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Ceará deve liderar em projetos de energia eólica offshore com sanção
Economia

Ceará deve liderar em projetos de energia eólica offshore com sanção

Presidente Jair Bolsonaro sancionou as regras para geração de energia dentro do mar nessa terça-feira, 25. Projetos do hub de hidrogênio verde serão beneficiados
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REGRAS vão definir como podem funcionar os projetos eólicos em alto-mar (Foto: Getty Images/Imaginima)
Foto: Getty Images/Imaginima REGRAS vão definir como podem funcionar os projetos eólicos em alto-mar

O Ceará deve liderar o mercado brasileiro de projetos em energia eólica offshore após a regulamentação da produção de energia em alto mar. Ontem,  o presidente Jair Bolsonaro sancionou a medida que abre caminho para exploração deste tipo de geração de energia no País, o que deve destravar investimentos bilionários.

O Ceará possui hoje seis projetos de parques de geração eólica offshore em fase de regulamentação. Investimentos privados da ordem de R$ 57,46 bilhões que podem beneficiar a economia de Camocim, Acaraú, Amontada, Caucaia e Beberibe, conforme adiantou a jornalista do O POVO, Neila Fontenele. 

No Brasil, ao todo, 23 projetos estão com pedidos de licenciamentos ambientais em análise pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama). Dos 56 GW a licenciar em energia offshore, 11,5 GW são no litoral cearense, o que representa quase 20% do total.

A regulamentação deve acelerar esse processo de liberação, pois gera regras para operação. Isso deve viabilizar também a produção de hidrogênio verde no Ceará. De acordo com o presidente da Frente Parlamentar de Energias Renováveis (FER), o deputado federal Danilo Forte (PSDB-CE), tanto Ceará, quanto Rio Grande do Norte, são os estados com maior potencial em geração eólica offshore, o que deve beneficiar a economia dos estados.

"Isso viabiliza (a produção) do hidrogênio verde, que será a redenção do mundo não só para diminuir as emissões de carbono, mas para a geração de emprego e desenvolvimento", comemora o parlamentar. Segundo ele, a medida tem potencial para viabilizar a exportação de energia do Ceará para outros continentes a um preço competitivo. "Isso com certeza nos coloca como um centro econômico do mundo".

Relação da regulamentação com o hub de hidrogênio

O montante de energia gerado pelas offshore e a necessidade das plantas de eletrólise (onde é produzido o H2V) é que relaciona os dois setores. No total, são 6,39 gigawatts (GW) de potência instalada a partir desses projetos pensados para a costa cearense. Isso representa metade da demanda das plantas de hidrogênio cujo protocolo já foi assinado com o Governo do Estado, segundo calcula Luiz Eduardo Barbosa, diretor de Geração Centralizada do Sindienergia-CE.

“É muita energia. Aqui, a gente vai ter essa condição do hub (de hidrogênio verde) e vai precisar de energia, é fato. Não é nenhuma especulação. Todos os protocolos vão para frente? Não sei, mas mesmo que vá a metade, é muita coisa”, afirma, sinalizando que haverá mercado para as eólicas no mar cearense.

Instalada, hoje, a potência da geração eólica no Ceará soma cerca de 2,5 GW, de acordo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Somada às demais (térmica, solar e hidrelétrica), a potência instalada no Estado chega a 5,1 GW. “Já existem 42 GW de projetos de eólica offshore com pedidos de licenciamento no Ibama. Este valor é cerca de duas vezes maior que os 23 GW de projetos de eólica onshore cadastrados para participação no próximo leilão de eólica onshore e também é superior aos 19 GW de eólica onshore instalados”, diz relatório produzido pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), que debateu o tema no ano passado.

Posicionamento do Ceará no mercado

Para que toda essa energia seja gerada, toda uma cadeia produtiva seja viabilizada. E essa perspectiva anima o secretário do Desenvolvimento Econômico e do Trabalho do Ceará (Sedet), Maia Jr., que destaca que há 25 anos o Estado vem desenvolvendo esse setor, que nesta nova fase deve demandar nova infraestrutura portuária, equipamentos diferenciados, o que deve gerar empregos, além do investimento em tecnologia.

“Damos um passo definitivo para estruturar essa terceira vertente de produção de energia renovável (após a solar fotovoltaica e eólica onshore) desenvolvendo no Estado uma cadeia produtiva que vai empregar muita gente, produzindo energia e os equipamentos”, enfatiza.

Maia ainda lembra que já há investimento de até R$ 400 milhões da chinesa Mingyang Smart Energy programado para construção de pás eólicas para projetos offshore, numa fábrica que funcionaria como um hub internacional de equipamentos. Além desse, mais dois investimentos do tipo estão em negociação.

O titular da Sedet acrescenta que a perspectiva para o futuro próximo é que a regulamentação destrave a análise dos projetos no Ibama e atraia novos interessados na modalidade de geração, viabilizando mais iniciativas no setor. Ele ainda diz que o próximo passo nesse processo de regular os modelos de geração de energia por vias renováveis é a sanção do regulamento para a produção de hidrogênio.

O que deve impactar também o mercado de trabalho cearense. Ele explica que na Dinamarca, onde já há geração de energia nesta modalidade, a estimativa é de que, para a implantação de 1GW de eólica offshore, sejam gerados uma média de nove mil empregos. 

"O Ceará tem 11 GW em licenciamento, isso contando somente os projetos atuais, se pelo menos 10 GW forem implantados teríamos uma geração de 90 mil postos de trabalho. Mas isso é o que acontece na Dinarmarca, como o Brasil é um pais menos produtivo, provavelmente, para fazer a mesma coisa no Brasil vai precisar de mais gente. Mas, isso não é uma projeção porque não sei quantos projetos serão realmente licenciados, quem vai dizer é o mercado quando licenciarem esses projetos e começarem a implantação dos mesmos."

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