A semana que passou entrou para a história da criminalidade no Ceará. Na segunda, com um foguetório, a facção Comando Vermelho (CV) comemorou ter passado a atuar em dois territórios, historicamente, hostis ao grupo, Lagamar e Vicente Pinzón. Foi o apogeu de um processo de expansão da facção no Estado que se dá desde meados de 2020.
A manifestação também foi mostra da decadência da facção cearense Guardiões do Estado (GDE). Não à toa, um dia depois, uma outra queima de fogos marcou a aliança da GDE com o Terceiro Comando Puro (TCP) — que, assim como o CV, é originário do Rio de Janeiro.
Há, inclusive, "salves" apontando que a GDE acabou, tendo sido totalmente incorporada ao TCP. Possivelmente, a entrada do TCP em Fortaleza proporcionará aos integrantes da GDE o mesmo que os morros do Rio proporcionam aos membros cearenses do CV: esconderijos relativamente seguros, visto as verdadeiras fortalezas impenetráveis que são as favelas cariocas; e também acesso aos mesmos canais de drogas e armas que os traficantes de lá têm.
Vale lembrar ainda que foi, muito provavelmente, com o intercâmbio com os criminosos cariocas que faccionados do CV passaram a adotar práticas como a cobrança de "taxas" de comerciantes, prestadores de serviço e casas de jogos de azar. Caso os faccionados de GDE/TCP também disponham desse "santuário", a tendência é a guerra de facções no Ceará piorar, o que demandará uma resposta à altura das já sobrecarregadas polícias do Estado.