O PT em Fortaleza deve se reunir com o prefeito eleito José Sarto (PDT) antes de definir se fará oposição ao futuro gestor ou se integrará a base do pedetista na Câmara de Vereadores, com eventual ocupação de postos na administração.
Na última terça-feira, 15, o diretório municipal do partido tinha encontro agendado para selar os rumos da legenda na capital cearense depois do resultado da eleição de 2020, da qual Sarto saiu vencedor, derrotando o deputado federal Capitão Wagner, do Pros.
A reunião do PT, no entanto, foi adiada, segundo O POVO apurou, a pedido do próprio Sarto, que teria procurado membros da sigla a fim de estabelecer diálogo e evitar que batessem o martelo sobre o futuro sem sentar à mesa com o sucessor do prefeito Roberto Cláudio (PDT).
Reservadamente, um petista graduado disse ao O POVO que a "reunião de terça do diretório municipal seria para fechar posição, mas o Sarto pediu que a gente não tomasse decisão antes de conversar com ele".
"Não houve reunião, cancelamos", continua a fonte. "Ficou de ter essa conversa, mas não houve ainda." Internamente, o partido avalia cenários em Fortaleza no pós-eleição. A hipótese de apoiar Sarto não está descartada, tampouco a de manter na oposição.
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Um petista observa, porém, que a posição pessoal do governador Camilo Santana (PT) tem influído mesmo entre aqueles que são partidários de que o grupo finque bandeira na oposição no âmbito municipal.
Favorável a uma aliança entre PT e PDT ainda no primeiro turno da disputa eleitoral, Camilo defende que seu partido não somente dê sustentação a Sarto, mas que faça uma composição na Prefeitura.
"Com certeza a ponderação do Camilo sobre isso será levada em consideração, tem peso. Para muita gente que se manifestou pela oposição, talvez pese bastante", avaliou o membro da legenda.
Deputado estadual pelo PT, Acrísio Sena confirma que "o partido ia ter reunião, mas suspendeu e agora está aguardando para fazer esse diálogo entre Guilherme (Sampaio, vereador e presidente da sigla em Fortaleza), a bancada e o Sarto para ver qual é a proposta".
"Porque precisa o prefeito colocar na mesa. Eu, particularmente, concordo (com um apoio ao Paço)", diz Acrísio. "Acho que, se tínhamos uma tese de que Sarto juntaria esse campo, por que não o partido discutir com o prefeito o posicionamento de compor o governo?"
Embora reafirme que a posição do PT é "de autonomia e independência", o deputado destaca que se alinha a Camilo na defesa de entendimento com Sarto. "Eu concordo com o governador que devemos compor com posição de protagonismo. Não pode ser uma adesão, é algo para contribuir mesmo com a cidade", frisa.
Em seguida, questiona: "Para o partido, a fala do governador seria o melhor o caminho, de vir a se somar. Teremos uma oposição na Câmara pela direita com grupos bolsonaristas e uma pela esquerda pelo Psol. E o PT? Apoiamos a candidatura e não vamos compor o governo?"
Ao O POVO, todavia, a bancada de vereadores do PT já antecipou que postulará que a agremiação cerre fileiras na oposição. Um dia antes da data marcada para a reunião da semana passada, Larissa Gaspar e Ronivaldo Maia se manifestaram a favor dessa tese.
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A reportagem procurou o prefeito eleito José Sarto (PDT) para confirmar reunião com a bancada do PT nos próximos dias, mas não houve retorno até a noite desse domingo, 20.
Base faz mistério sobre secretariado do prefeito eleito
A quem a reportagem perguntou ontem sobre nomes do secretariado do prefeito eleito José Sarto (PDT), a resposta foi a mesma: não sei.
Ou o grupo está ensaiado, e nisso o novo gestor se mostra articulado, ou de fato não se sabe ainda quem são os integrantes da futura administração do sucessor do prefeito Roberto Cláudio (PDT).
Ao menos três dos nomes consultados, inclusive, são potenciais ocupantes de cargo de alto escalão do Paço - dois deles devem constituir o núcleo duro do governo.
Interlocutores diretos e indiretos do pedetista, no entanto, são uníssonos na negativa sobre eventuais secretários ou secretárias. Repetem que o time ainda está sendo fechado.
O cenário aberto a poucos dias da posse sinaliza que há costuras de bastidores sendo feitas com aliados. Uma delas, possivelmente, com o PT do governador Camilo Santana, que tem defendido publicamente que a legenda não só apoie Sarto, mas integre a administração.
Há outras legendas na fila, porém. Do arco de alianças fechado em torno de Sarto no segundo turno das eleições, dez siglas já estavam com o deputado estadual no primeiro.
A esse bloco, somaram-se mais sete agremiações, totalizando 17. Parte delas, como o Psol, não tinha pretensão de participar efetivamente da gestão caso Sarto se elegesse. Mas boa parte, sim.
É a essa acomodação de aliados que o prefeito eleito agora tem de atender ao mesmo tempo em que deve preservar uma fração do secretariado de Roberto Cláudio. A margem para contemplar aliados, portanto, é estreita. (Henrique Araújo)