Logo O POVO+
Indícios de lítio e grafita são estudados para mineração no Ceará
Economia

Indícios de lítio e grafita são estudados para mineração no Ceará

| Exploração | Serviço Geológico Nacional revelou estudo para os dois minérios e disse fechar parceria para futuros estudos com o Governo do Estado
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Acordo de Cooperação Técnica entre o Governo do Estado e o Serviço Geológico do Brasil vai catalogar dados do potencial mineral no Ceará
 (Foto: Carlos Gibaja/Governo do Ceará)
Foto: Carlos Gibaja/Governo do Ceará Acordo de Cooperação Técnica entre o Governo do Estado e o Serviço Geológico do Brasil vai catalogar dados do potencial mineral no Ceará

O Ceará será alvo de uma pesquisa do Serviço Geológico do Brasil (SGB) – uma estatal vinculada ao Ministério de Minas e Energia – para a investigação de jazidas de lítio e grafita. Os minerais são base para componentes eletrônicos e também são utilizados na armazenagem e condução de energia elétrica. A pesquisa faz parte do “Estudo Geoeconômico do Estado do Ceará”, realizado a partir da parceria entre Estado e SGB e que vai catalogar dados e informações de caráter técnico-científicos para a análise das potencialidades do setor mineral cearense.

Enquanto o Lítio tem Solonópole como local de pesquisa, a grafita é investigada nos municípios de Deputado Irapuan Pinheiro, Piquet Carneiro, Solonópoles, Canindé e Itapiuna. Caso as jazidas sejam de tamanhos significativos, a expectativa é despertar o interesse da indústria de mineração, a qual, por sua vez poderia atender as empresas de energia que já estão no Ceará.

Para o Estado, segundo destacou o secretário estadual Maia Júnior (Desenvolvimento Econômico e Trabalho), a existência dos minérios seria estratégica pelos projetos de transição energética em curso, com as energias renováveis e o hidrogênio verde na esteira. “Estamos focando nisso porque pode fortalecer muitos grandes negócios para o Ceará no futuro. Hoje, o Estado exporta manganês, minério de ferro, estamos com pesquisa de vanádio e minério de ferro em Tauá e ouro em Pedra Branca. O Ceará tem tido expansão e atraído investidores de fora do Brasil”, afirmou.

“Nós estamos trabalhando com elementos da transição energética. Temos um projeto de lítio na região de Solonópole. Estamos fazendo o mapeamento e deveremos entregar os resultados ainda neste ano. Estamos trabalhando no que chamamos de província grafítica do Ceará, onde acreditamos que tem potencial para diversos depósitos de grafita”, informou Marcio Remédio, diretor de Geologia e Recursos Minerais do SGB.

Ele, juntamente com Esteves Colnago, diretor-presidente da estatal, esteve no início da tarde de ontem com a governadora Izolda Cela (PDT) para fechar uma parceria na realização de estudos e informaram ainda de tornar a Residência de Fortaleza em uma Superintendência do SGB, “o que implica em ainda mais ações locais.”

Estudos base

As investigações desenvolvidas pelo Serviço Geológico do Brasil são base para os estudos de viabilidade das indústrias e, como explica o diretor de Geologia e Recursos Minerais, abordam desde a pesquisa até o monitoramento de recursos hídricos, bem como recursos minerais.” A partir dos documentos gerados, setores da mineração, indústria e ainda pecuárias observam novas oportunidade de negócio.

“Atualmente, nós acabamos de entregar há cerca de 1 ano atrás o mapa geológico do Estado na escala de 1 para 500 mil atualizado, diversas folhas cartográficas em regiões promissoras para ocorrência de depósito mineral”, afirmou, acrescentando que os processos são “realizados através de geoquiímica e geofísica, com mapeamento de campo, e também produtos específicos voltados para certos minerais.”

“Agora, nós vamos aprofundar com esse convênio a validação quantitativa desses potenciais minerais do Estado do Ceará. Esse trabalho é que vai definir regiões e volumes que a gente pode explorar e vão permitir abrir uma fronteira nova, que é o setor privado”, completou Maia Júnior.

Mapa de rochas ornamentais

Outro item que tem despontado na balança comercial cearense também motivou os trabalhos da estatal, de acordo com Marcio Remédio. Trata-se da exploração de rochas ornamentais, que tem no solo cearense a existência de variedades únicas e bastante cobiçadas mundo a fora.

Com mineradoras cearenses e de fora do Estado – principalmente do Espírito Santo, principal polo brasileiro – o setor movimentou US$ 6,56 milhão entre janeiro e março deste ano. A expectativa é de que o chamado “mapa de potencial de rochas ornamentais” seja entregue até o fim deste ano pelo Serviço Geológico Brasileiro.

Parceria pode atender preocupação ambiental

O Acordo de Cooperação Técnica entre o Governo do Estado e o Serviço Geológico do Brasil (SGB) deve abrir margem ainda para parcerias em estudos de análises que envolvam a preservação ambiental. Em fevereiro deste ano, após o acidente de janeiro em Capitólio no qual uma rocha caiu sobre lanchas, profissionais do SGB desenvolveram dois projetos-piloto para o mapeamento de risco em áreas turísticas do Brasil. A ação começou pelos Cânions do Xingó nos estados de Sergipe e Alagoas e os Cânions do Poti no Piauí.

"O senhor Esteves Colnago (diretor-presidente do Serviço Geológico do Brasil), na conversa com a governadora Izolda Cela, ao explicar um problema que aconteceu em Furnas e os trabalhos que desempenhou no Rio São Francisco, colocou que, dependendo da demanda, poderiam ajudar o Estado do Ceará nessa questão", informou o secretário estadual Maia Júnior (Desenvolvimento Econômico e Trabalho).

A mineração tem sido alvo de preocupações pelo País após acidentes em barragens em Minas Gerais e, no Ceará, as atenções foram intensificadas após a contaminação do Rio Poti por minério de ferro e o interesse na exploração de urânio em Santa Quitéria.

O que você achou desse conteúdo?