O volume de financiamentos imobiliários com recursos da poupança voltaram a crescer no Ceará no mês de maio. Após o desempenho esfriar nos últimos três meses, maio fechou com R$ 266,2 milhões em valor financiado e 946 unidades habitacionais negociadas. Os dados são da Associação das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
Ainda assim, o cenário dos financiamentos imobiliários no Ceará está bem menos movimentado do que o desempenho de 2021, com queda de 23,7% de queda na quantidade de unidades financiadas e redução de 10,5% no valor financiado com recursos das cadernetas do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE).
Cruzando os dados de volume de crédito pela quantidade de imóveis financiados, o custo médio total de uma unidade no Ceará ficou em R$ 281,4 mil. Alta de 35,4% em relação a média de igual período do ano passado (R$ 207,2 mil).
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A alta da taxa básica de juros e da inflação é ponto decisivo para isso, avalia o conselheiro do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Ceará (Ibef Ceará), Wilton Daher. A queda na demanda por financiamentos com a poupança, mostra que o cenário macroeconômico afugenta as pessoas que estão propensas a adquirir imóveis.
"Em maio de 2021 a Selic estava em 3,5%. E agora está em 13,25%. É um ajuste significativo. Nunca é um só evento de mercado que impacta numa queda como esta no financiamento imobiliário, mas temos uma soma de juros, inflação e instabilidade política."
"As famílias já estão endividadas demais, e a situação está piorando por conta das altas de preços dos produtos, inclusive para o setor de construção, que acaba repassando a alta nos custos ao consumidor final", analisa Wilton.
O presidente do Sindicato das Construtoras do Ceará (Sinduscon-CE), Patriolino Dias de Sousa, entendem que os números estão numa condição de estabilidade neste primeiro semestre, já que é na metade final do ano que é aguardado um maior aquecimento nos negócios.
Patriolino ainda enfatiza que, apesar da alta das taxas por conta do reajuste da Selic, a Caixa Econômica Federal ainda conta com condições mais atrativas no mercado e lidera esse mercado de SBPE. Ainda destaca o momento de turbulência na economia como preocupante, mas como os negócios do setor envolvem acordos de longo prazo, a situação deve se normalizar.
"Tranquilo não, mas diria que está sob controle. Lógico que com a Selic em alta o consumidor está mais receoso, mas ele pode contratar no momento de turbulência e depois buscar uma portabilidade e conseguir condições melhores com os bancos", afirma.
No Brasil, os financiamentos imobiliários com crédito do SBPE atingiram R$ 17 bilhões em maio, melhor resultado do ano e segundo melhor para o mês na série histórica. Houve alta de 49,2% ante o mês anterior, porém, houve queda de 2,5%.
Com relação à quantidade de unidades financiadas, em maio, houve queda de 2,1% nos negócios, na comparação com maio de 2021. Nos primeiros cinco meses de 2022, foram financiados 293 mil imóveis com recursos da poupança SBPE no País, uma retração de 11,7% em relação ao igual período do ano passado.
Evolução dos financiamentos imobiliários no Ceará em 2022
Janeiro
Unidades - 1.331 (-7,6%, ante 2021)
Valor financiado - R$ 293,4 milhões (11,8%, ante 2021)
Fevereiro
Unidades - 918 (5,2%, ante 2021)
Valor financiado - R$ 207,7 milhões (2,5%, ante 2021)
Março
Unidades - 971 (-37,4%, ante 2021)
Valor financiado - R$ 233 milhões (-24%, ante 2021)
Abril
Unidades - 831 (-32,4%, ante 2021)
Valor financiado - R$ 195,1 milhões (-25,4%, ante 2021)
Maio
Unidades - 946 (-35,2%)
Valor financiado - R$ 266,2 milhões (-12,1%, ante 2021)
Acumulado no ano
Unidades - 4.997
(-23,7%, ante 2021)
Valor financiado - R$ 1,19 bilhões (-10,5%, ante 2021)
SBPE
A poupança SBPE de maio, segundo o levantamento da Abecip, registrou captação líquida positiva pela primeira vez no ano (R$ 1,01 bilhão)