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Inovações no sistema financeiro alavancam crescimento de fintechs no Brasil
Economia

Inovações no sistema financeiro alavancam crescimento de fintechs no Brasil

Segmento cresceu 34% em 2020 e cenário segue favorável em 2021. Volume de investimentos foi de R$ 2,8 bilhões somente no 1º bimestre deste ano
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panorama das fintechs (Foto: panorama das fintechs)
Foto: panorama das fintechs panorama das fintechs

Até meados da primeira década deste século, quem quisesse abrir uma conta bancária, adquirir um cartão de crédito ou pedir um empréstimo seria obrigado a se dirigir a uma instituição financeira (muito provavelmente um banco) e não raramente esperar minutos ou até mesmo horas para ser atendido.

Esse cenário começou a mudar por volta de 2012, quando as chamadas fintechs começaram a chegar ao Brasil. Conceituadas como empresas inovadoras (startups) em soluções financeiras, que têm a tecnologia como principal plataforma, esse tipo de empresa experimentou um crescimento muito grande no País e no mundo com o advento da pandemia de Covid-19.

Em 2020, por exemplo, as cerca de 870 fintechs do País tiveram crescimento de 34% e conseguiram captar US$ 1,9 bilhão, o equivalente a R$ 10,6 bilhões, em rodadas de investimentos. Já nos dois primeiros meses deste ano, foram investidos nesse tipo de startup aproximadamente US$ 500 milhões, o equivalente a R$ 2,8 bilhões, pouco mais de 25% do aplicado em todo o ano passado, corrigidas a inflação e a desvalorização do real no período.

Para explicar não só o crescimento desse mercado, como também o próprio conceito de fintech, O POVO ouviu especialistas e empreendedores do Ceará e de outros estados. Segundo o diretor da Solis Investimentos, Raul Aragão, a origem do termo vem da junção das palavras 'finanças' e 'tecnologia'. "Há vários tipos de 'fintechs'. Algumas são mais voltadas para o crédito, outras para carteiras de investimentos de pessoas físicas. Existem também aquelas auxiliam outras empresas a organizar melhor os seus fluxos financeiros, tais como quantias a pagar e receber", exemplifica.

De acordo com Afonso de Deus, diretor da CDP Capital, o grande diferencial das fintechs é a facilidade de acesso aos serviços financeiros. "Há notória facilidade de crédito para as pessoas, sem falar na desburocratização dos processos, pois o cliente não fica refém das instituições financeiras tradicionais. O processo todo é mais ágil, pois é tudo via aplicativo, desde o cadastro dos dados pessoais, passando pela senha e envio de documentos, tudo de forma automática", afirma. Ele acrescenta que essas empresas têm agregado outros produtos, tais como planos de saúde ou serviços educacionais para seus clientes.


Conforme Robertta Mota, fundadora e CEO da i-Ventures Guidance, 2020, "foi um ano decisivo para esse tipo de startup, reflexo das grandes inovações que o sistema financeiro vem passando. Neste contexto, podemos destacar a implantação do meio de pagamento PIX pelo Banco Central, o processo de implementação do Open Banking, permitindo que clientes de produtos e serviços financeiros compartilhem suas informações e movimentem suas contam bancárias a partir de diferentes plataformas, além da implementação da iniciativa regulatória Sandbox para que instituições possam testar soluções inovadoras".

O presidente da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), Diego Perez, também destaca as mudanças na legislação que regulam o sistema financeiro como fundamentais para a expansão das fintechs, mas acrescenta outros dois fatores: o crescimento nos investimentos em capital de risco e o grande volume de pessoas sem acesso bancário no País. Especialmente esse último fator faz com que Perez considere a região Nordeste, incluindo o Ceará, como estratégica para a continuidade do cenário favorável à expansão das fintechs em 2021 e nos próximos anos.

"A região tem um número ainda muito elevado de pessoas que não acessam, não são 'bancarizadas', desde aquelas que nunca tiveram acesso ou deixaram de ter. Então, é um mercado potencial muito promissor dada a possibilidade de aquisição desses novos usuários. São desde pessoas que precisam desse dinheiro para as operações do dia a dia como a compra de alimentos até os microempreendedores e informais", cita.

Mas se, por um lado, os produtos e serviços ofertados por essas empresas são de acesso fácil para os usuários, de um modo geral, empreender nesse segmento não costuma ser tarefa fácil. "A diferença básica em relação aos demais tipos de startups é que o mercado financeiro exige que você atenda a diversas regras que são aplicadas da mesma maneira para as grandes instituições", observa.

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