Em 2022, uma média de 5,33 crimes sexuais por dia foram registrados no Ceará. Ao todo, foram 1.910 casos de estupro, estupro de vulnerável e exploração sexual de menor, conforme dados da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). Trata-se de uma redução de 1,90% em relação a 2021, quando 1.946 crimes sexuais haviam sido registrados.
Os dados disponibilizados pela SSPDS mostram que 2022 seguiu a tendência observada nos últimos anos de maior vitimização de meninas de até 14 anos. Elas são 63,17% do total de vítimas do sexo feminino — sendo que, do total, foram 1.700 vítimas do sexo feminino e 205 do sexo masculino. Maiores de 18 anos representam 17,88% das vítimas de crimes sexuais do gênero feminino.
No sexo masculino, as crianças são maioria ainda maior dentre as vítimas. Dos 205 casos de vítimas do sexo masculino, 72,68% tinham até 14 anos. Entre maiores de idade, são 29 casos — 14,14% do total. Em ambos os sexos, houve o registro de 103 vítimas de até três anos.
Os dados são reunidos a partir de boletins de ocorrência, termos circunstanciados de ocorrência e inquéritos policiais instaurados nas unidades policiais do Estado. "A quantidade será definida pela soma de todas as vítimas de infrações classificadas nesse tipo de crime", informa a pasta sobre a metodologia.
As estatísticas tornadas públicas pela SSPDS ainda mostram dados como os dias em que foram registrados os crimes, os horários, as Áreas Integradas de Segurança (AIS) dos municípios onde os crimes ocorreram e a escolaridade e raça das vítimas.
Os números indicam que a AIS 14 — que engloba 29 municípios, entre eles, Sobral, Viçosa do Ceará e Camocim — foi a região com o maior número de crimes em absoluto: 203. Em seguida, vieram as AIS 19 (que reúne 26 municípios da região do Cariri Cearense) e 17 (que reúne 19 municípios, como Itapipoca, Pentecoste e Jijoca de Jericoacoara), que registraram, respectivamente, 185 e 175 crimes sexuais.
Em Fortaleza, foram registrados 491 crimes sexuais no ano passado. Dentre as 10 AIS que a SSPDS divide a Capital, a que mais registrou esse tipo de crime foi a AIS 2, onde ficam sete bairros, entre eles, Bom Jardim e Conjunto Ceará.
Em relação à escolaridade das vítimas, destaca-se o fato de que vítimas com ensino superior são minoria: foram 24 casos em que as vítimas tinham faculdade. Há ainda 33 com ensino superior incompleto, 96 com ensino médio completo e uma maioria identificada como alfabetizada (452), não alfabetizado (312) e com ensino fundamental incompleto (504). Já em relação à raça, a maioria não teve a raça informada (1.324). Entre as vítimas que tiveram a raça identificada 435 eram pardas, 132 brancas, 14 pretas e 4 indígenas.
Os crimes sexuais nos últimos anos vinham em uma tendência de crescimento ano a ano desde 2015, quando teve início a série história. O aumento foi interrompido no ano que registrou o auge da pandemia, 2020, e havia voltado a crescer em 2021, antes de cair novamente em 2022. Ao longo desses anos, a SSPDS tem se posicionado de forma a defender que o aumento das estatísticas se deve ao aumento de denúncias dos crimes.