A principal linha de microcrédito orientado do Banco do Nordeste, o Crediamigo, tem em Fortaleza o melhor mercado de toda área de atuação, segundo destacou José Gomes da Costa, presidente interino do BNB. Em visita à sede do Grupo de Comunicação O Povo, ele ressaltou que o programa é quase cinco vezes maior na capital cearense do que nas duas outras maiores capitais do Nordeste juntas.
Salvador e Recife, somadas, movimentaram R$ 296,34 milhões no último ano, de acordo com dados do BNB – R$ 183,99 milhões pela primeira e R$ 112,35 milhões pela segunda cidade. Apenas Fortaleza foi responsável por um montante de R$ 1,44 bilhão no mesmo período - valor 4,8 vezes maior que a soma das duas outras capitais nordestinas.
“Fortaleza gera uma boa inveja em Salvador”, brincou Costa, com a autoridade de quem passou quatro anos como superintendente do Banco do Nordeste na Bahia. Funcionário de carreira do banco, ele ocupava a diretoria financeira desde dezembro do ano passado e, a partir de 17 de janeiro, foi nomeado presidente interino da instituição.
A diferença mencionada por ele continua quando outros números são comparados: os clientes fortalezenses ativos chegam a 298.729 e foram responsáveis por 478.659 operações. Ao mesmo tempo, os soteropolitanos com contas ativas no BNB chegam a 43.742 e fizeram 71.019 operações. Já os recifenses somam 25.550 e chegaram a 34.894 operações. As informações são referentes à movimentação de 2021 e contabilizam os dados das regiões metropolitanas de cada capital.
Sobre o porquê de Salvador e Recife serem superadas por Fortaleza com tão grande diferença, Costa afirma que “o aspecto principal é que o programa de microcrédito orientado urbano começou fortemente aqui, no Ceará.”
Focado no microempreendedor, na maioria vezes informal, o Crediamigo foi criado em 1998, a partir da ação de agentes de crédito que formam grupos solidários de clientes. Esses grupos tomam empréstimos com o BNB para impulsionar os micronegócios e pagam, em conjunto, as parcelas. A fórmula é responsável por uma das menores inadimplências do banco e um dos maiores volumes desembolsados.
“Isso dá segurança ao crédito e diminui o risco. Nenhum algoritmo, mesmo fazendo uso de georreferenciamento, ainda conseguiu solução. Esse trabalho requer a ida de um ser humano lá para fazer isso. Esse pode ser o grande diferencial nosso que os outros bancos não quiseram bancar", afirmou Costa.
O sucesso do modelo garantiu um total de R$ 12,674 bilhões em recursos aplicados no Crediamigo e mais de 4,2 milhões de operações, em 2021. Isso significa que o BNB foi responsável por 82% do total de aportes em programas de microfinanças no setor bancário brasileiro.
Sem desistir de continuar o crescimento em Fortaleza, o presidente interino contou de decisões para expandir com mais intensidade o Crediamigo em Salvador e Recife: “Quando observamos isso, começamos ações diferenciadas, sem nenhum demérito para Fortaleza. Dobramos para 70 agentes de microcrédito em Salvador e Recife foi de 20 para 45.” Em Fortaleza, no entanto, são mais de 100 agentes.
A expectativa é de que, a partir da resposta positiva dos microempreendedores – a partir de mais adesões e, consequentemente, mais tomadas de crédito –, o Banco do Nordeste possa ampliar a quantidade de agentes no atendimento do Crediamigo nas regiões metropolitanas das duas cidades.