações de leitos para pacientes com sintomas gripais, Covid e não-Covid, nos dois últimos dias de 2021".