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Vanderlei Cordeiro de Lima: "A corrida me ensinou a me tornar uma boa pessoa"
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Vanderlei Cordeiro de Lima: "A corrida me ensinou a me tornar uma boa pessoa"

Medalhista olímpico paranaense esteve em evento no Cumbuco, em Caucaia. Ao O POVO, o exmaratonista fala sobre sua história de vida e ensinamentos do esporte
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Vanderlei Cordeiro esteve no Bota Pra Correr Cumbuco, realizado pela Olympikus, nos dias 21 e 22 de outubro (Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal Vanderlei Cordeiro esteve no Bota Pra Correr Cumbuco, realizado pela Olympikus, nos dias 21 e 22 de outubro

Uma maratona sem linha de chegada. O medalhista olímpico Vanderlei Cordeiro de Lima vê o esporte como um mestre de vida. "A corrida me ensinou não só a ser um bom atleta, mas também a me tornar uma boa pessoa". O objetivo final não é apenas o pódio, mas a gratidão e a alegria em cada quilômetro percorrido. Do percurso olímpico nas ruas de Atenas, em 2004, onde ganhou o bronze, para as dunas do Cumbuco. Vanderlei esteve na segunda edição do Bota Pra Correr de 2025, nos dias 21 e 22 de outubro, na praia cearense, localizada em Caucaia, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).

Ao O POVO, ele falou sobre a criação, o percurso como atleta e o pós-carreira. Ele não esquece as origens — nasceu em Cruzeiro do Oeste (PR) e viveu em Itapira (PR) — e resgata a alegria da infância simples para a construção do medalhista olímpico cuja postura de gratidão e resiliência foi admirada em meio às adversidades. Durante a maratona de Atenas, no km 36, uma cena chocou os espectadores: Vanderlei liderava a prova quando foi empurrado por um ex-padre irlandês. Ele conseguiu se desvencilhar, continuou a prova e conquistou o bronze olímpico. E comemorou como se nada o tivesse atrapalhado.  

Ele é um dos poucos atletas no mundo — o único latino-americano — a receber a Medalha Pierre de Coubertin, maior honraria do Comitê Olímpico Internacional (COI) pelo espírito esportivo. Vanderlei também protagonizou outro momento único: foi o responsável por acender a Pira Olímpica na Cerimônia de Abertura dos Jogos do Rio de Janeiro-2016. Além de sua carreira profissional, o atleta discute a evolução das tecnologias esportivas e a democratização da corrida na atualidade. Ele fala sobre a importância da prática para a melhoria da saúde mental e do bem-estar, incentivando pessoas de todas as idades a buscarem o esporte.  

O POVO - Vamos começar lá do começo, lá do Bodeguinha, que é seu apelido lá na sua cidade. Eu queria que você falasse por que seu apelido é Bodeguinha e explicasse um pouco desse contexto de onde você nasceu, cresceu.

Vanderlei Cordeiro de Lima - Bom, na verdade, eu sou filho de nordestino, meu pai paraibano, minha mãe pernambucana, que saíram daqui do Nordeste em busca de condições melhores no Paraná. Mas a vida e as dificuldades permaneceram na família, né? É uma vida de sobrevivência mesmo. Dentro da família, a gente mal fazia para comer. E quando ainda tinha alimento, né? Então, desde 7, 8 anos, eu sempre ajudei meus pais no campo, na lavoura, na roça. Isso era uma questão de sobrevivência mesmo. Uma família muito humilde, mas muito unida, muito apegada fé, na devoção.

Eu cresci dessa forma, nesse ambiente e eu tive uma infância pobre, sem acessos. Mas meus pais, mesmo analfabetos, sempre procuraram direcionar a importância da educação, do estudo e foi na escola que tive a oportunidade de conhecer o esporte, ter um professor que motivou a participar de uns jogos escolares. E foi aí que eu descobri essa aptidão pela corrida, né? Na verdade, não fui eu, não foi nem o Vanderlei, nem o Bodeguinha que escolheu o esporte. Foi o esporte que escolheu o Vanderlei, né? E assim, eu vi que a corrida poderia ser muito mais do que eu imaginava.

A gente, diariamente, num final de dia, se unia para praticar as peladinhas de futebol, né? E eu lembro que naquela reunião de crianças, daqueles garotos lá que lá moravam no bairro no qual vivia, cada um tinha um apelido. E assim, o apelido era direcionado para cada um, era muito espontâneo. Dependendo de como soletrava ou como soava a palavra, se criava um apelido. E aí eu não sei o porquê me colocaram Bodega, né? Era bodeguinha, bodega. E aí que lá naquelas brincadeiras, na infância, cada um tinha um apelido e o meu ficou bodega.

OP - E até hoje ainda te chamam de bodega lá?

Vanderlei - É, até hoje, nessa pequena cidade lá no interior do Paraná, na qual eu cresci, vivi, as pessoas me chamam de bodega e eu me sinto bem. Porque quando eles me chamam de Bodega, sou tratado como Bodega, eu tenho as boas lembranças do meu passado, né? Mesmo diante da pobreza, foi uma infância rica. De muita diversidade e de muitas brincadeiras, assim, improvisadas, que até hoje eu sempre falo: "A gente era feliz e não sabia, né?" Mesmo diante do pouco acesso que a gente tinha naquele momento da vida.

OP - Na escola você começou e teve esse contato inicial com a corrida. Como é que você virou corredor profissional? Em que momento você se viu "agora eu vivo de corrida. Não é só um esporte, um hobby".

Vanderlei - A princípio, no início da carreira, ali no começo, era o prazer de correr. Porque, até naquele momento, a gente não tinha perspectiva da corrida proporcionar algo a não ser o prazer simplesmente da prática. Mas a gente corria por troféu e medalhas, né? Era o prazer nosso. Mas aí eu comecei a usar a corrida para sair daquela pequena cidade para uma cidade maior, para buscar um emprego que me desse uma condição de vida melhor. Não só para mim, mas para a minha família. Então, eu usei a ferramenta do esporte para buscar uma condição de vida melhor.

Só que daí é uma transição, que você vai pegando amor por aquilo que você faz e aí você começa a treinar mais, começa a se dedicar mais, se comprometer, cada vez mais disciplinado e isso vai surtindo o resultado, né? Você vai evoluindo, né? E essa evolução já me colocava numa condição de estar, mesmo na categoria juvenil, ganharam algumas provas no adulto e despertou muita atenção. Porque quando eu chegava nas corridas com 16, 17 anos, era até marcante numa corrida do Interior, falavam assim: "Ó, o Bodega tá". Então, a minha presença nas corridas incomodava os demais atletas, né? Mesmo pequeno, as pessoas já começaram a me respeitar, né?

Então, eu fui evoluindo dessa forma até chegar um ponto que vi que a corrida poderia ser muito mais do que simplesmente proporcionar esses momento e eu coloquei isso como proposta de vida. É isso que eu quero, é isso que eu vou ser. Foi quando eu tinha 17 anos, mesmo menor, ainda contrariei meu pai e minha mãe para que eles me apoiassem e deixasse eu ir para São Paulo. E foi aí que tive essa virada de chave, né? Foi aí que eu realmente me comprometi falando "é isso que eu quero ser". E aí já comecei a alimentar o sonho de um dia estar nos Jogos Olímpicos e aí eu fui e tocando a vida, alimentando sonhos.

OP - Como foi para ti essa oportunidade que de ser um atleta olímpico? Você foi para as Olimpíadas três vezes, não é? Como foi a experiência de uma pessoa que começou a correr de forma despretensiosa chegar a ser um atleta olímpico?

Vanderlei - Olha, eu passei por um processo, né? Primeiro, me tornar um atleta de nível, né? E depois criar essa perspectiva, essa realização do sonho que é poder chegar nos Jogos Olímpicos, se tornar atleta olímpico. E foi muito marcante porque quando tinha 16, 17 anos, quando eu tava começando, eu lembro de uma passagem na minha na vida. Eu não tinha energia na minha casa, não tinha televisão, não tinha acesso a isso. Então, eu acompanhava a televisão quando tinha oportunidade na casa dos outros. Eu lembro de que um dia eu estava na porta da casa de um vizinho assistindo televisão. E eu vi a imagem do Joaquim Cruz, naquele momento épico da conquista dos Jogos Olímpicos de Los Angeles (EUA, em 1984), que o Joaquim foi campeão nos 800 metros, quando ele tava dando aquela volta olímpica. Naquele momento, eu tinha 16, 17 anos, eu não tinha essa afirmação do que eu queria ser ainda, né? Se eu queria ser atleta ou não, mas eu pensei comigo vendo aquela imagem: "Um dia eu quero estar nos Jogos Olímpicos", mas eu sabia que, naquele momento, era algo muito impossível, mas aquilo nunca saiu da minha cabeça. E quando eu tomei essa decisão, "é isso que eu quero, é isso que eu vou ser", tudo aquilo ali que estava na minha cabeça aflorou de novo. E foi isso.

Eu busquei esse objetivo para ser atleta. Primeiro, me tornar atleta olímpico. Então, todo momento a partir do momento que eu tomei essa decisão de ser atleta, eu só pensava numa coisa: "um dia eu quero chegar nos Jogos Olímpicos e conseguir essa conquista". E o mais impactante e importante é que no meu primeiro Jogos Olímpico, que foi em 96, em Atlanta (EUA), lá estava eu ao lado do meu grande inspirador, que foi Joaquim Cruz.

Então, é até engraçado e emocionante você realizar uma coisa que você achava que era impossível. Mas a corrida nos proporciona isso. Então, foi um momento marcante, meus primeiros Jogos Olímpicos. Naquele ano, eu tinha vencido a Maratona de Tóquio. Quando eu venci a Maratona de Tóquio, em fevereiro, eu era quarto do ranking mundial. Então, eu tinha uma expectativa também de não só estar nos meus primeiros Jogos Olímpicos, me tornar atleta olímpico, mas também chegar entre os 10 melhores na Olimpíada. Mas, infelizmente, não alcancei o meu objetivo por alguns motivos. Fora, extra, a corrida.

OP - Foi a questão do tênis, né? Que você não conseguiu se adaptar. (Vanderlei não recebeu o tênis que ia usar na prova com antecedência e, durante o percurso, teve calos de sangue)

Vanderlei - É, exatamente. Mas eu saí de lá, claro, um pouco frustrado por essa situação, mas, pelo outro lado, realizado, porque a partir daquele momento, eu era atleta olímpico, né? Me tornava um atleta olímpico. E, a partir daquele momento, eu comecei a entrar no sonho de ser medalhista.

OP - Você tem aí um feito que pouquíssimas pessoas têm no mundo. É o único latino-americano que recebeu a medalha Pierre de Coubertin, a maior honraria do Comitê Olímpico Internacional. Queria que você falasse um pouquinho disso, como foi receber essa medalha, que não é só ali o feito do esporte especificamente, carrega um significado maior, né?

Vanderlei - Não tem como o atleta se planejar para conquistar uma medalha dessa, né? Então, tudo isso faz parte de um processo. Eu acho que tudo aquilo que o esporte me proporcionou, desse mundo vivido, competitivo, da experiência de você viajar, conhecer novas pessoas, culturas, lugares diferentes e você entender que o universo da corrida é muito mais que simplesmente você dar um passo adiante, né? E, assim, as minhas origens acho que falam por mim, né? Então, nunca me deixei levar pelo ego de ser a campeão disso ou daquilo. Nunca me enalteci. Sempre procurei estar com os pés no chão no bom sentido. Mas o mais importante é tudo aquilo que a corrida me ensinou. Não só a ser um bom atleta, mas também me tornar uma boa pessoa através de tudo aquilo que a corrida e o meio me proporcionaram.

OP - Naquele momento foi um pouco isso, né? Você ganhou a medalha pela forma como você agiu diante do que se colocou ao seu redor, quando o padre irlandês tentou te tirar da prova, como você reagiu, né? Como foi para você aquilo? Todo mundo ficou perguntando: "Ah é, você não tava com raiva e você só falava da alegria do bronze, né?"

Vanderlei - Exatamente. Porque quando eu tomei aquela decisão de que a corrida era aquilo que eu queria para a minha vida, a partir daquele momento, seguindo aquilo que meu pai sempre demonstrou, dentro da minha casa, que foi sempre alegria. Mesmo diante da dificuldade.

Meu pai era um paraibano não tão grande como eu, né? (risos) Sanfoneiro, sorridente, alegre, mesmo nos momentos difíceis vividos dentro da minha casa, por todo o perrengue que a gente vivia, eu até então nunca vi meu pai reclamar de nada. E aí quando eu tomei essa decisão, é isso que eu quero, é isso que eu vou ser, me tornar um grande atleta, eu aprendi a não reclamar e sempre ter gratidão pelo que estava vivendo, independente se fosse bom ou não. Agregar simplesmente as coisas positivas e, a partir daí, mesmo com todos os obstáculos, a dificuldade, as coisas começaram a se tornar muito mais leves. Apesar dos momentos vividos difíceis, eu aprendi que agradecer é muito mais do que reclamar e aí foi a minha carreira toda.

Então, aquele momento no qual eu passei nos Jogos em Atenas não é nada mais daquilo que eu vivo no meu dia a dia, né? Eu fui lapidado, as dificuldades, o processo me lapidou para ser a pessoa que eu sempre fui. Então, no momento mais importante da minha carreira, da minha vida, eu não poderia desistir e ali estar reclamando, "Ó, o fulano me tirou da prova, me agrediu". Eu, não. Independente daquilo, a vida já havia me ensinado que eu sempre tinha que seguir adiante. E ali simplesmente eu fiz que eu aprendi ao longo da minha trajetória. Seguir adiante sem reclamar. Então, a minha chegada no estádio com muita alegria, com muita leveza, é aquilo que sempre foi essa trajetória minha, né? Sempre procurar aproveitar os melhores momentos da vida que a gente vive. Dentro e fora do esporte.

OP - Você é esportista há muito tempo. Nos últimos anos, a corrida tem novas tecnologias, tecidos, relógios. Como você observa isso e também essa nova geração de atletas?

Vanderlei - Bom, não tem como se comparar, né? Hoje, tá muito mais acessível, mais evoluído, tecnologia, você vê o que tá dentro de um tênis, né, da Olímpikus, a tecnologia, a matéria-prima. Atenas faz 21 anos, há 21 anos, não existia nada disso. Esses suplementos que os atletas usam, antes e pós-treino, durante a competição, tudo isso aí faz uma grande diferença no mundo dessa geração. Coisa que nós não tivemos acesso, né? A gente ia muito na mais determinação, na raça, na vontade de vencer. É algo que eu vivi e que continua vivo até hoje. Por isso que eu não saí da corrida. A corrida saiu de mim, mas eu não saí da corrida. Eu amo corrida, me dá vida, me dá prazer, me encoraja. Mesmo pequeno me deixa grande, forte. (risos)

OP - Hoje em dia, a gente está vendo o boom da corrida tanto no Brasil como fora, de amadores, pessoas que não vão ser atletas olímpicos, mas fazem da corrida, parte do dia a dia. Como você observa também isso, essa questão positiva do esporte não apenas para se tornar um atleta profissional, mas também como parte do cotidiano e realmente transformar a vida das pessoas?

Vanderlei - Sem dúvida, a corrida é uma ferramenta muito importante. Eu acredito que é o esporte que mais impacta a vida do ser humano em todo sentido, fisicamente e emocionalmente. Os pós-carreira, esses últimos anos, tem sido muito gratificante em todo sentido, né? (...) O que a marca (Olympikus) tá fazendo por mim, eu acho que não só por mim, por todos os corredores brasileiros, dando acesso a um produto de alta performance, com custo, comparado à realidade de hoje, que é muito mais é acessível, né? Coisa que Vanderlei lá no início da carreira e durante a carreira não teve, né? Esse momento tá sendo muito importante para mim, né?

Nunca poderia imaginar que o pós-carreira eu pudesse ter um tênis com a minha assinatura, com a minha história. E hoje eu tô tendo isso. Isso é um resgate, né? Da história do esporte brasileiro. E todo o trabalho que a marca tem feito também, não só para divulgar o produto, mas da importância da prática esportiva, do bem-estar, é muito importante.

Como você falou, a corrida é democrática, ela pode ser feita em qualquer lugar, não precisa ser um lugar específico. E a marca também faz um trabalho para que a nossa nação possa cultuar cada vez mais a cultura do esporte. A cultura do esporte tem que estar no dia a dia das pessoas, as pessoas aprenderem a gostar do esporte, aprenderem a respeitar, saber que no final de semana os atletas que estão lá praticando uma corrida, qualquer outra atividade, não tá incomodando. Eles estão ali numa maneira transmitindo algo que é importante na vida das pessoas que estão lá do outro lado.

OP - E o esporte também tem vários valores que ele transmite, né? A questão da disciplina, do companheirismo…

Vanderlei - Tudo. Exatamente. Porque, aliás, a corrida principalmente nos encoraja a romper a barreira do impossível. A partir do momento que você coloca a prática da corrida, quando você faz a corrida, ela te dá muito mais coragem para encarar o seu dia a dia. Você tá muito mais disposta, tá muito mais alegre, muito mais feliz. A corrida cura depressão. O benefício é enorme. E a corrida hoje se tornou um grande negócio, né?

Agora você imagina um evento como esse aqui em Cumbuco, né? O quanto tá trazendo de benefício, né? Não é só esportivo, mas também turístico, cultural. Quantas pessoas que vieram participar do evento que não conheciam (a cidade)? Eu mesmo não conhecia Cumbuco. O que me trouxe ao Cumbuco foi o esporte, foi a corrida. Assim como outros muitos, outros milhares de pessoas que estão aqui, que vieram para corrida para conhecer Cumbuco. Então, as pessoas estão conciliando o prazer da corrida com o prazer de viajar, de curtir e conhecer o Brasil cada vez mais.

OP - E você tá gostando de Cumbuco?

Vanderlei - Eu queria ficar esse restinho de ano aqui. Gostar é para vocês. Eu amo. (risos)

OP - O que você quer falaria para os corredores, para quem tem medo de começar a fazer um esporte, acha que não vai conseguir, né? Que o esporte não é para elas?

Vanderlei - A corrida é para todos, né? Nunca é tarde para começar, não existe faixa etária. É um ambiente que traz muita alegria, um ambiente muito prazeroso e as pessoas precisam ter a consciência da importância de você ser ativo esportivamente. Ah, eu trabalho, nossa, eu tô suando muito, mas não te dá benefício. O teu cotidiano do teu trabalho não traz benefício comparado à atividade física como a corrida. Você não desliga, você tá trabalhando, você tá ali focado no teu trabalho. Então, a corrida é que vai te deixar de uma forma que você vai desligar do teu trabalho, do teu cotidiano, dos teus problemas.

As pessoas me perguntam: "Vandelei, nossa, quando você tá correndo a maratona, são 2 horas e pouco, o que você pensa tanto na corrida?" Tá certo que alguns momentos você pensa na sua preparação, como foi e tal, mas tem hora que você desliga de tudo, você entra no seu mundo. No teu estado de falar assim: "Sou eu mesmo que tô aqui, não tem ninguém me empurrando, o meu esforço é meu, a minha determinação é minha, o meu objetivo é meu". Então, isso traz algo que é muito importante, é desafiador e encoraja você a ter no cotidiano, você se torna muito mais forte para encarar a diversidade da vida.

Então esse é um dos bons benefícios que a corrida nos traz, né? Além do que eu acho que é muito importante a gente também fazer essa questão de fazer o planejamento para a terceira idade, envelhecer com saúde, com disposição, não depender dos outros, não dar despesa para o nosso governo. Não precisar de médico, né? Importante, né? Muito obrigada pela conversa. (risos)

Curiosidades

Olimpíadas

Vanderlei participou de três edições dos Jogos Olímpicos: Atlanta-1996, Sydney-2000 e Atenas-2004, onde conquistou o bronze. Foi bicampeão dos Jogos Pan-Americanos (1999 e 2003) e venceu importantes maratonas internacionais como a de Tóquio e a São Paulo.

Instituto

Fundado em 2008, o Instituto Vanderlei Cordeiro de Lima (IVCL) é uma entidade sem fins lucrativos com sede em Campinas (SP). O IVCL tem como objetivo proporcionar a prática lúdica do atletismo, aliada às atividades educativas e culturais, para 220 crianças e adolescentes entre 8 e 18 anos.

Assista

Lançado em setembro de 2023, o documentário "Vanderlei: Pernas, Cabeça e Coração", produção original do Comitê Olímpico do Brasil (COB), transita por todas as fases da carreira de Vanderlei. Dirigido, produzido e roteirizado pelos jornalistas Terni Castro, Gabriel Baron e Diogo Venturelli, produção está disponível no Canal Olímpico do Brasil e YouTube do Time Brasil.

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