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Vacinas de Oxford e da China. O que elas prometem trazer ao Brasil
Reportagem

Vacinas de Oxford e da China. O que elas prometem trazer ao Brasil

Quatro ensaios clínicos para vacinas contra a Covid-19 já estão aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
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 O detalhamento encontra-se no Plano de Operacionalização para a Vacinação contra Covid-19, divulgado pela Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa). (Foto: Davi Pina Barros / Divulgação)
Foto: Davi Pina Barros / Divulgação O detalhamento encontra-se no Plano de Operacionalização para a Vacinação contra Covid-19, divulgado pela Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa).

A semana que passou foi movimentada por muitas novidades em relação às vacinas para a Covid-19: o grupo farmacêutico chinês Sinopharm disse que o imunizante desenvolvido por eles poderia ficar pronto para distribuição ainda este ano; em outra frente, a Universidade de Oxford, na Inglaterra, em parceria com a empresa anglo-sueca AstraZeneca, anunciou que a vacina "é segura e induziu resposta imune"; e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou mais dois ensaios clínicos para realização no Brasil para verificar a eficácia de duas novas vacinas contra o vírus - agora são quatro sendo avaliados no País.

Além disso, a primeira dose da CoronaVac foi aplicada em uma médica do Hospital das Clínicas, na capital paulista. Caso seja aprovada, começará a ser fabricada pelo Butantan, após acordo feito com uma farmacêutica chinesa. E as farmacêuticas Pfizer e BioNTech anunciaram que devem entregar ao menos 100 milhões de doses de uma vacina até o final do ano, mas a quantidade já teria sido inteiramente contratada pelos Estados Unidos. A informação foi desmentida pela Pfizer, que aproveitou a nota à imprensa para garantir que produzirá, até 2021, 1,3 bilhão de doses que serão disponibilizadas para todos os países do mundo.

Apesar de tantas notícias aparentemente boas em um curto período de tempo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem opiniões controversas sobre o assunto. O diretor executivo Michael Ryan descartou a possibilidade de que a vacina fique boa rapidamente e a cientista-chefe Soumya Swaminathan explicou que a observação de resultados no desenvolvimento de uma vacina, que normalmente leva anos, pode levar apenas seis meses. A organização também atualizou a quantidade de vacinas desenvolvidas ao redor do mundo: 166, sendo que 24 estão pelo menos na primeira fase dos testes clínicos, que são realizados em seres humanos. São responsáveis pelo desenvolvimento dos imunizantes mais avançados a China, Estados Unidos, Reino Unido, Índia, Rússia, Coreia do Sul, Japão, Austrália, Alemanha e Canadá.

"Os laboratórios espalhados nesses países que estão na corrida (pela vacina) utilizam vários tipos de tecnologia porque cada uma delas usa um método diferente para gerar o que a gente chama de memória protetora, que é como se conseguisse gerar, no corpo da pessoa, uma nova célula-tronco especializada em proteção. Não existe no mundo uma receita para gerar essas células por longo tempo, apenas por um período. É o caso das vacinas que precisam ser renovadas de tempos em tempos, como a da gripe. Há doenças que geram esse memória, como o sarampo, e as que não, como o tétano, que obriga a pessoa a tomar a injeção a cada vez que é infectada", explica Cristina Bonorino, imunologista membro da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI) e professora titular da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).

"Como a gente não sabe como gerar essa memória, ainda mais para uma doença tão nova quanto a Covid-19, é bom que se tenha várias vacinas em teste, porque não se sabe qual vai induzir a melhor resposta", ressalta.

"Basicamente, as vacinas têm estas tecnologias: a do vírus inativado, que é o tipo mais convencional e está sendo testada pela SinoVac em São Paulo. Outra, a de Oxford, é uma tecnologia um pouco mais nova, que chamamos de vetor viral. Nela, o vírus é modificado para não se replicar, ou seja, ele infecta a célula mas não consegue se dividir. Outra tecnologia utilizada é novíssima, 100% sintética, ou seja, utiliza apenas o material genético do vírus, que é caso das vacinas da Pfizer e Moderna. Mas elas nunca foram antes testadas em humanos", explica.

 

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