O PSB filia hoje, a partir das 11 horas, o governador do Maranhão, Flávio Dino, que deixou o PCdoB, partido pelo qual se elegeu. No mesmo ato, ingressa na legenda socialista o deputado federal Marcelo Freixo, ex-Psol.
O movimento faz parte da estratégia do PSB para se cacifar nas disputas de 2022, seja com postulante próprio à presidência da República ou como aliado de outras forças.
De endereço partidário novo, Dino deve sair como candidato ao Senado, enquanto Freixo é cotado como concorrente ao governo do estado do Rio de Janeiro.
Antes de se filiarem ao PSB, tanto Dino quanto Freixo se reuniram, em ocasiões diferentes, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que recuperou seus direitos políticos e cogita entrar na briga pelo Planalto.
Em entrevista ao "Jogo Político" na semana passada, o chefe do Executivo do Maranhão admitiu que a tendência hoje era de mais proximidade com o petista, mas não descartou conversas com o PDT de Ciro Gomes.
Para ele, apenas a junção do que considera como campo democrático poderá derrotar Bolsonaro nas eleições do ano que vem.
Já Freixo vem tentando costurar uma composição com apoio do PT no Rio para entrar na briga pelo governo. Ao O POVO, o deputado defendeu como cenário ideal uma união entre as esquerdas, nas quais inclui Ciro, mas admitiu que essa possibilidade é mais difícil.
Também numa conversa com O POVO, Dino confessou que esperava ainda entendimento entre Lula e o ex-ministro para 2022. Contudo, compreendia que essa engenharia partidária é de difícil execução.
Para observadores desses e de outros movimentos políticos, a mudança de legenda de Dino e Freixo conta com claro apoio da cúpula petista, que tenta afastar o PSB da órbita de influência do trabalhismo.
Deputado federal pelo PT, José Guimarães afirma que a dupla filiação consumada hoje "abre uma clareira" na relação entre PT e PSB, que, no entanto, "já estavam próximos", sugere o parlamentar.
Sobre o possível impacto que esse lance poderá ter nas articulações políticas no Ceará, Guimarães respondeu que o partido está avaliando.
Presidente estadual do PSB no estado, o deputado federal Dênis Bezerra assinalou que a chegada de Marcelo Freixo e do governador Flavio Dino à sigla "vem num processo de fortalecimento partidário em busca de uma ampliação ainda maior no campo da esquerda para que a gente possa combater o fascismo".
De acordo com o socialista, o foco é enfrentar o governo Bolsonaro em 2022 com um raio mais diversificado de aliados nacionalmente, "fortalecendo as trincheiras socialistas em busca desse objetivo comum".
"O objetivo", repetiu Bezerra, "é fazer ampla frente de esquerda para derrotar Bolsonaro".
Questionado se isso poderia afastar o PSB da vizinhança de Ciro e aproximá-lo de Lula, o deputado desconversou. "Esse processo de aproximação ou distanciamento não está no radar no momento", disse.
"Essa questão pontual", continuou o deputado, "a respeito dessa aproximação com o presidente Lula ou distanciamento do ex-governador Ciro Gomes, no momento não está sendo pautada".
Em seguida, insistiu na formação de uma "ampla frente da esquerda com esse objetivo comum", e concluiu: "Na frente vamos entender melhor como as coisas vão ficar e quais realmente serão caminhos perseguidos por cada partido político".
Parceiro preferencial do PDT, o PSB estava na mira do PT, que vem tentando reorganizar esse segmento em torno da possível candidatura de Lula. Em 2018, o partido, comandado por Carlos Siqueira, manteve-se neutro no primeiro turno.