Passa a estar em atividade às 23h59min desta sexta-feira, 13, o Open Banking. Também caracterizado como Sistema Financeiro Aberto, a plataforma permite o compartilhamento padronizado de dados e serviços entre instituições financeiras autorizadas pelo Banco Central. A personalização e melhoria do acesso aos serviços é o principal objetivo.
Apesar da expectativa positiva no mercado, mesmo com a proximidade do lançamento da fase 2, em que o público bancarizado passa a participar dos processos, o Sistema Financeiro Aberto não passa de ilustre desconhecido. A pesquisa "Banking & Finance 2021" revela que 79% dos brasileiros entrevistados não conhecem o Open Banking. Dos que conhecem, 40% o qualificam como "inovador" e "facilitador".
As entrevistas para a pesquisa ainda revelam que 63% das pessoas aceitariam compartilhar seus dados com outras instituições financeiras para receber melhores ofertas.
Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), a personalização e melhoria do acesso aos serviços financeiros é o principal objetivo. Mas, além do foco primário, a instituição defende que o sistema irá incentivar a inovação e trará mais ofertas de produtos e serviços para clientes.
As possibilidades que se abre de inovações no mercado vão desde a vinculação das informações bancárias em apps que analisam a vida financeira, com sugestões de investimentos ou até mesmo na recomendação de produtos e serviços mais personalizados e com condições que melhor se adaptem à sua necessidade, até mesmo uma única plataforma que reúna todas as suas informações do seu relacionamento com bancos.
Nesta segunda fase, de acordo com o Banco Central, o consumidor poderá compartilhar com as instituições de sua preferência seus dados de cadastros, como nome, endereço, renda e CPF, além de informações sobre transações em conta, informações sobre cartões e operações de crédito. Tudo é feito por meio de consentimento, por período delimitado pelo dono dos dados e que pode ser revogado a qualquer momento.
O diretor de Inovação, Produtos e Serviços da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Leandro Vilain, destaca que o investimento de R$ 98 milhões no desenvolvimento do projeto teve praticamente 90% dos custos bancados pelas grandes instituições financeiras.
Sobre o sistema, destaca que o processo é seguro, com a troca de informações entre bancos acontecendo mediante autorização do cliente, não existindo um servidor central no Banco Central ou Febraban. A responsabilidade fica com as instituições e clientes.
"Ninguém vai ligar os sistemas sem ter testado, com avaliações de segurança e funcionais, com as instituições tendo de receber certificações dos testes realizados. Será como uma prova final", afirma Leandro, ainda destacando que no pedido que faz à instituição para liberação dos dados, o cliente tem que detalhar por quanto tempo realizará esse compartilhamento.
Open Finance
O Open Banking tem quatro fases. A primeira, de compartilhamento de informações entre os bancos, iniciou em fevereiro. No dia 15 de dezembro inicia a Fase 4 e os clientes de instituições financeiras ao fim da implementação, em 31 de maio de 2022, poderão solicitar o compartilhamento entre instituições participantes de seus dados de operações de câmbio, investimentos, seguros, previdência e contas-salário.
Cronograma da Fase 2 do Open Banking
Nas quatro primeiras semanas (de 13/8 a 12/9), as instituições poderão iniciar as trocas de informações cadastrais dos clientes, como endereço, renda e dados pessoais. No período de 13/9 a 26/9 terá início a troca de informações relacionadas a contas de movimentação. De 27/9 a 10/10 poderão ser trocadas informações de operações de crédito e de cartões de crédito. E a partir de 11/10, todas as APIs estarão em funcionamento 24 horas por dia, 7 dias por semana.
Saiba tudo sobre Open Banking
Se você ainda não compreendeu tão bem qual será o foco do Open Banking, O POVO preparou uma lista com os principais pontos:
O que é Open Banking
É uma iniciativa do Banco Central e das principais instituições financeiras que deve permitir maior liberdade de escolha e serviços a partir do compartilhamento de dados dos clientes.
Como vai funcionar
O cliente pessoa física ou jurídica é quem decidirá quando e com quem deseja compartilhar seus dados. O Open Banking assegura a padronização do compartilhamento de dados e serviços.
Quanto à segurança e privacidade, o compartilhamento de dados só será realizado a pedido do cliente e com a confirmação dele em um processo totalmente digital, dentro de um ambiente seguro, sob supervisão do Banco Central.
O compartilhamento fica a critério do cliente, sempre que quiser, a qualquer hora ou lugar. Como, por exemplo, no caso de estar precisando fazer um empréstimo e não gostar das condições do banco em que já tiver conta e for tentar por outra instituição financeira. O cliente poderá compartilhar seus dados com esse terceiro de um jeito rápido e prático.
Segundo o Banco Central, o compartilhamento desses dados a partir da confirmação do desejo do cliente deve ser feito de forma gratuita. Nem a instituição em que já possui conta ou a que deseja conhecer os serviços podem realizar qualquer cobrança por conta do compartilhamento de dados do Open Banking.
Medidas de segurança do Open Banking
- Autenticação e consentimento: O compartilhamento de dados só será permitido a partir da autenticação e o consentimento dos clientes. São os donos dos dados que escolhem se autorizam ou não o compartilhamento das informações.
- Ambiente seguro: Apesar de ser realizado totalmente no ambiente online, o pedido de compartilhamento de informações no Open Banking só é realizado dentro do ambiente da instituição onde o cliente detém conta. Além disso, suas credenciais de acesso não passam para outras instituições - e essa é uma característica que deve receber atenção dos usuários: não repetir senhas de acesso.
- Cancelamento: Se não quiser mais compartilhar os seus dados com outras instituições, o cliente pode cancelar o processo a qualquer momento.
- LGPD: O Open Banking é respaudado pelas regras da Lei Geral de Proteção de Dados, que define que as instituições que solicitam e armazenam dados dos usuários devem garantir a estruturação de dados para evitar vazamentos.
- Fiscalização: O Banco Central ainda confirmou que irá fiscalizar as instituições financeiras que participam do Open Banking. Elas estarão sujeitas a punições se não seguirem as diretrizes das leis e regras.
- Cuidado!: Se você receber qualquer mensagem por redes sociais, SMS, por telefone ou email solicitando informações sobre os seus dados, desconfie. As operações do Open Banking só são realizadas pelos canais digitais dos bancos, com seu login e seguindo os passos de autenticação. Se for obordado por uma suposta instituição, tire dúvidas, busque seu banco e não repasse dados sensíveis.