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Após baque do tarifaço, Ceará registra 11% de melhora na venda para os EUA
Economia

Após baque do tarifaço, Ceará registra 11% de melhora na venda para os EUA

| SETEMBRO |Apesar do avanço em relação ao mês de agosto, peso dos EUA na pauta cearense ficou em 37%, abaixo da média anterior às tarifas (52%)
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EXPORTAÇÕES cearenses aos Estados Unidos subiram 11,9% entre agosto e setembro, segundo o Mdic (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE EXPORTAÇÕES cearenses aos Estados Unidos subiram 11,9% entre agosto e setembro, segundo o Mdic

Passados dois meses do início do tarifaço imposto pelos Estados Unidos às exportações brasileiras, o Ceará, proporcionalmente o estado mais afetado pela medida, observa melhora de 11,9% nas vendas ao país.

Entre agosto e setembro, o volume de mercadorias cearenses enviadas aos EUA subiu de US$ 52,59 milhões para US$ 58,88 milhões. Com isso, o peso do mercado norte-americano para a pauta
exportadora cearense aumentou de 34,7% para 37% no período.

Os dados fazem parte do levantamento mensal do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic). No Nordeste, apenas Ceará e Maranhão (+149%) apresentaram altas na passagem dos meses.

Na série histórica recente, o saldo da balança comercial cearense apresentou déficit de 454,2 milhões, entre janeiro e setembro - o melhor dos últimos quatro anos nos nove primeiros meses do ano. O resultado é melhor do que o igual período de 2024, de 1,2 bilhão negativo.

Apesar da leve melhora de cenário em setembro, os números continuam bem aquém em relação aos registrados antes do tarifaço. Segundo o Mdic, entre janeiro e julho, o Ceará mantinha média de 52% das
exportações direcionadas aos Estados Unidos. Em 2024, o país representou 44,9%.

Para o economista Ricardo Coimbra, o que é interessante observar é que, mesmo com o tarifaço, o ritmo de crescimento se manteve no Estado e ainda continua tendo participação no mercado americano. “Ou seja, houve um impacto, mas esse impacto não foi na magnitude que se esperava”.

O economista ainda destaca que a abertura de diálogo entre os dois presidentes, pode contribuir para que setores que continuam sendo afetados pelo tarifaço possam se recuperar a partir da reabertura do mercado.

“Em função dessa primeira reunião que houve entre o Lula e o Trump, na última segunda-feira, 6, há um indicativo de que esse cenário pode ser trabalhado mais adiante. Isso pode potencializar e fortalecer ainda mais o crescimento das exportações. Ou seja, esses setores impactados, parte deles pode voltar a ocupar espaço nas exportações para o mercado americano”.

Neste sentido, para além da histórica relação comercial e amizade entre as nações, o diálogo entre as lideranças políticas de Brasil e Estados Unidos é o que deve contribuir para o alívio de sanções econômicas. Isso é o que espera o presidente da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), Abraão Neto.

Nacionalmente, a balança comercial com os Estados Unidos acumula, de janeiro a setembro, queda de 0,6% nas exportações e aumento de 11,8% nas importações (somente em setembro a queda foi de 20%), ampliando o superávit comercial dos EUA em relação ao Brasil para US$ 5,1 bilhões.

A avaliação da Amcham Brasil é que as sobretaxas têm gerado distorções na corrente de comércio e efeito adverso para empresas e consumidores de ambos os países.

O entendimento da entidade é de que o diálogo entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, na última segunda-feira, 6, representa um passo importante para construção de uma solução.

"O comércio Brasil–EUA é sustentado por uma ampla rede de empresas, investimentos e interesses mútuos. Esperamos que o diálogo entre os presidentes abra caminho para negociações que devolvam previsibilidade e permitam preservar e expandir o comércio e os investimentos bilaterais”, afirma Abraão Neto.. (Colaborou Adriano Queiroz)

Lula e Trump trocam contatos pessoais após conversa sobre tarifaço de 50% | O POVO

 

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Itens

Os principais produtos vendidos
foram: os

semimanufaturados

de outras ligas de aço, com US$ 34,7 milhões; outros produtos

semimanufaturados

de ferro ou aço, com US$ 29,5 milhões; além dos melões frescos, com US$ 13,5 milhões.

IMPORTAÇÕES

No caso das importações, o movimento foi diferente. Na comparação de setembro com agosto de 2025, houve crescimento de 12,6% no volume importado, passando de US$ 209,7 milhões para US$ 236,1 milhões.

Termoelétrica da CSP
Termoelétrica da CSP

Outros mercados ganham espaço

Do início do tarifaço para cá, a participação dos EUA na pauta de exportações do Ceará caiu 15 pontos percentuais, de 52% para 37%, segundo dados do Mdic.

Mas, outros países aumentaram sua participação. Destaque para Polônia, de 2,5% para 12,3% em setembro, e da Holanda, de 3,7% para 7,2%.

Em setembro, a Polônia alcançou US$ 19,5 milhões em negócios, a Holanda US$ 11,5 milhões, a China US$ 7,8 milhões, a Colômbia US$ 6 milhões. No mesmo período, os Estados Unidos receberam US$ 58,9 milhões.

Augusto Fernandes, especialista em comércio exterior e CEO da JM Negócios Internacionais, destaca que a variação positiva se refere mais a um movimento estratégico da ArcelorMittal Pecém, principal exportadora do Estado, do que um trabalho de abertura de novos mercados. O que classifica como uma "missão árdua" e que não é concluída em pouco tempo.

"A ArcelorMittal tem operações na Polônia e pode estar redirecionando produtos de aço para serem industrializados. Mas todos os setores estão buscando novos mercados, não tem quem não esteja", destaca, citando o caso do setor de mel, que participou de feira internacional e conseguiu fechar acordo para envio de produtos a Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

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