Logo O POVO+
Produtores projetam alta de 20% na produção de camarão em 2022
Economia

Produtores projetam alta de 20% na produção de camarão em 2022

| CARCINICULTURA | Com Ceará e Rio Grande do Norte liderando o setor no País, expectativa é que produção nacional alcance 120 mil toneladas neste ano. Produtores também miram mercado externo
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Desde 2019, Ceará vem liderando produção nacional de camarão no País  (Foto: Aurelio Alves)
Foto: Aurelio Alves Desde 2019, Ceará vem liderando produção nacional de camarão no País

A expansão da produção no setor de carcinicultura no Brasil, técnica de criação de camarões em cativeiro, segue em ritmo acelerado. Tendo como principais produtores, Ceará e Rio Grande do Norte, a expectativa dos produtores é aumentar a produção em 20% e chegar à marca de 120 mil toneladas de camarões por ano.

De acordo com Cristiano Maia, dono da maior fazenda de carcinicultura do Brasil, a Potiporã, do grupo cearense Samaria, e também presidente da Câmara Setorial do Camarão da Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece), a quantidade de produtores tem crescido no Ceará porque a atividade tem se mostrado mais rentável do que outras culturas.

Cristiano destaca que a produção de camarão vem obtendo melhores resultados por hectare de produção. "Dentre as proteínas animais (tem a melhor produtividade) disparada e também em termos de rentabilidade. O custo para produzir é alto, mas o ciclo de produção é curto, de 90 a 100 dias, então são vários ciclos em um só ano".

Para 2022, a expectativa é alta. A quantidade de propriedades trocando a criação de gado por viveiros de camarão tem se desenvolvido, partindo do litoral rumo ao interior, principalmente na costa do Rio Jaguaribe.

Em 2019, o Ceará produziu algo em torno de 40 mil toneladas de camarão, demarcando a retomada do setor e o melhor resultado para o Estado em três anos, aumentando ainda a parcela de representatividade na produção nacional, alcançando 45%, retomando a liderança do segmento no País. No ano de 2020, a produção chegou às 100 mil toneladas no País e estagnou em 2021, muito por conta da forte retração com o fechamento dos restaurantes na pandemia. 

Para fortalecer a atividade, um dos desafios é a formalização dos produtores. Segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), Amilcar Silveira, o Ceará só possui 15% das propriedades com licenciamento ambiental, patamar bem inferior aos estados vizinhos. Um dos entraves seria a demora na análise.

"A criação de camarão é muito importante. Só temos 15% das propriedades com licenciamento ambiental - e esse número é só uma estimativa. Nós queremos evoluir nessa questão e fazer com que 90% das propriedades sejam licenciadas. O licenciamento é importante, pois esses produtores estarão empoderados com a possibilidade de conseguir crédito e ampliar sua produção", completa.

Ao O POVO, o secretário executivo de Agronegócio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho (Sedet), Sílvio Carlos Lima, destaca a força do setor em se reinventar, tanto nos anos de crise hídrica quanto agora na pandemia. Ele destaca que a Sedet tem trabalhado no suporte ao setor com uma força tarefa.

"Temos um programa para desenvolvimento da pesca e aquicultura e temos trabalhado com apoio aos produtores, com equipe que vem registrando fazendas. (...) Houve um trabalho junto com a Semace, com um licenciamento ágil e mantendo uma comunicação próxima. O mercado todo exige produtos produzidos com sustentabilidade e boas práticas são negados", disse.

 

Exportações

 

Neste ano, o foco dos produtores consolidados é no mercado externo. Segundo Cristiano Maia, a partir do meio do ano, a ideia é reforçar as buscas de espaço nos mercados estrangeiros, como o norte americano, que era o principal comprador do Brasil até 2008. Mas outras frentes também são trabalhadas.

O europeu - que é o maior - está fechado para pescado, então o camarão também não vai, mas estamos tentando reabrir. Já estive com a ministra (da Agricultura e Pecuária) Teresa Cristina, também temos trabalhado junto à comunidade europeia divulgando o produto para facilitar nossa entrada no continente".

Vale destacar que, no ano passado, o Ceará já deu um salto de 189% nas exportações do produto, ante o ano de 2020, embora a fatia da produção que é destinada à exportação ainda seja muito tímida, de apenas US$ 11,5 mil. Para se ter uma ideia, a lagosta, principal produto cearense exportado, movimentou US$ 64,3 milhões em 2021.

O presidente da Faec enfatiza que, com a abertura do mercado externo para exportação, a produção de camarão no Ceará tem potencial de dobrar.

Exportação

Em 2021, o Ceará já deu um salto de 189% nas exportações do produto, ante o ano de 2020, embora a fatia da produção que é destinada à exportação ainda seja muito tímida, de apenas US$ 11,5 mil

 

O que você achou desse conteúdo?