A geração de energia eólica em torres instaladas no mar (offshore) deve ter na produção de hidrogênio verde (H2V) um mercado potencial a ser atendido no Ceará, segundo avaliam especialistas e agentes do mercado. O Estado conta com cinco projetos de parques para geração deste tipo, dos 23 cujos licenciamentos ambientais estão em curso no Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), ao mesmo tempo que soma quase 20 protocolos para plantas de H2V.
O montante de energia gerado pelas offshore e a necessidade das plantas de eletrólise (onde é produzido o H2V) é que relaciona os dois setores. No total, são 6,39 gigawatts (GW) de potência instalada a partir desses projetos pensados para a costa cearense. Isso representa metade da demanda das plantas de hidrogênio cujo protocolo já foi assinado com o Governo do Estado, segundo calcula Luiz Eduardo Barbosa, diretor de Geração Centralizada do Sindienergia-CE.
“É muita energia. Aqui, a gente vai ter essa condição do hub (de hidrogênio verde) e vai precisar de energia, é fato. Não é nenhuma especulação. Todos os protocolos vão para frente? Não sei, mas mesmo que vá a metade, é muita coisa”, afirma, sinalizando que haverá mercado para as eólicas no mar cearense.
Instalada, hoje, a potência da geração eólica no Ceará soma cerca de 2,5 GW, de acordo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Somada às demais (térmica, solar e hidrelétrica), a potência instalada no Estado chega a 5,1 GW. “Já existem 42 GW de projetos de eólica offshore com pedidos de licenciamento no Ibama. Este valor é cerca de duas vezes maior que os 23 GW de projetos de eólica onshore cadastrados para participação no próximo leilão de eólica onshore e também é superior aos 19 GW de eólica onshore instalados”, diz relatório produzido pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), que debateu o tema no ano passado.
Ou seja, os números demonstram que a necessidade de energia das unidades de hidrogênio verde excede o dobro da capacidade atual, o que torna o setor mais do que um mercado prioritário. Faz dele um atrativo.
Para Adão Linhares, secretário executivo de Energia e Telecomunicações da Secretaria da Infraestrutura do Ceará (Seinfra-CE), “os investidores já fizeram essa conta” e observaram que há oportunidade de negócio viável. Ele cita projetos como o Dragão do Mar, da Qair Brasil, onde uma produção de hidrogênio verde de ponta a ponta, da geração offshore à eletrólise, foi planejada e está em curso com investimento estimado em mais de US$ 6 bilhões.
“Os investidores precisam ser competitivos, para isso baratos, e estão pensando em offshore por isso”, afirma, admitindo que a discussão de que a produção de hidrogênio verde pode ser prioritária para as usinas offshore já é um debate em curso no governo cearense.
Adão ainda aponta o mercado livre de energia como ambiente propício para as negociações entre as empresas que possuem os parques offshore e as de H2V. Ele contou que, em 2020, quando sequer houve leilão para contratação de energia pelo Governo Federal, o mercado livre movimentou 3 GW das eólicas onshore (instaladas em terra).
Já o preço do megawatt, na avaliação dele, deve continuar a ser uma incógnita até que haja o primeiro leilão ou o primeiro negócio fechado entre empresas. Primeiro, segundo ressalta, é preciso haver o produto e a demanda.
Um elemento que reforça o hub de hidrogênio verde como um atrativo aos investidores de usinas offshore no Ceará, segundo destaca o diretor de geração centralizada do Sindienergia-CE, é o cumprimento das metas de carbono zero. No mundo, 130 países se comprometeram com o objetivo durante a Cúpula Climática Organização das Nações Unidas (COP26), realizada no ano passado em Glasgow, na Escócia.
No entanto, nem todos conseguem zerar as emissões sem que contratem combustível verde de outras partes do planeta, e eis que surgem as oportunidades de negócios do hub. O hidrogênio gerado aqui – com participação de usinas offshore – seria vendido para os países compromissados em atingir a meta de carbono zero. Este, inclusive, é um dos objetivos já declarados pelo governador Camilo Santana, que participou da COP26.
O combo para atrair os projetos, como lembra Joaquim Rolim, presidente da Câmara Setorial de Energia e coordenador do núcleo de energia da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), é completo. Além dos 117 GW de potencial identificados pelo Atlas eólico e solar do Ceará, os atrativos incluem ainda os benefícios administrativos e tributários da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará e as instalações do Porto do Pecém, que deve ser dotado da capacidade de transporte do H2V em parceria com o Porto de Roterdã, referência no tipo de operação na Europa.
Luiz Eduardo Barbosa acredita que “não tem como estas metas serem atingida no mundo sem a ajuda da energia eólica offshore.” “Então, o modelo de negócio para o offshore certamente são modelos diferentes do Ceará. Em tese, o investidor vai montar o projeto já sabendo que tem quem compre a energia”, estima.
Condições
Os parques eólicos offshore devem ser instalados em até 45km da costa, a 24 milhas náuticas, cuja profundidade chega a 20 a 30 metros, em 80% dos casos.
Geração
O mar do norte tem sido usado pelos países europeus como ambiente para instalação das usinas offshore pelas condições de geração de energia
Risco do governo ser induzido a erro e travar o setor
A eólica offshore corre perigo! A iminente publicação de desnecessário decreto em gestação no MME atrasará em vários anos a implantação das eólicas offshore no Brasil, encarecerá mais a conta de luz dos brasileiros e impedirá a criação de 40 mil novos empregos, a maioria no Ceará!
Sem lei que permita, essa minuta de decreto tenta impor a armadilha da inexigível licitação para a cessão de uso de áreas no mar em caso de autorização da Aneel.
Decreto regulamenta lei vigente. Não inova. Só a Lei inova. Ao tratar de "prismas", estranha figura inexistente em qualquer lei, mas apenas no PL 576/21, do Sen.JP Prates (PT/RN), a minuta tenta inovar, sem base legal, ao "regulamentar" o que ainda não foi aprovado no Congresso.
Piorando: o MME não percebeu que esse projeto desincentiva a eólica offshore ao tributá-la em 5% de sua receita anual bruta; impor gravame inexistente, ao cobrar "bônus de assinatura"; trava o setor com licitações inexigíveis para autorização.
Fruto de lobby contrário, essa armadilha se baseia nas seguintes falácias: falsamente negar a existência de segurança jurídica para eólicas offshore - espalhar ao máximo ao público e repetir essa inverdade até parecer verdade; a partir da falácia da "insegurança jurídica", travar os processos offshore em andamento "para aguardar nova norma", sem aplicar as normas gerais vigentes de aplicação obrigatória.
Assim, tal minuta vai na contramão da liberalização verificada, ao impor licitação onde é inexigível. Ao instituir autorização para aeroportos, TUPs e ferrovias, nestas em um só mês houve mais investimentos que nos últimos 240 meses. Assim, o Governo está destravando investimentos bilionários. Para destravar os processos atuais de eólica offshore basta o Governo aplicar as normas gerais em vigor.
Negociações no mercado livre e impulso das metas ambientais
O mercado livre de energia surge, neste cenário, como ambiente propício para as negociações entre as empresas que possuem os parques offshore e as de H2V, segundo avalia Adão Linhares. Ele observa que, em 2020, quando sequer houve leilão para contratação de energia pelo Governo Federal, o mercado livre movimentou 3 GW das eólicas onshore (instaladas em terra).
Já o preço do megawatt, na avaliação dele, deve continuar a ser uma incógnita até que haja o primeiro leilão ou o primeiro negócio fechado entre empresas. Primeiro, segundo ressalta, é preciso haver o produto e a demanda.
Um elemento que reforça o hub de hidrogênio verde como um atrativo aos investidores de usinas offshore no Ceará, segundo destaca o diretor de geração centralizada do Sindienergia-CE, é o cumprimento das metas de carbono zero. No mundo, 130 países se comprometeram com o objetivo durante a Cúpula Climática Organização das Nações Unidas (COP26), realizada no ano passado em Glasgow, na Escócia.
No entanto, nem todos conseguem zerar as emissões sem que contratem combustível verde de outras partes do planeta, e eis que surgem os negócios do hub. O hidrogênio gerado aqui - com as usinas offshore - seria vendido aos países compromissados em atingir a meta de carbono zero. Este é um dos objetivos já declarados pelo governador Camilo Santana, que participou da COP26.
O combo para atrair os projetos, como lembra Joaquim Rolim, presidente da Câmara Setorial de Energia e coordenador do núcleo de energia da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), é completo.
Além dos 117 GW de potencial identificados pelo Atlas eólico e solar do Ceará, os atrativos incluem ainda os benefícios da Zona de Processamento de Exportação do Ceará e o Porto do Pecém, que deve ser dotado da capacidade de transporte do H2V em parceria com o Porto de Roterdã, referência no tipo de operação na Europa.
Barbosa acredita que "não tem como estas metas serem atingida no mundo sem a ajuda da energia eólica offshore." "Então, o modelo de negócio para o offshore certamente são modelos diferenciais do Ceará. Em tese, o investidor vai montar o projeto já sabendo que tem quem compre a energia."