O bairro Pirambu é um dos maiores desafios da segurança pública cearense. No local, age a facção criminosa Comando Vermelho (CV), cujo chefe, Carlos Mateus da Silva Alencar, o “Fiel” ou “Skidum”, está há anos refugiado no Rio de Janeiro. De lá, conforme investigações, ele envia ordens para seus comandados: homicídios, extorsões, ameaças e tráfico de drogas resultam dessa conexão criminosa.
Não bastasse os mandos e desmandos da facção, investigações indicam que um grupo de PMs se organizava para praticar extorsões e assassinatos. Até mesmo um nome foi cunhado para o grupo, “Tudo Quatro”, numa referência às letras da sigla PMCE. Uma das bases de atuação do grupo é a região do Pirambu, mas os crimes ocorriam em toda a cidade e também em Caucaia.
Essas duas realidades se entrelaçaram no último mês de fevereiro. Em 1º de fevereiro, os estabelecimentos do bairro não abriram por ordem do CV, numa tentativa de impor luto pela morte do “02” da facção, que morreu em intervenção policial no RJ. No dia 12, o soldado Bruno Lopes Marques foi morto enquanto estava de folga no Álvaro Weyne. No local, foi deixada uma blusa com a foto do faccionado morto no Rio e há linha de investigação que aponta que o assassinato do PM foi uma retaliação pela morte em intervenção policial.
Já no dia 15, veio a resposta. Dois homens foram mortos no Carlito Pamplona e no Cristo Redentor e a principal suspeita é de que o crime tenha sido cometido por PMs em retaliação à morte de Bruno. No dia 17, seis policiais foram baleados; de acordo com a CGD, eles estavam no Pirambu com o objetivo de matar integrantes do CV, quando foram surpreendidos por criminosos.
Toda essa trama criminosa é, na verdade, uma pequena ponta do iceberg. Só dois suspeitos de matarem Bruno e um dos PMs da suposta organização criminosa foram presos. Outros cinco policiais foram afastados, mas é pouco. Como mostrou de forma aprofundada a reportagem “Conflito entre facção e PMs investigados amedronta Grande Pirambu”, no O POVO +, há suspeitas de envolvimento de outros policiais no grupo. Há ainda a prisão de Skidum a ser feita, talvez o maior dos “alvos de alto valor” da SSPDS atualmente.