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A ameaça dos EUA de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto é um golpe direto à economia, à soberania nacional, mas também é uma tentativa desarrazoada - mais uma - de impor uma nova ordem mundial a partir de interesses próprios do presidente americano, Donald Trump.
Tal como vem fazendo com o Canadá, desde fevereiro, quando ameaçou "anexar o território vizinho", e a vários outros países parceiros, a sanção aplicada ao Brasil - que saiu do piso para uma das mais altas tarifas - é baseada muito mais em razões políticas, do que econômicas.
Os próprios argumentos apresentados na carta ao Brasil - a defesa ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que é réu em um processo por tentativa de golpe de Estado; o questionamento sobre a regulamentação das bigs techs (que é uma discussão mundial e não apenas brasileira); a "violação fundamental da liberdade de expressão dos americanos"; e uma "relação comercial injusta" que sequer é amparada nos números do fluxo comercial entre os dois países - são uma prova disso.
É óbvio que não dá para dobrar a aposta em tarifas e Lula sabe disso. O custo da incerteza comercial que já começa a afetar as operações nos portos, inclusive no Ceará, como mostrou O POVO na última semana, é alto. E ainda assim é apenas um vislumbre do efeito devastador que uma tarifa de 50% pode ter nas empresas, nos empregos, na inflação.
Por isso, é importante dar os nomes que as coisas realmente têm: golpe, ao Brasil e à ordem econômica global. Não só da parte de Trump, mas também de quem o instiga e atenta contra a economia do próprio país em prol de interesses pessoais.
É preciso buscar todos os meios legais e diplomáticos cabíveis para trazer as relações comerciais de volta ao campo econômico, que é onde devem se dar. Uma tarefa que não é só do Brasil, mas das demais nações, sob pena de transformar as negociações entre os países em um "puxadinho", "uma terra sem lei", do mundo que Trump quer criar para si.