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Redação Enem 2020: A adolescência e o despertar para o exercício da cidadania
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Redação Enem 2020: A adolescência e o despertar para o exercício da cidadania

Adolescentes estão prontos para exercer seus direitos e deveres na vida em sociedade e, até mesmo, transformá-la por meio da educação, da cultura e do voto nas eleições deste ano
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URNA ELETRÔNICA: 2020 é ano de eleições municipais para prefeito e vereador (Foto: FABIO RODRIGUES-POZZEBOM/ABR)
Foto: FABIO RODRIGUES-POZZEBOM/ABR URNA ELETRÔNICA: 2020 é ano de eleições municipais para prefeito e vereador

Em novembro, alguns milhões de eleitores em todo o Brasil deverão escolher prefeitos, vice-prefeitos e vereadores nas eleições que deveriam ter acontecido em outubro e que foram adiadas pela pandemia do novo coronavírus. Ao olhar para a participação de jovens, estatísticas divulgadas em agosto pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontam que o número deles aptos a votar caiu, em comparação com o registrado nas eleições de 2016. Segundo o TSE, a redução do eleitorado adolescente tem ocorrido historicamente, mas pode ter sido acentuada pelo fechamento dos cartórios eleitorais em razão da pandemia de Covid-19.

“Não são apenas os adolescentes que não querem votar, e sim a sociedade como um todo, que só comparece às urnas porque é obrigada. Como o voto aos 16 anos é facultativo, muitos adolescentes optam por não tirar o título de eleitor. As pessoas não têm crença que o voto vai mudar alguma coisa porque não têm a compreensão de que a política é algo fundamental para a sociedade. No entanto, a política que vai além do que sejam os partidos. Ela pertence a todos”, destaca Márcio Alan Moreira, membro da Comissão Especial de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente da Ordem dos Advogados do Brasil no Ceará (OAB-CE).

Segundo o advogado, o primeiro contato que a maioria dos adolescentes têm com a cidadania acontece na escola, que desempenha um papel para além das questões curriculares. Por meio da representação estudantil (grêmio) e do conselho escolar, que têm representação de estudantes, os jovens conseguem participar das decisões de gestão.

“Os adolescentes passam boa parte da vida na escola, que funciona como grande núcleo social. Muitas atividades culturais ocorrem por meio da escola, que precisa estimular a manifestação de cultura da adolescência, como o teatro e a música, porque muitas vezes, os adolescentes não conseguem se expressar de outra forma que não seja pela arte, como dança, teatro e música. O hip hop e o rap, por exemplo, são estilos musicais que constantemente retratam a realidade vivida por esses jovens e as dificuldades para o exercício pleno da cidadania”, indica.

O cearense Felipe Caetano discursa na sede da ONU, em Nova Iorque
O cearense Felipe Caetano discursa na sede da ONU, em Nova Iorque

Alguns adolescentes ativistas no Brasil e no mundo

Felipe Caetano (Aquiraz, Ceará, 17 anos)

@felipecaetanoc

O menino que teve de trabalhar na infância catando latinhas fez um discurso contra o trabalho infantil diante de uma plateia internacional formada por representantes de dezenas de países na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque (EUA). Aluno de uma escola pública, Felipe se interessou sobre o assunto enquanto ainda cursava o 1º grau. Não parou mais de ler e se informar sobre os direitos das crianças e os males que o trabalho infantil causa. O rapaz acredita que só a educação e a participação cidadã de crianças e adolescentes serão capazes de mudar o mundo.

MC Sofia (São Paulo, 16 anos)

@mcsoffia

MC Soffia ficou famosa quando tinha apenas 12 anos, cantando na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos do Rio em 2016. Nascida na periferia de São Paulo, teve o incentivo da mãe, que apresentava para a menina histórias de mulheres negras que deveriam servir de inspiração e como fonte de orgulho. Foi listada com personalidade importante em listas internacionais e atualmente é considerada uma referência para crianças e jovens, principalmente negros, e aos poucos vem conquistando mais espaço na cena do rap com letras que elevam a auto estima, confiança e empoderamento.

Greta Thunberg (Suécia, 17 anos)

@gretathunberg

Greta tinha 15 anos quando decidiu não frequentar a escola. Pelo menos, até as eleições gerais na Suécia, onde várias ondas de calor e incêndios estavam acontecendo. Ela queria que o governo da Suécia reduzisse as emissões de carbono e protestou sentando do lado de fora do parlamento todos os dias, durante o horário escolar, empunhando um cartaz onde se lia: “De greve da escola pelo clima”. Apesar da pouca idade e de ter condições médicas como autismo e Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), a jovem discursou em eventos importantes e ganhou prêmios pelo reconhecimento de seu ativismo.

Malala Yousafzai (Paquistão, 23 anos)

@malala

Quando tinha apenas 11 anos, Malala escreveu um blog para a rede britânica de comunicação BBC, onde detalhou o cotidiano durante a ocupação talibã e o que ela pensava sobre a educação para as meninas onde morava. Infelizmente, alguns anos depois, ela sofreu uma tentativa de assassinato pelo talibã e ficou muito ferida. Aos 17, reconhecida pela luta contra a repressão de crianças e jovens e pelo direito de todas as crianças à educação, independentemente de gênero, a adolescente ganhou o prêmio Nobel da Paz, sendo a pessoa mais jovem a receber a honraria.

GLOSSÁRIO

Cidadania: é o acesso a um conjunto de direitos de regras universais válidas para todos em qualquer lugar. "Cidadania: direito de ter direito".

Cidadão: é o indivíduo que tem consciência de seus direitos e deveres e que participa ativamente de todas as questões da sociedade.

Adolescência: o período da vida humana que começa com a puberdade e se caracteriza por mudanças corporais e psicológicas, estendendo-se, aproximadamente, dos 12 aos 20 anos. Ativismo: ação continuada com vistas a uma mudança social ou política, privilegiando a ação direta, que inclui a defesa, propagação e manifestação pública de ideias.

Política: Se refere àquilo que é público, ou seja, aos bens comuns dos cidadãos. As formas pelas quais os grupos se organizam para decidirem o que vai afetar a todos é um dos principais objetos da política. Os três grandes pilares da política são a resolução de conflitos, a tomada de decisões e o poder.

Ação Humanitária: ação com o objetivo de salvar vidas, aliviar sofrimento e manter a dignidade humana durante e depois de uma crise natural ou induzida por humanos, além de ações para prevenir e se preparar para essas crises.

Ativismo: exercitado em rede e nas redes, ele é o meio em que pessoas praticam sua cidadania política para transformar não só o lugar onde vivem como a si próprias.

Fontes: Programa Pró-Equidade Fundação Oswaldo Cruz / plenarinho.leg.br (Câmara dos Deputados) / Visões de Futuro+15 / Programa de Prevenção e Eliminação da Exploração Sexual Comercial de Crianças e Adolescentes na Tríplice Fronteira Argentina/Brasil/Paraguai / Norma Humanitária Essencial para Qualidade e Prestação de Contas/ Greenpeace Brasil

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