A expansão da produção no setor de carcinicultura no Brasil, técnica de criação de camarões em cativeiro, segue em ritmo acelerado. Tendo como principais produtores, Ceará e Rio Grande do Norte, a expectativa dos produtores é aumentar a produção em 20% e chegar à marca de 120 mil toneladas de camarões por ano.
De acordo com Cristiano Maia, dono da maior fazenda de carcinicultura do Brasil, a Potiporã, do grupo cearense Samaria, e também presidente da Câmara Setorial do Camarão da Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece), a quantidade de produtores tem crescido no Ceará porque a atividade tem se mostrado mais rentável do que outras culturas.
Cristiano destaca que a produção de camarão vem obtendo melhores resultados por hectare de produção. "Dentre as proteínas animais (tem a melhor produtividade) disparada e também em termos de rentabilidade. O custo para produzir é alto, mas o ciclo de produção é curto, de 90 a 100 dias, então são vários ciclos em um só ano".
Para 2022, a expectativa é alta. A quantidade de propriedades trocando a criação de gado por viveiros de camarão tem se desenvolvido, partindo do litoral rumo ao interior, principalmente na costa do Rio Jaguaribe.
Em 2019, o Ceará produziu algo em torno de 40 mil toneladas de camarão, demarcando a retomada do setor e o melhor resultado para o Estado em três anos, aumentando ainda a parcela de representatividade na produção nacional, alcançando 45%, retomando a liderança do segmento no País. No ano de 2020, a produção chegou às 100 mil toneladas no País e estagnou em 2021, muito por conta da forte retração com o fechamento dos restaurantes na pandemia.
Para fortalecer a atividade, um dos desafios é a formalização dos produtores. Segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), Amilcar Silveira, o Ceará só possui 15% das propriedades com licenciamento ambiental, patamar bem inferior aos estados vizinhos. Um dos entraves seria a demora na análise.
"A criação de camarão é muito importante. Só temos 15% das propriedades com licenciamento ambiental - e esse número é só uma estimativa. Nós queremos evoluir nessa questão e fazer com que 90% das propriedades sejam licenciadas. O licenciamento é importante, pois esses produtores estarão empoderados com a possibilidade de conseguir crédito e ampliar sua produção", completa.
Ao O POVO, o secretário executivo de Agronegócio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho (Sedet), Sílvio Carlos Lima, destaca a força do setor em se reinventar, tanto nos anos de crise hídrica quanto agora na pandemia. Ele destaca que a Sedet tem trabalhado no suporte ao setor com uma força tarefa.
"Temos um programa para desenvolvimento da pesca e aquicultura e temos trabalhado com apoio aos produtores, com equipe que vem registrando fazendas. (...) Houve um trabalho junto com a Semace, com um licenciamento ágil e mantendo uma comunicação próxima. O mercado todo exige produtos produzidos com sustentabilidade e boas práticas são negados", disse.
Neste ano, o foco dos produtores consolidados é no mercado externo. Segundo Cristiano Maia, a partir do meio do ano, a ideia é reforçar as buscas de espaço nos mercados estrangeiros, como o norte americano, que era o principal comprador do Brasil até 2008. Mas outras frentes também são trabalhadas.
O europeu - que é o maior - está fechado para pescado, então o camarão também não vai, mas estamos tentando reabrir. Já estive com a ministra (da Agricultura e Pecuária) Teresa Cristina, também temos trabalhado junto à comunidade europeia divulgando o produto para facilitar nossa entrada no continente".
Vale destacar que, no ano passado, o Ceará já deu um salto de 189% nas exportações do produto, ante o ano de 2020, embora a fatia da produção que é destinada à exportação ainda seja muito tímida, de apenas US$ 11,5 mil. Para se ter uma ideia, a lagosta, principal produto cearense exportado, movimentou US$ 64,3 milhões em 2021.
O presidente da Faec enfatiza que, com a abertura do mercado externo para exportação, a produção de camarão no Ceará tem potencial de dobrar.
Exportação
Em 2021, o Ceará já deu um salto de 189% nas exportações do produto, ante o ano de 2020, embora a fatia da produção que é destinada à exportação ainda seja muito tímida, de apenas US$ 11,5 mil