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Prefeitura de Fortaleza retira barracos e desocupa viaduto da Via Expressa
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Prefeitura de Fortaleza retira barracos e desocupa viaduto da Via Expressa

Barracos foram interditados por riscos à integridade da população em situação de rua e à estrutura do VLT. Moradores receberam serviços assistenciais
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De acordo com o Executivo municipal, a ocupação no viaduto constituia 21 moradias irregulares (Foto: Reprodução/Prefeitura de Fortaleza)
Foto: Reprodução/Prefeitura de Fortaleza De acordo com o Executivo municipal, a ocupação no viaduto constituia 21 moradias irregulares

A Prefeitura de Fortaleza realizou, ontem, a desocupação do viaduto da Via Expressa, no bairro Papicu. Diferentes órgãos que compõem o Executivo municipal contribuíram com a iniciativa, que começou um mês atrás com diálogos com os cidadãos sob vulnerabilidade.

Os barracos foram interditados pela Defesa Civil da Capital por riscos à integridade física da população em situação de rua e à estrutura do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). Devido à sensibilização prévia, não houve registro de resistência à desocupação, segundo a Prefeitura.

“Eles próprios compreendem a seriedade do trabalho e que as opções oferecidas pela assistência social e saúde são para o bem deles”, relatou Guilherme Magalhães, superintendente da Agefis.

Durante a desocupação, as pessoas foram atendidas pelo Consultório na Rua, programa vinculado à Secretaria Municipal da Saúde (SMS). Médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, psicólogo e assistente social compuseram a equipe que realizou os atendimentos.

Em vídeo publicado no perfil do prefeito Evando Leitão (PT) no Instagram, Guilherme Magalhães defendeu uma Fortaleza “melhor ordenada” e pontuou que serão iniciadas “intervenções urbanas devidas” na região da Via Expressa. Outros pontos da Cidade, segundo o gestor, também serão desocupados.

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Participaram da ação equipes:

  • dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SDHDS);
  • da Saúde (SMS);
  • do Desenvolvimento Habitacional (Habitafor);
  • da Segurança Cidadã (Sesec);
  • da Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis);
  • da Defesa Civil;
  • da Guarda Municipal (GMF);
  • da Procuradoria Geral do Município (PGM);
  • da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC);
  • da Autarquia de Paisagismo e Urbanismo de Fortaleza (URBFor); e
  • do Corpo de Bombeiros.

Preparação para a desocupação

Conforme a Prefeitura, o diálogo com a população em situação de rua começou com entrevistas com educadores sociais, que identificaram principais demandas. Na sequência, ocorreram atendimentos socioassistenciais e médicos, além da emissão de documentos de identificação.

Integrantes do grupo também foram inscritos ou tiveram a inscrição no Cadastro Único atualizada, de modo a serem atendidos pelo Programa Bolsa Família e pelo Benefício de Prestação Continuada (BPC).

As pessoas em situação de rua, ainda segundo a gestão municipal, foram inscritas no Programa de Locação Social; encaminhadas para Centros de Atenção Psicossocial (CAPS); abrigadas em comunidades terapêuticas; enviadas para acompanhamento religioso com padres ou pastores.

Outros indivíduos, ainda no início do atendimento, optaram por “retomar os vínculos familiares”, acrescentou a Prefeitura.

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De acordo com o Executivo municipal, a ocupação no viaduto constituia 21 moradias irregulares. Durante as entrevistas, alguns moradores admitiram o abuso de drogas, nomeadamente álcool e crack, além de conflitos familiares como motivos para ida e permanência nas ruas.

“Esta ação foi resultado de muita pesquisa e da sensibilização conjunta de várias secretarias da Prefeitura”, reforçou a vice-prefeita, Gabriella Aguiar, titular da SDHDS. “Trata-se de uma aproximação necessária, por parte do poder público, com essas pessoas que, na maior parte das vezes, não têm a quem recorrer para buscar qualquer tipo de ajuda”.

“Nosso papel é resgatar a dignidade desse público, que é um dos mais vulneráveis de nossa cidade, sempre através da oferta de acolhimento e acompanhamento para suas demandas”, concluiu a gestora.

Segundo a Prefeitura de Fortaleza, a ampliação do atendimento integral à população em situação de rua e drogadição “está entre as prioridades” da gestão atual. Entre as ações em curso estão novas vagas de aluguel social, ampliação de convênios com e de atendimentos na rede de acolhimento.

População de rua quer moradia

Representantes do Movimento População de Rua se reuniram na Praça do Ferreira, no Centro, em 23 de janeiro último, para emitir uma manifestação do grupo sobre a importância da expansão de projetos sociais que atendam e abriguem a população vulnerável, especialmente durante as chuvas.

Ação acabou não ocorrendo por conta de problemas técnicos, mas representantes permaneceram reunidos e conversaram sobre pautas.

De acordo com uma das lideranças do grupo, Alexandre Moreira, as chuvas tornam a situação das pessoas que vivem em vielas ainda mais difícil, principalmente quando se tratam de idosos, pois são os mais vulneráveis.

Ezequiel Dourado, 43, que também atua como representante do movimento, destaca a necessidade de expandir outros projetos, como os de moradia social, que ajudam na busca por emprego. Ele diz que há um descaso da Prefeitura quanto a isso e pede atenção do Município. (Com Gabriela Almeida)

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