O PT de Fortaleza decidiu nesta terça-feira integrar parte da bancada de oposição ao Governo do prefeito eleito, José Sarto (PDT). A decisão foi tomada após reunião entre 29 integrantes do diretório municipal do partido.
Segundo o presidente do PT em Fortaleza, Guilherme Sampaio, o partido manterá uma "oposição qualificada, pela esquerda, e aberta ao diálogo com o campo progressista” e com a futura administração.
“Reforço a responsabilidade do PT sempre que for necessário barrar as pautas ou projetos ultra reacionários como temos visto surgir na Câmara, inclusive foi esse entendimento que nos levou no segundo turno a apoiar Sarto no segundo turno”, afirmou.
A posição já tinha sido adiantada na última segunda-feira, 28, por membros do partido como o vereador reeleito do partido, Ronivaldo Maia.
"Por que vamos emprestar nossa presença? Eu acho que o PT tem que ficar na oposição porque há uma rejeição. O governo é Sarto, mas quem é Sarto? Na prática, como por trás do Sarto estão os Ferreira Gomes, é por isso que o PT pensa duas vezes em colocar seu patrimônio para defender um projeto político deles", disse.
A resolução do diretório municipal da legenda afirma que a decisão apoia-se em “sua identidade popular” e no "reconhecimento ao legado da administração e atuação da bancada no parlamento".
O texto defende ainda que, devido ao "ataque midiático” e fake news promovidos contra o partido em todo o Brasil, o partido “deposita esperança de um projeto popular e democrático em Fortaleza”.
Algumas forças políticas que divergiam da tese não compareceram ao encontro. Dentre elas, estão os deputados federais José Guimarães e José Aírton e o deputado estadual Acrísio Sena, que defendiam que a sigla fizesse composição com Sarto, com eventual indicação de nomes para a gestão.
Em contrariedade à decisão, esses e outros integrantes do partido divulgaram um abaixo-assinado para recorrer à instancia estadual do partido para rever a decisão.
"Lamentavelmente uma decisão fragmentada da direção municipal do PT Fortaleza, acabou por definir de forma precipitada o posicionamento político do partido no município e desconsiderou o diálogo com lideranças e setores importantes", afirma o documento.
Ainda segundo a nota, a decisão é classificada como "afrontosa ao diálogo democrático" promovido pelo partido.
“Ela desconsidera também uma decisão tática do partido de apoiar Sarto no segundo turno para derrotar as forças bolsonaristas. Isso tem um desdobramento para 2022 e para mais municípios do Ceará e não leva em consideração uma solicitação do governador que pediu um tempo para aprofundar o debate”, diz.
Além da contar com o nome de três parlamentares, o abaixo-assinado também conta com apoio de outros nove membros do diretório municipal do partido, pela vice-presidente do PT Fortaleza, Liliane Araújo, e pelo vice-presidente do PT Ceará, Jonas Dezidoro.
A oposição a Sarto também vai contra a tentativa do governador Camilo Santana (PT), que já se manifestou a favor da aliança com o prefeito eleito e sucessor de Roberto Cláudio (PDT). No campo político, o petista vem dedicando-se à articulação com o PDT na Capital desde antes das eleições de 2020. Apesar da tentativa, ele reforçou, nesta terça-feira, durante entrevista à Rádio O POVO CBN, que deve respeitar as decisões partidárias.