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Selic vai a 14,25% ao ano, na maior taxa desde 2016, e alta de 0,5 já é esperada
Economia

Selic vai a 14,25% ao ano, na maior taxa desde 2016, e alta de 0,5 já é esperada

Esta é a quinta alta seguida da taxa básica de juros, sendo a terceira de um ponto percentual. Economistas alertam para outro aumento na próxima reunião
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ESPECIALISTA alertam para impacto da Selic na redução do consumo desaceleração da economia  (Foto: Lorena Louise, em 23/12/24)
Foto: Lorena Louise, em 23/12/24 ESPECIALISTA alertam para impacto da Selic na redução do consumo desaceleração da economia

O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu elevar em um ponto percentual a taxa básica de juros (Selic), que passará a ser 14,25% ao ano, e uma nova subida é esperada. A alta colocou o índice no mesmo patamar registrado durante a crise econômica deflagrada no governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016.

A decisão foi tomada por unanimidade nesta quarta-feira, 19 de março. Segundo o comunicado, o ambiente externo “permanece desafiador em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, principalmente pela incerteza acerca de sua política comercial e de seus efeitos.”

Já no cenário doméstico, os integrantes do Copom avaliam que os indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho têm apresentado dinamismo. “A inflação cheia e as medidas subjacentes mantiveram-se acima da meta para a inflação e novamente apresentaram elevação nas divulgações mais recentes.”

Este é o quinto aumento seguido. Após chegar a 10,50% ao ano, de junho a agosto do ano passado, a taxa começou a ser elevada em setembro do ano passado, com uma alta de 0,25 ponto, uma de 0,5 ponto e duas de 1 ponto percentual.

A aceleração desse processo ocorre em um contexto de pressão inflacionária, com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulando alta de 1,47% no primeiro bimestre de 2025.

Nesse sentido, Flávio Serrano, economista-chefe do Banco BMG, ressaltou que o ponto de dúvida dessa decisão estava muito mais concentrado na comunicação para os próximos encontros.

“Confirmando nossas expectativas, o Copom antecipou que deverá continuar o ciclo de aperto monetário na próxima reunião com um ajuste de menor magnitude. Assim, reforçamos nossa expectativa de um aumento de 50bps para 14,75% a.a. no encontro de maio.”

No entanto, em sua visão, este seria o último movimento do ciclo de alta de juros. Por outro lado, Paulo Cunha, CEO da iHUB Investimentos, alerta que parte do mercado já precifica uma Selic próxima de 15% até o fim de 2025. 

“O grande dilema é se o Banco Central vai elevar a Selic até 15% e, se isso ocorrer, por quanto tempo manterá essa taxa elevada. Esse fator será determinante para o comportamento dos ativos de renda fixa e variável nos próximos meses”, afirma.

Apesar da alta de um ponto na taxa básica de juros, o Brasil caiu da segunda para a quarta posição no ranking dos maiores juros reais (descontada a inflação) elaborado pelo site MoneYou, com 8,79%. O País fica atrás da Turquia (11,90%), Argentina (9,35%) e Rússia (8,91%), e à frente de Indonésia (6,48%).

Além disso, Sidney Lima, analista CNPI da Ouro Preto Investimentos, pontua que a decisão encarece o crédito, reduz o consumo e pode desacelerar a economia no médio prazo, mas reforça o compromisso com a estabilidade de preços.

“O impacto imediato deve ser uma maior atratividade da renda fixa para investidores estrangeiros, fortalecendo o real e reduzindo a pressão sobre o câmbio. No entanto, a taxa elevada pode desestimular o investimento produtivo e impactar o crescimento.”

Também explica que a decisão ocorre no momento em que o Federal Reserve (Fed, Banco Central norte-americano) optou por manter os juros estáveis entre 4,25% e 4,50%.

“Esse cenário favorece o Brasil, ao ampliar o diferencial de juros, atraindo capital estrangeiro e ajudando a estabilizar o câmbio. No entanto, sem ajustes fiscais e um ambiente econômico confiável, os efeitos positivos da alta dos juros podem ser limitados.” 

Análise: Defesa enfática de Hugo Motta de redução de juros surpreende? | O POVO News

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Histórico das reuniões da Selic desde o maior patamar antes deste de 2025

As datas a seguir representam as reuniões do Copom:

2º mandato Dilma Rousseff

  • 31/8/2016 - 14,25% ao ano - mesmo dia em que Dilma sofreu impeachment e Michel Temer assumiu a Presidência. Ilan Goldfajn era o presidente do BC desde 9 de junho de 2016
  • 30/11/2016 - 13,75% ao ano
  • 6/12/2017 - 7% ao ano
  • 12/12/2018 - 6,50% ao ano

Roberto Campos Neto era o presidente do BC no mandato Jair Bolsonaro

  • 11/12/2019 - 4,50% ao ano
  • 9/12/2020 - 2% ao ano
  • 8/12/2021 - 9,25% ao ano
  • 7/12/2022 - 13,75% ao ano

3º mandato Lula com Roberto Campos Neto presidente do BC até 1 de janeiro de 2025. Gabriel Galípolo assumiu logo depois

  • 1/2/2023 - 13,75% ao ano
  • 22/3/2023 - 13,75% ao ano
  • 3/5/2023 - 13,75% ao ano
  • 21/6/2023 - 13,75% ao ano
  • 2/8/2023 - 13,25% ao ano
  • 20/9/2023 - 12,75% ao ano
  • 1/11/2023 - 12,25% ao ano
  • 13/12/2023 - 11,75% ao ano
  • 31/1/2024 - 11,25% ao ano
  • 20/3/2024 - 10,75% ao ano
  • 8/5/2024 - 10,50% ao ano
  • 19/6/2024 - 10,50% ao ano
  • 31/7/2024 - 10,50% ao ano
  • 18/9/2024 - 10,75% ao ano
  • 6/11/2024 - 11,25% ao ano
  • 11/12/2024 - 12,25% ao ano
  • 29/1/2025 - 13,25% ao ano
  • 19/3/2025 -14,25% ao ano

Fonte: Banco Central

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