Imagine que 43 novas vagas de emprego serão abertas em Fortaleza. O salário é de cerca de R$ 16 mil mensais, com direito a estabilidade por quatro anos. Além disso, o cargo garante R$ 20,2 para eventuais despesas do trabalho, bem como outros R$ 51,2 mil para contratação de assessores. Interessado? As inscrições vão até setembro, quando partidos políticos apresentarão à Justiça as chapas que disputarão vagas na Câmara Municipal da Capital.
Diante de tantos benefícios, não é de se surpreender que apenas dois dos 43 vereadores de Fortaleza vão abrir mão de disputar novo mandato neste ano. Ao todo, apenas Márcio Cruz (PSD) e Libânia Holanda (PL) não estarão nas urnas eletrônicas. Os outros 41 parlamentares em exercício, mais de 95% da Casa, são candidatos certos à reeleição.
A situação é quase inédita no Legislativo, que sempre mantinha índices altos de desistência em pleitos passados. Em 2016, por exemplo, nove vereadores no exercício do cargo não se candidataram à reeleição - praticamente dois a cada dez parlamentares. Neste ano, por outro lado, os dois que não disputarão novo mandato deverão ter "sucessores" na eleição.
Libânia, por exemplo, sai da disputa para apoiar o ex-marido Tomaz Holanda (PTC). Ex-deputado estadual, Tomaz tenta manter "cadeira cativa" desde 2005 da família na Casa. Além da ex-esposa e de ter sido eleito duas vezes como vereador nas gestões Luizianne Lins (2005-2012), ele também elegeu a filha Tamara Holanda (DC) no pleito de 2012.
"Eu e a Libânia nos separamos há dois anos, mas ainda somos muito amigos, temos dois filhos juntos", diz Tomaz. Coordenador do PTC no Estado, o pré-candidato diz que, por conta das atribuições como dirigente partidário, ainda não conseguiu articular a própria campanha. "Temos a questão fechada que estaremos com o Capitão Wagner (Pros)", diz.
Márcio Cruz não disputará reeleição para apoiar a esposa, a presidente licenciada do Conselho Regional de Enfermagem no Ceará (Coren-CE), Ana Paula Brandão (PDT). Até abril deste ano, ela era coordenadora adjunta da Coordenadoria Especial de Articulação Política da Prefeitura de Fortaleza, sendo exonerada no limite do prazo da legislação eleitoral.
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Segundo membros da base de Roberto Cláudio (PDT), a candidatura foi articulada junto com o prefeito após Márcio se mostrar insatisfeito com a formação da chapa de seu atual partido, o PSD. Guarda Municipal de carreira e recentemente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Márcio deve advogar ou retornar à antiga função a partir do próximo ano.
Além de Márcio e Libânia, não retornarão para a CMFor quatro ex-vereadores que ganharam novos mandatos em 2018: o deputado federal Célio Studart (PV) e os deputados estaduais Acrísio Sena (PT), Salmito Filho (PDT) e Soldado Noélio (Pros). Em 2016, o mesmo número de vereadores deixou de disputar a reeleição por este motivo. Completa a relação o ex-vereador Luciram Girão (PDT), falecido em maio de 2019.
Questionados sobre o tema, vereadores não souberam explicar o alto índice de candidatos à reeleição na Capital. Eles destacam, no entanto, que a situação contraria a expectativa geral. Como a eleição deste ano será a primeira sem coligações proporcionais, o prognóstico geral até o início do ano era de que vários vereadores saíssem da disputa - o que não ocorreu.
Líder do PDT - maior partido da Casa, com 16 vereadores -, Iraguassú Filho diz que o partido do prefeito espera eleger entre 11 a 13 cadeiras no Legislativo. "Em 2016, nós tínhamos 18 vereadores e só 14 disputaram reeleição. Este ano, será diferente e estamos esperando que todos sejam candidatos à reeleição e que a gente consiga fazer uma boa bancada", diz.
