O mês de março deve ser decisivo para a oposição ao governo do Ceará. Com o início das janelas partidárias, que permite a mudança de legenda sem que isso implique infidelidade partidária e consequente perda de mandato, um dos grandes questionamentos é qual o saldo político que o União Brasil terá no Estado para se tornar competitivo para disputa da sucessão do governador Camilo Santana (PT) em outubro deste ano.
Recém homologado pela Justiça Eleitoral, a perspectiva é que a megalegenda, resultante da fusão entre DEM e PSL, seja liderada pelo pré-candidato ao governo cearense, deputado Capitão Wagner (Pros), para então formar uma frente ampla de oposição. Embora o martelo não tenha sido batido oficialmente pelo comando nacional do partido, numa disputa dele com Chiquinho Feitosa (DEM), o parlamentar manifesta confiança em iniciar a montagem do diretório estadual da sigla no Ceará.
"A prioridade nesse momento é organizar o União Brasil. A gente vai assumir a presidência, nomear diretório e filiar os pré-candidatos a deputado estadual e deputado federal. Quando estiver tudo organizado vamos tratar de aliança com os demais partidos", adiantou o Capitão Wagner, ontem. No planejamento dele, as alianças devem ser tratadas apenas em abril.
Nos bastidores, Wagner já tem como certa a migração de políticos do PSDB cearense para UB. Entre os nomes acertados estão o prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa, os deputados estaduais Nelinho e Fernanda Pessoa, além do deputado federal Danilo Forte.
No Pros, a perspectiva é que a sigla perca para o União Brasil grande parte de seus integrantes que devem tentar cargos eletivos este ano. Além do Capitão Wagner, os deputados federais Vaidon Oliveira e Agripino Magalhães (suplente), os vereadores Soldado Noelio e Julierme Sena, o deputado estadual Tony Brito, Nelho Bezerra (suplente) e o Coronel Bezerra.
Contudo, para garantir uma aliança mais robusta, o maior desafio deve gira em torno da tentativa de garantir apoio do PL na campanha de oposição. Após permanecer nas mãos do prefeito de Eusébio, Acilon Gonçalves, o partido que atualmente abriga Jair Bolsonaro, está dividido entre a ala bolsonarista e uma outra governista. Estão na sigla a deputada estadual Dra. Silvana e o deputado federal Dr. Jaziel, aliados de primeira hora do presidente da República.
Questionado sobre seu posicionamento acerca das futuras alianças majoritárias, Acilon disse que não deve tratar da questão no momento. "O PL, como qualquer outro partido, está focado na janela partidária para formação das chapas federal e estadual", disse.
A outra preocupação é o posicionamento do Republicanos. Apesar de seguir a orientação do dirigente nacional da sigla de manter aliança com Bolsonaro, o principal dirigente estadual, vereador Ronaldo Martins, afirmou ao O POVO na última semana que o objetivo é apoiar quem ajudar a legenda a formar uma chapa capaz de eleger, no mínimo, dois deputados federais e três estaduais. Procurado novamente ontem para falar dos avanços das negociações, o parlamentar não respondeu.
O partido concentra nomes fortes da oposição. Recém-filiada, a esposa de Wagner e pré-candidata a deputada estadual, Dayany Bittencourt, deve sair da legenda após sua presença ser entendida como um eventual impasse para a eleição de Ronaldo Martins à Câmara Federal.
Atualmente, o deputado Capitão Wagner (Pros), sondado como presidente do União Brasil, tenta conseguir apoio do PL no Ceará para reforçar sua pré-candidatura ao Palácio da Abolição. O partido, inclusive, tem como filiado o presidente Jair Bolsonaro, aliado do parlamentar no Estado. No entanto, após ser reconduzido para a direção estadual do PL na presidência da comissão provisória, o prefeito do Eusébio, Acilon Gonçalves, encontra-se dividido entre a ala bolsonarista e o grupo governista no Ceará. O gestor chegou a disputar seu cargo na legenda com o deputado estadual André Fernandes (Republicanos), bolsonarista e também aliado do chefe do Executivo nacional.
Com representações na Assembleia no Ceará e na Câmara Municipal de Fortaleza, o Pros deve ceder ao União Brasil grande parte de seus integrantes que devem tentar cargos eletivos nas eleições deste ano. Além de Capitão Wagner, estão os deputados federais Vaidon Oliveira e Agripino Magalhães (suplente), os vereadores Soldado Noelio e Julierme Sena, o deputado estadual Tony Brito, Nelho Bezerra (suplente) e o militar Coronel Bezerra.
O posicionamento do Republicanos do Ceará ainda segue indefinido. Sob a presidência estadual do vereador Ronaldo Martins, a sigla negocia com a base e a oposição. Apesar de seguir a orientação do dirigente nacional da sigla, deputado Marcos Pereira, de manter aliança nacional com Bolsonaro, quando o assunto são as eleições deste ano, Martin defende que objetivo é oficializar apoio a quem ajudar a legenda a formar chapa que ajude a eleger, no mínimo, dois deputados federais e três deputados estaduais.
A formação do União Brasil vai modificar bastante o quadro tucano no Ceará. Devem sair do PSDB para integrar o UB o prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa, os deputados estaduais Nelinho e Fernanda Pessoa, além do deputado federal Danilo Forte. A posição, no entanto, não é seguida pelo ex-senador Tasso Jereissati, crítico do deputado federal Capitão Wagner e do presidente Jair Bolsonaro.
Nacionalmente, o MDB não vai participar de nenhuma federação com nenhum partido em 2022, inclusive com o União Brasil. A decisão foi anunciada pelo presidente da legenda, deputado Baleia Rossi (SP). A questão pode refletir na posição do partido no Ceará, onde Capitão Wagner também negocia apoio para sua candidatura ao governo cearense. No Estado, cotado para concorrer a uma cadeira de deputado federal, o ex-presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB), como Wagner, também é opositor dos Ferreira Gomes. No entanto, ele possui relações estreitas com o ex-presidente Lula, correligionário do governador Camilo Santana.