O ministro da Economia Paulo Guedes, disse que o momento econômico brasileiro é ideal para a redução de tarifas de importação porque há aumento de preços no mercado interno e a arrecadação de tributos está em alta. "Não há hora melhor para abertura do que em momento em que há pressão de preços.O momento de abrir não é quando está em recessão. Agora economia está crescendo, arrecadação está aumentando", afirmou, durante audiência pública da Comissão de Relações Exteriores do Senado, que debate o tema "Mercosul: tarifa externa comum e potencial de ampliação do bloco".
O Brasil, com o apoio do Uruguai, vem negociando a redução da Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul, que é a taxa cobrada na importação de produtos de fora do bloco. No primeiro semestre, o Brasil propôs reduzir a TEC em 10% imediatamente e mais 10% no fim deste ano.
A Argentina, contrária à redução linear, aceitou um corte de 10%, limitado a 75% da pauta comercial, o que o Brasil achou insuficiente. "Já gostaríamos de ter reduzido as tarifas do Mercosul. Nossa missão é modernizar o Mercosul para maior integração com economia mundial", afirmou.
Guedes ressaltou que a proposta do governo brasileiro é fazer uma "abertura gradual", que não prejudique os produtores locais. "Não podemos abrir num ritmo que o sistema produtivo brasileiro não resista", completou. "Estamos fazendo reforma tributária, aumentando a competitividade da economia brasileira para dar continuidade à integração com outros países".
Crítico do Mercosul desde a campanha de Jair Bolsonaro à presidência da República, Guedes voltou a dizer que o Brasil não pode ficar prisioneiro do bloco nem a questões ideológicas. "Desde o início falamos para Argentina que, ou nos acertamos, ou o Mercosul não faz sentido para nós. O Brasil é a maior economia. Não é o Brasil que tem que estar dentro do Mercosul, é o bloco que tem que estar onde Brasil está", defendeu.
O ministro repetiu que o Brasil "ficou prisioneiro de uma aliança que não consegue se modernizar" e disse que a atualização do bloco é importante para o comércio dos países membro enfrentarem o contencioso na economia global entre Estados Unidos e China.
Ministro diz que CNI "boicota" reformas
O ministro da Economia, Paulo Guedes, teceu várias críticas ontem, 19, à Confederação Nacional da Indústria (CNI) e disse que a entidade tem "boicotado" as propostas de reformas enviadas ao Congresso Nacional e também em várias outras áreas. Ele citou o que seriam obstáculos do empresariado a mudanças no ICMS, na reforma tributária, setor elétrico e no marco regulatório do saneamento básico.
Guedes também afirmou que a entidade precisa "tirar fantasias e parar de fazer ataques amistosos e sutis" e voltar para o jogo da vida real. "Boicotar as reformas não é bom para ninguém, nem para a indústria. Apenas para a CNI, que é uma entidade corporativa", bateu. "A inflação está subindo e temos que fazer um movimento de abertura", repetiu.
Ao mesmo tempo, Guedes avaliou que se trata de um setor "valente" e que conseguiu "sobreviver ao massacre" de momentos de juros básicos de dois dígitos. No momento, as taxas estão em tendência de alta novamente, mas ele disse que "se baixarmos a bola e esperarmos a próxima eleição, o juro volta a cair".
Apesar de alguns afagos, o ministro não poupou o setor industrial. "É sempre a desculpa de que tem que fazer muito para não fazer nada", disse durante evento no Senado, que conta também com a participação de representantes da CNI. "Se mela a reforma tributária, não dá nem o primeiro passo.... É o passo inicial para fazer a grande simplificação. Diz que quer fazer a caminhada, mas nunca dá o primeiro passo", criticou.
Vários industriais já foram a público reclamar da proposta de reforma tributária enviada pelo Executivo ao Congresso e afirmaram, inclusive, que este não seria o melhor momento para colocar as mudanças em prática. "Eu entendo o receio da CNI de entrar o Vietnã na indústria têxtil ou dos coreanos na automotiva", considerou. É esse equilíbrio, no entanto, que precisa ser manobrado, de acordo com ele. "Estamos muito atentos."
O modelo protecionista, de acordo com o ministro, é equivocado e ruim. "O industrial está perdendo a importância há 15 anos, e não estão se dando conta disso", disse durante audiência pública da Comissão de Relações Exteriores do Senado, que debate o tema "Mercosul: tarifa externa comum e potencial de ampliação do bloco".
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