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Setor produtivo: horários incentivam aglomeração e prejudicam saúde das empresas
Economia

Setor produtivo: horários incentivam aglomeração e prejudicam saúde das empresas

| Restritivo | Empresários esperavam um expediente maior nesta nova fase da reabertura econômica
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Horário maior evitaria aglomeração, segundo alegam representantes do setor produtivo (Foto: Fabio Lima/O POVO)
Foto: Fabio Lima/O POVO Horário maior evitaria aglomeração, segundo alegam representantes do setor produtivo

O avanço na reabertura econômica feito pelo governador Camilo Santana na noite de ontem, 30 de abril, e que entra em vigor na próxima segunda-feira, 3 de maio, não agradou o setor produtivo, que esperava horários mais extensos de funcionamento na semana e no fim de semana. Os presidentes da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Ceará (Fecomércio-CE), Maurício Filizola, e da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Ceará (Abrasel-CE), Taiene Righetto, classificaram a medida como aquém do esperado.

“Respeito a posição do governador, dos prefeitos, mas os empresários esperavam uma amplitude maior da abertura”, afirmou Filizola. Segundo ele, uma proposta na qual o comércio de rua passasse a funcionar de 9h às 19h e os shoppings de 12h às 22h, com toque de recolher mantido entre 23h e 5h, tinha sido entregue ao Estado e a expectativa era de ter o plano atendido.

Pelos estudos da entidade, esse esquema de funcionamento “contempla um atendimento que estaria harmonizado com setores da indústria (em funcionamento), que teriam horário de entrada diferenciado para não sobrecarregar o transporte público”.

A sobrevivência dos negócios é a principal justificativa do presidente da Fecomércio-CE ao pedir por um horário de funcionamento maior ao Estado. De acordo com ele, na primeira onda da pandemia, a ajuda que o setor produtivo recebeu foi “mais rápida e flexível”, enquanto que, neste ano, o apoio do governo federal veio só em abril e sem efeito retroativo. O líder se refere, principalmente, à medida provisória que permite a redução de jornada e salários pelas empresas e foi publicada nesta semana.

A movimentação em terminais de ônibus, assim como a fiscalização sobre o comércio informal, foi uma preocupação da Fecomércio desde o início do lockdown, mas perguntado se o setor fez uma análise da ocupação dos ônibus e da fiscalização nesta nova fase da retomada, Filizola apenas respondeu: “Cada um tem que fazer sua parte, eu não vou estar aqui apontando para o que o governo faz ou não. Eu digo que a nossa parte nós estamos fazendo. O outro é que tem que olhar para si, se ele está sendo honesto e coerente com os pontos que ele defende”.

O presidente da Abrasel-CE reforça o pedido de aumento do expediente como forma de garantir a sustentabilidade das empresas do setor. Sem horários à noite, principal turno de faturamento dos bares e restaurantes, Righetto afirma que o faturamento dos negócios está 60% abaixo do que o observado na primeira flexibilização, em julho do ano passado.

“Nós encaramos (a nova medida) com um pouco de decepção. Lógico que é bom, é um avanço, mas é muito pequeno perto do tamanho da dificuldade que o pessoal está passando”, afirmou, acrescentando que o retorno liberado representa um avanço de pouco mais de 10% dos negócios, o que chega a somar 30% no total.

De posse de dados sobre a reabertura de bares e restaurantes no País apurados pela Abrasel em todo Brasil, ele afirmou que o Ceará se torna o estado mais restritivo em relação à retomada do setor. “Parece que o Ceará é o epicentro da pandemia, mas não acho que seja. Acho, inclusive, que nesta parte de saúde, o Estado fez realmente um bom trabalho”, comparou, pedindo mais sensibilidade no processo de reabertura dos negócios.

A proposta lançada pela Abrasel seria de uma abertura de segunda a sexta com expediente até 20h e, sábados e domingos, até 18h. Os horários seriam acompanhados de mais rigor nos protocolos de seguranças sanitária, segundo Righetto, a partir do selo que classificaria os estabelecimentos como seguros para o funcionamento. Mas nenhuma resposta não foi dada até a definição do novo decreto na live.

“A situação está muito difícil e também é difícil pra gente entender hoje como sábado e domingo, das 10h às 15h, você vai pegar a população toda e jogar tudo no mesmo horário. Se a população está tendo que sair ou está querendo sair, nesse curto período vai dificultar muito a vida da gente e também no controle, né? Então, para nós, não entra muito na cabeça, uma flexibilidade com uma condição curta, tão pequena”, avaliou.

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