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BNB puxa desempenho dos bancos públicos em microcrédito no mercado bancário brasileiro
Economia

BNB puxa desempenho dos bancos públicos em microcrédito no mercado bancário brasileiro

SISTEMA FINANCEIRO | Na pandemia, entre 2020 e 2021, market share do Crediamigo nos aportes de microfinanças do setor bancário brasileiro subiu de 74% para 82%
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 Presidente do Banco do Nordeste (BNB), José Gomes da Costa (Foto: FABIO LIMA)
Foto: FABIO LIMA  Presidente do Banco do Nordeste (BNB), José Gomes da Costa

O desempenho do programa de microcrédito urbano do Banco do Nordeste (BNB), o Crediamigo, segue com o maior destaque em aplicações de microfinanças do Brasil ao fim de 2021. No ano, foram mais de R$ 12,674 bilhões em recursos aplicados no Crediamigo e mais de 4,2 milhões de operações. Isso fez com que market share do Crediamigo alcançasse 82% dentro do total de aportes em programas de microfinanças no setor bancário brasileiro.

O desempenho na pandemia melhorou de forma considerável, pois a participação era de 74% no início do período, em março de 2020. As informações constam no Ambiente de Microfinança Urbana do BNB, com dados do mercado nacional de microcrédito, disponibilizado pelo Banco Central.

Em apresentação do balanço da instituição, ontem na sede do BNB, em Fortaleza, a diretoria mostrou os resultados do exercício de 2021, em que o BNB teve lucro líquido de R$ 1,62 bilhão, aumento de 59% em um ano. Ao todo, o Banco aplicou, em 2021, mais de R$ 41,8 bilhões em cinco milhões de operações em sua área de atuação, avanço de 4,2% no valor investido.

Principal funding do BNB, o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), somou mais de 651 mil operações, com aporte de R$ 25,882 bilhões, o que representa uma estabilidade ante os R$ 25,842 bilhões de 2020. No Ceará, o FNE foi responsável por aplicações da ordem de R$ 2,568 bilhões, uma forte retração ante os R$ 4,100 bilhões de 2020.

Fazendo o recorte do Ceará, o BNB financiou R$ 6,71 bilhões em 2021. Um dos destaques foi o microcrédito. Juntando os dois programas de microcrédito do Banco, o resultado de 2021 do BNB no Ceará foi de crescimento de 6,4% nas aplicações ante 2020.

Nas microfinanças, somente o Crediamigo registrou avanço de 6,8% em contratações no período de um ano, com mais de R$ 3,84 bilhões aplicados no Ceará. O resultado do Estado foi melhor do que a média do restante da área de atuação do BNB, já que a instituição teve crescimento de 4,6% na modalidade ano passado, chegando aos R$ 12,67 bilhões em aplicações.

No Agroamigo - programa de microcrédito rural - as contratações alcançaram o patamar de R$ 360,3 milhões no Ceará, o que representa crescimento de 2% em 2021 ante 2020. Em todo BNB, as contratações do Agroamigo subiram e alcançaram R$ 3,39 bilhões, ante os R$ 2,91 bilhões de 2020.

Com relação à operacionalização do programa de microcrédito, o BNB deve internalizar os processos "nos próximos meses", adiantou José Gomes da Costa, presidente do BNB. Vale lembrar que o Instituto Nordeste Cidadania (Inec) geria o programa, mas, por motivos políticos, foi retirado. O BNB até tentou encontrar outro operador, mas não conseguiu.

Outra prioridade do BNB é em aumentar as aplicações em micros e pequenos empreendedores. Considerando o próximo passo da carreira do empreendedor que toma microcrédito, a formalização é uma das bandeiras levantadas por Gomes da Costa. Ele enfatiza que o Banco trabalha para melhorar os processos, acolhimento e velocidade de atendimento desses empreendedores que estão migrando pela formalização e ampliando seus negócios, como também os que procuram por microcrédito.

Gomes da Costa fala em fazer parcerias com fintechs para que o processo de cadastramento seja agilizado, diminuindo tempo dos processos. "Já temos fintechs no mercado que captam informações com base na Receita Federal, documentos de contrato social, além das informações elementares dos sócios, a partir da passagem desse pacote de informações teremos mais agilidade".

"Esperamos que a agilização no atendimento a demanda cresça. Demanda para microcrédito existe", completa.

Nova linha de financiamento no radar

Apesar dos mais de R$ 8,3 bilhões aplicados em projetos de infraestrutura com recursos do FNE em 2021, o valor não tem sido suficiente para atender a demanda, diz o presidente do BNB, José Gomes da Costa. A saída analisada por ele são duas: parcerias com outros bancos financiadores, como BNDES e BID, para complementar o funding destinado aos projetos, e o lançamento de um novo fundo de infraestrutura.

Se a primeira opção ainda é vista como potencial e passível de análises e negociações, a segunda alternativa parece mais próxima. Segundo O POVO apurou, o lançamento desse novo fundo pode ser anunciado em abril.

Segundo o balanço do BNB, a maior parte dos aportes com FNE em infraestrutura foram para empreendimentos do setor de energia, com mais de R$ 6,1 bilhões. Dentro desse recorte, R$ 3,9 bilhões foram destinados a projetos de energia solar fotovoltaica. Outros R$ 3,09 bilhões foram para projetos de energia eólica. Além de R$ 858 milhões para projetos de transmissão de energia.

Outro aporte importante em infraestrutura foi destinado ao setor aeroportuário, de R$ 817,8 milhões, principalmente na realização de obras nos aeroportos concedidos à Aena, como foi o caso do Aeroporto de Juazeiro do Norte. No Ceará, houve total de sete operações de infraestrutura que receberam recursos do BNB, somando aporte de R$ 563,1 milhões.

 

DESEMPENHO DO BANCO DO NORDESTE EM 2021

Resultado operacional
R$ 2.814,2 bilhões

Lucro líquido
2020: R$ 1.019,2 bilhão
2021: R$ 1.618,5 bilhão +59%

Fatores destacados como motivos para maior variação do lucro líquido
• Redução da Taxa de Administração do FNE, de 2,1% para apenas 1,0% nos meses de julho/2021 até setembro/2021, período em que vigeu a MP Nº 1052 contemplando esses termos.
• Elevação da carteira do Crediamigo em mais de R$ 860,0 milhões (aumento de 15,8% em apenas 6 meses), permitindo incremento nas margens financeiras do Banco (já que possui operações com baixo risco e melhor receita financeira)
• Elevação das receitas oriundas de operações de crédito do FNE com risco para o Banco, pelo incremento do saldo da carteira
• Mesmo com elevação do saldo da carteira de crédito (tanto do Banco como FNE), houve redução do resultado do risco de crédito, o que retrata melhoria na qualidade da carteira

Inadimplência (%)
2021
FNE (carteira total): 5,5
Crediamigo: 3,8
BNB Carteira Própria: 3,0

Resultados
Ativos BNB: R$ 60,3 bilhões
Ativos FNE: R$ 107,8 bilhões
Patrimônio Líquido: R$ 7,47 bilhões
Patrimônio de referência: R$ 9,95 bilhões

CARTEIRA DE APLICAÇÕES DO BNB
Na área de atuação do banco
Participação de crédito de longo prazo: 59,5%
Financiamento de longo prazo industrial e comercial: 65,7%
Financiamento de longo prazo rural e agroindustrial: 53,3%

Valor aplicado / Número de operações
FNE: R$ 25,9 bilhões / 651,03 mil
MPE: R$ 3,9 bilhões / 27,3 mil
Crediamigo: R$ 12,7 bilhões / 4,3 milhões operações
Agroamigo: R$ 3,4 milhões / 589,7 mil operações
Infraestrutura: R$ 8,4 bilhões / 91 operações

Contratações FNE 2021
Agricultura: R$ 4.112,4 bilhões
Pecuária: R$ 5.260,6 bilhões
Agroindústria: R$ 371,0 milhões
Indústria: R$ 1.596,9 bilhão
Comércio e Serviços: R$ 5.508,5
Turismo: R$ 416,6 milhões

FNE Infraestrutura 2021
Fotovoltaica: R$ 3.110,5 bilhões
Eólica: R$ 3.095,8 bilhões
Transmissão de energia: R$ 858,1 milhões
Aeroportuário: R$ 817,8 milhões
Saneamento básico: R$ 216 milhões
Portuário: R$ 172 milhões
Comunicações: R$ 90 milhões
TOTAL APLICADO: R$ 8.360,2 bilhões

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