Um dos principais articuladores do grupo governista cearense nos últimos anos, o senador Cid Gomes (PDT) tem ficado ausente dos debates políticos em momento-chave para a sucessão estadual. Sem aparições públicas no Estado desde a posse da governadora Izolda Cela (PDT), em abril, o pedetista ficou à parte até da resolução de conflitos entre lideranças quando o assunto são as pré-candidaturas do PDT que disputam a indicação ao Governo do Ceará.
O senador não compareceu, por exemplo, ao encontro regional do PDT, no dia 15 junho, que contou com a presença do presidente nacional da legenda, Carlos Lupi, além do pré-candidato do partido à Presidência da República, Ciro Gomes. O momento foi marcado por diversas manifestações políticas e embates entre pedetistas, elevando a temperatura da tensões na base governista.
No dia 21 de junho, o senador também esteve ausente do evento que comemorou os 15 anos do Programa Mais Paic - Aprendizagem na Idade Certa, no Centro de Eventos. O projeto foi iniciado no Governo do pedetista (2007-2014), quando Izolda Cela era a secretária da Educação. A solenidade contou com a presença do ex-governador Camilo Santana, que fez forte defesa do nome da governadora, citada por ele como "a mãe do Ceará".
A assessoria de Cid chegou a justificar que ele estaria ausente devido suspeitas de Covid-19. No entanto, não houve nenhuma confirmação do diagnóstico. O POVO conversou com parlamentares aliados para saber por onde anda o senador e o porquê do sumiço em contexto tão decisivo para o PDT.
"Não tenho nenhuma informação. Imagino que os nossos líderes da cúpula estejam dialogando com ele de alguma forma. E ele está se ausentando das pequenas questões, que dependem de uma decisão majoritária", disse o deputado federal Eduardo Bismarck (PDT-CE), sobre a possibilidade de Cid estar deixando as principais articulações partidárias a cargo de outras lideranças.
O deputado estadual Osmar Baquit (PDT) avaliou que Cid Gomes não está alheio às negociações eleitorais em torno das pré-candidaturas do partido ao governo cearense, mas "dando um tempo" nas tratativas para poder resolver questões futuras. No momento oportuno e adequado ele [Cid] entrará e com certeza irá encontrar um consenso e uma solução para que o PDT continue firme nesse projeto do governo do estado e que os aliados também sejam contemplados", comentou.
O pedetista continuou: "Com certeza, o senador Cid Gomes não ficará fora das negociações. No momento certo, confio nele e sei que todos, sem exceção, ouvirão e acatarão aquilo que o senador irá decidir".
O deputado estadual Tin Gomes (PDT) defendeu que o momento não é o mais adequado para o senador atuar politicamente: "Não existe a necessidade no momento da presença dele nas preferências, só na decisão que ele deverá se manifestar e no momento certo".
Na última semana, Ciro Gomes e Camilo Santana realizaram encontros com os quatro pré-candidatos do PDT a governador: Evandro Leitão, Izolda Cela, Mauro Filho e Roberto Cláudio. Nas duas ocasiões, Cid esteve ausente.
Uma pesquisa chegou a ser anunciada por Ciro como um dos critérios principais para a decisão da candidatura. No dia seguinte, Izolda minimizou a ferramenta, alegando que ela "fornece apenas retrato do momento a três meses da eleição". Ela defendeu ouvir os partidos aliados, entre eles PT e MDB, no processo de escolha do candidato.
Em resposta ao O POVO, a assessoria de comunicação do senador Cid Gomes afirmou que não há previsão na agenda política do pedetista com os pré-candidatos.