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O motim que tomou Câmara e Senado de assalto na última semana é da mesma natureza dos episódios do 8 de janeiro de 2023. Estão presentes ali os elementos que levaram uma turba a depredar as sedes do Congresso, sobretudo o desejo de impor ao andamento do Legislativo uma agenda particular, que só interessa ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e àqueles parlamentares mais preocupados em adquirir uma blindagem contra processos do STF.
O que se viu, então, foi novamente um ensaio de golpismo, à luz do dia, que encontrou uma liderança apequenada e cuja tibieza foi o combustível para que os deputados federais se sentissem encorajados a prosseguir com o bloqueio dos trabalhos, recusando-se a desocupar a cadeira da presidência.
Em seu regimento interno, a Câmara já oferece instrumentos às minorias para obstruírem o trâmite das pautas - nenhum se confunde com o apelo à força. De igual modo, os senadores poderiam ter interposto recursos sem a necessidade de paralisar antidemocraticamente o funcionamento de um dos Poderes da República.
Apenas os adeptos das tiranias se servem desses expedientes, confundindo defesa de liberdade com a restrição do exercício político da maioria. De tudo isso, preocupa ainda o esvaziamento da figura do presidente Hugo Motta (Republicanos-PB), refém da vontade de seus colegas e à sombra da autoridade do seu padrinho e ex-chefe da Casa, Arthur Lira (PP-AL).
Está mais do que evidente que não se trata de alguém à altura da tarefa de comandar a Câmara nesta quadra difícil, mostrando-se acuado e demasiado hesitante quanto o momento exige pronta rseposta e firmeza nas decisões. Era o que se esperava na sexta-feira, por exemplo, quando, mesmo presidindo a mesa, acabou sendo voto vencido na apreciação de medida mais dura contra os amotinados.
Seu acovardamemnto pode custar caro. Tampouco se deve aplaudir o voluntariamo brucutu para o qual todo conflito se resolve com investidas de trator e outras maquinações afeitas a uma mentalidade autocrática.