Com equipamentos produzidos sob encomenda na Alemanha, exposição do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens (MPPCN), de Santana do Cariri (CE), será reinaugurada nesta segunda-feira, 14, às 17h. Ela contará com atividades lúdicas e dispositivos tecnológicos educativos, transformando a experiência no museu e dando continuidade a um trabalho de expansão promovido nos últimos anos na instituição.
"Na minha perspectiva, o museu deixa de ser de Paleontologia e vira um museu de Ciência", orgulha-se Allysson Pinheiro, diretor do MPPCN e conselheiro dos Geoparques Mundias da UNESCO. "Com os equipamentos, vamos conversar com os visitantes sobre física, química, cristalização, origem da terra, evolução... Tudo isso de forma lúdica, podendo que as crianças brinquem e aprendam."
Entre as novas atrações, estão jogos digitais, tanques de escavação e quebra-cabeças gigantes. Com eles, será possível entender como funciona a fossilização, como os pterossauros voam e até as diferenças e semelhanças anatômicas de humanos, outros mamíferos e pterossauros.
Segundo Allysson, os equipamentos seguem a mesma linha dos expostos no Laboratório dos Sentidos do Museu de Imagem e Som (MIS) de Fortaleza (CE). Eles foram encomendados de uma empresa alemã especializada em tecnologias interativas para museus, com financiamento do projeto Promotec II, da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior (Secitece).
A exposição integra uma série de novidades no museu de Santana do Cariri. No começo do ano, a instituição conseguiu, pela Prefeitura de Santana do Cariri, a doação de uma nova sede para a reserva técnica do museu.
É um galpão próximo ao endereço atual que passará por reformas para receber o acervo de materiais para estudos científicos. Conforme explica Allysson, o projeto da nova estrutura já está finalizado; agora, a procura é por financiamento para reformar o local.
A reinauguração do MPPCN é parte de um evento que discutirá a história do patrimônio fossilífero do Cariri e do Brasil e os esforços de repatriação de fósseis contrabandeados. "Nós vamos conversar com instituições brasileiras e de fora do Brasil para avançar nesse quesito", explica Allysson.
No começo do mês, o Brasil recebeu 25 fósseis de insetos que estavam sendo vendidos ilegalmente em sites do Reino Unido. O diretor reforça que os materiais estão em Brasília e aguardam viagem para Juazeiro do Norte.
Eles integram somente um dos incontáveis casos de repatriação de fósseis caririenses. "Tem muita coisa em andamento", destaca Allysson. Há, por exemplo, negociações com os museus de Portugal e da Suíça para a restituição de materiais caririenses, assim como outros processos acompanhados a nível policial.
Já outras negociações são governamentais. O Brasil está em contato com a Alemanha para a devolução de um sem-número de fósseis — o país europeu é o principal destino de materiais fossilíferos contrabandeados do Brasil.
Entre eles, o Irritator challengeri, fóssil traficado para a Alemanha provavelmente nos anos 1990. O material é um holótipo — fóssil usado para descrição de novas espécies — de um crânio com focinho alongado.
“Nós já temos uma negociação em curso (sobre o Irritator), e temos sinalizações do governo alemão no sentido de que talvez dê certo (a repatriação), assim como foi com o Ubirajara”, comenta o diretor.
Não há data para a devolução do Irritator, mas Allysson assume que está “confiante” no sucesso da repatriação. “Eles já responderam a partir das provocações da Sociedade Brasileira de Paleontologia. E eu tô confiante.”
O movimento #IrritatorBelongsToBR se fortaleceu nas últimas semanas com um abaixo-assinado digital. Com mais de 15 mil assinaturas na tarde deste domingo, 13, a petição exige o retorno do Irritator e luta pelo fim do colonialismo científico. “Esse movimento não nasceu agora, ele já existe já faz um tempo, mas surgiu novamente com força, o que ajuda no processo”, analisa o pesquisador.
De acordo com Allysson, o Brasil deve viajar à Alemanha no final deste mês para conversar com o governo e os museus alemães. Ele e o coordenador do Observatório sobre Repartimento de Fósseis do Araripe, José Patrício Pereira Melo, integrarão a comitiva. “Talvez a gente já receba alguma coisa lá”, espera o diretor do MPPCN.