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De rixas familiares às facções, chacinas no Ceará mudaram de perfil
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De rixas familiares às facções, chacinas no Ceará mudaram de perfil

Mudaram as motivações, a geografia e, sobretudo, a quantidade de chacinas
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PRAÇA DA Gentilândia: sete pessoas assassinadas e outras três baleadas em 2018 na Chacina do Benfica (Foto: Júlio Caesar)
Foto: Júlio Caesar PRAÇA DA Gentilândia: sete pessoas assassinadas e outras três baleadas em 2018 na Chacina do Benfica

O histórico das chacinas no Ceará mostra a transformação da criminalidade violenta. Até o século XX, as matanças giravam em torno de questões como conflito por terras, disputas entre famílias e desavenças pessoais. Aos poucos, a modalidade passou a ser dominada por grupos de extermínio, gangues e pistoleiros, até a atual guerra de facções criminosas.

Houve ainda deslocamento das ocorrências, em sua maioria, do Interior para Capital e Região Metropolitana. E a maior das diferenças: aumentou a frequência das matanças

A expansão no Ceará das facções criminosas do Sudeste a partir de 2015 foi acompanhada do exponencial crescimento das chacinas. Levantamento do Data.Doc O POVO mostra que, desde aquele ano, 28 ocorrências com mais de quatro mortos foram registradas no Estado, deixando um total de 161 vítimas. De 2010 a 2015, haviam sido três chacinas.

Oficialmente, a primeira chacina relacionada à disputa entre facções criminosas ocorreu em 2017, no Porto das Dunas, em Aquiraz, apesar de algumas das chacinas ocorridas entre 2014 e 2016, como na Babilônia e na Estiva, não terem sido elucidadas, deixando em aberto o que as motivaram. Foram considerados chacinas os homicídios coletivos com quatro vítimas ou mais.

Foram, pelo menos, 16 chacinas desde 2015 com algum tipo de atuação de facções. Entre elas, a maior do período, a chacina do Forró do Gago, em 2018, que vitimou 14 pessoas em uma casa de shows no bairro Cajazeiras, matança comandada pela Guardiões do Estado (GDE). De 2017 até hoje, foram poucas as chacinas em que a participação desses grupos organizados foi descartada.

Voltando mais atrás no tempo, os anos 2000 registraram cinco chacinas, com 29 mortes no total. Para além da Chacina dos Portugueses, as maiores matanças registradas ocorreram em Limoeiro do Norte e Ibicuitinga, deixando, cada uma, sete mortos.

No século XX, os registros rareiam ainda mais. Nos anos 1990, o noticiário foi tomado por uma matança que, pelos padrões atuais, não seria uma chacina: a Chacina do Pantanal, em 1993, triplo homicídio cometido por policiais militares. Chacina nas atuais configurações só em 1983, em Alto Santo, quando o ex-prefeito de Pereiro, João Terceiro, a esposa dele, segurança e motorista foram assassinados. O famoso pistoleiro Mainha, Idelfonso Maia Cunha, foi acusado pelo crime, mas absolvido.

Chegando aos anos 1970, os quatro casos registrados denotam conflitos interpessoais, interfamiliares e por terras. Quixadá, Mombaça, no bairro Porangabussu (na Capital) e em Novo Oriente. São os últimos casos registrados no acervo do Data.Doc O POVO.

Entretanto, o jornal fez referência àquela que é a maior matança encontrada no levantamento, ocorrida em 1878. Dezenove pessoas morreram no conflito entre as famílias Macacheira e Juritis, em Viçosa. Conforme matéria do O POVO de 1º de setembro de 1956, uma rixa iniciada com porcos que destruíam plantações fez com que os Juritis ateassem fogo na casa dos rivais, tendo ainda atirado com "bacamartes". "Em Ibiapina o maior processo do júri da história do Ceará e quiçá do Brasil" estampava manchete do O POVO. A Proclamação da República acarretou no perdão aos réus pelo novo governo.

Chacinas na historia do Ceara(Foto: Chacinas na historia do Ceara)
Foto: Chacinas na historia do Ceara Chacinas na historia do Ceara

Histórico de chacinas 

O levantamento do Data.Doc O POVO inclui apenas ocorrências com quatro ou mais mortos e não leva em conta mortes por intervenção policial, consideradas sem ilicitude pelo Código Penal; conflitos que deixam mortes em ambas as partes e ações de Estado, como o Massacre do Caldeirão.

1878 — Viçosa

Conflito entre duas famílias, Macacheira e Juritis, iniciado pela criação de porcos que destruía a plantação de um dos clãs, deixou 19 mortos. Conforme reportagem do O POVO de 1º de setembro de 1856, baseada nos arquivos do Cartório de Ibiapina, a família Juriri reuniu um grupo armado e dirigiu-se às terras dos rivais, ateando fogo na fábrica de aguardente dos Macacheira e atirando com bacamartes, uma arma de fogo de cano curto e largo, contra os rivais. "Resultando do tiroteio uma verdadeira chacina, morrendo várias pessoas da família, inclusive homens, mulheres e crianças, não escapando até mesmo 'comboeiros', que ali se achavam para mercadejar aguardente. Foram recolhidos dezenove cadáveres", informou O POVO.

Em 1956, O POVO recuperou com base em arquivos de cartório a história da chacina de 1878(Foto: O POVO.doc)
Foto: O POVO.doc Em 1956, O POVO recuperou com base em arquivos de cartório a história da chacina de 1878

 1958 — Quixadá

Seis pessoas foram mortas em Quixadá a golpes de faca e machado. Três crianças estavam entre as vítimas. O acusado era um empregado da família morta. A motivação do crime seria o roubo de cinco mil cruzeiros, informou O POVO em 25 de agosto de 1959. Um ano depois, O POVO noticiou que o acusado do crime foi preso em Brejo Santo.

1975 — Mombaça

Quatro pessoas da mesma família foram mortas a tiros, golpes de faca e roçadeira na zona rural de Mombaça em novembro de 1975. O crime teria sido cometido em "consequência de uma briga de família e de terras", registou O POVO na edição de 29 de novembro daquele ano. As duas famílias "não se cruzam pela mesma estrada", assinalou o jornal, que relata ainda que, por isso, os cinco acusados foram transferidos para a Capital, já que poderia haver revide por parte da famílias das vítimas.

Chacina de Mombaça, em 1975(Foto: O POVO.doc)
Foto: O POVO.doc Chacina de Mombaça, em 1975

1976 — Fortaleza (Porangabussu)

Um aparente surto psiquiátrico levou um cobrador de ônibus a matar quatro pessoas na "Favela do Canal", no então bairro Porangabussu. Em seguida, ele foi baleado e morto por policiais. Conforme registrou O POVO em 8 de março de 1976, o homem acordou dizendo que iria matar um barbeiro. Em seguida, esfaqueou a esposa, grávida de nove meses; e a sogra e a cunhada de apenas 15 anos. Em seguida, saiu à rua e matou um comerciante. Uma cunhada do trocador só escapou porque conseguiu pular o muro do Estádio Carlos de Alencar Pinto. "Uma cena trágica que impressionou toda a população de Fortaleza", escreveu O POVO.

Chacina do Canal, em 1976(Foto: O POVO.doc)
Foto: O POVO.doc Chacina do Canal, em 1976

1977 — Novo Oriente

Três irmãos invadiram uma casa e mataram um mulher e seus três filhos a golpes de faca. Um dos agressores era genro da mulher. Ele e um de seus irmãos foram mortos na reação da família. Duas outras pessoas ficaram feridas.

Chacina de Novo Oriente, em 1977(Foto: O POVO.doc)
Foto: O POVO.doc Chacina de Novo Oriente, em 1977

1983 — Alto Santo

O ex-prefeito de Pereiro, João Terceiro de Sousa; sua esposa, Nilda Campo; o soldado da PM, João Oden de Araújo; e o motorista que guiava o carro onde os três estavam, Francisco de Assis Aquino; foram mortos a tiros quando trafegavam pela BR-116. O pistoleiro Idelfonso Maia Cunha, o Mainha, chegou a ser condenado pelo crime, que seria uma vingança pela morte do patrão dele, o fazendeiro Chiquinho Diógenes. Entretanto, o julgamento seria anulado e Mainha, absolvido por falta de provas em novo Júri.

2001 — Fortaleza (Praia do Futuro)

A Chacina dos Portugueses. Seis empresários, turistas de Portugal, foram mortos, após serem espancados e enterrados vivos, em um crime arquitetado por um compatriota, Luís Miguel Militão. Outras quatro pessoas também foram condenadas pelo crime.

Chacina dos Portugueses, em agosto de 2001(Foto: O POVO.doc)
Foto: O POVO.doc Chacina dos Portugueses, em agosto de 2001

2003 — Limoeiro do Norte

Sete pessoas foram mortas a tiros em três pontos do bairro Luiz Alves de Freitas, num intervalo de 10 minutos. Seis das vítimas chegaram a ter as orelhas decepadas pelos homicidas, marca registrada de um dos acusados pelo crime José Roberto dos Santos Nogueira, o “Chico Orelha”. O crime teria sido praticado por pistoleiros em uma retaliação pela prisão de um integrante do grupo.

2004 — Ibicuitinga

Mais uma chacina provocada pela desavença entre duas famílias. A inimizade vinha de seis anos antes, quando uma das vítimas da chacina, Manuel Rodrigues Oliveira, teve um sobrinho lesionado. O episódio ganhou revide, o que gerou um ciclo de vingança pelos anos que se sucederam. Dias antes da chacina, Manuel e Francisco Hernandes de Oliveira, também morto no crime, teriam tentado praticar um assassinato contra um integrante da família rival. Os dois fugiam quando foram chacinados. Quatro das vítimas, porém, não eram da família. Nove pessoas foram acusadas pelo crime.

2004 — Itapajé

Quatro pessoas da mesma família, um casal e suas duas filhas, são mortas em Itapajé a golpes de objeto contundente. Antônio Carlos Alves Rodrigues foi condenado a 83 anos pelo crime. Depoimentos apontaram que ele era inimigo de José Arimateia Barbosa, o patriarca da família, já tendo o jurado e a toda sua família de morte.

2008 — Barreira

Criminosos buscavam um suposto traficante, que estaria devendo a eles dinheiro. Ao não encontrá-lo, os criminosos mataram o pai e a tia dele. Em seguida, foram até um bar que o alvo inicial frequentava e mataram outras três vítimas, que não tinham relação nenhuma com o caso. Duas pessoas são rés pelo crime, mas, até hoje, ainda não houve julgamento

2013 — Itaitinga

Dez presos morreram asfixiados na Casa de Privação Provisória de Liberdade (CPPL) I após outros detentos atearem fogo em colchões na porta das celas onde estavam as vítimas. O ato seria uma retaliação por um preso da vivência onde ocorreu o crime ter agredido um outro interno durante dia de visita, o que é proibido pelo "código de conduta" existente entre os presos

2014 — Fortaleza (Barroso)

Quatro pessoas de uma mesma família foram mortas a tiros na comunidade da Babilônia, no bairro Barroso. Apesar da suspeita de que o crime ocorreu por disputa entre traficante, o caso nunca foi elucidado, tendo sido arquivado pela Justiça em 2020.

2014 — Redenção

Cinco jovens entre 15 e 19 anos foram mortos após serem arrebatados por um grupo de oito homens. Seus corpos, porém, só foram encontrados dias depois. Conforme sentença de pronúncia, o crime teria sido motivado pela "briga por superioridade territorial de domínio da atividade criminosa no Bairro Boa-fé". Dois homens foram pronunciados pelo crime, mas ainda não foram julgados.

2015 — Sobral

Dois dos acusados do crime queriam se vingar pelo assassinato de um irmão deles, ocorrido meses antes e cuja autoria intelectual era atribuída a uma das vítimas, Maria de Jesus. Ela, a filha, a neta e o namorado da neta foram mortos na ação. Uma quinta vítima que também morava na casa também foi morta, assim como um vizinho. Quatro suspeitos do crime foram presos, mas o caso ainda aguarda julgamento.

2015 — Limoeiro do Norte

Quatro pessoas foram mortas em um bar da Zona Rural de Limoeiro do Norte. Conforme denúncia do MPCE, as vítimas e os denunciados faziam parte do mesmo grupo criminoso, que havia sofrido um racha, porém. A chacina teria sido efetuada porque os criminosos suspeitavam que as vítimas planejavam vingar-se do assassinato do líder do grupo, primo de um dos mortos e que também teria sido assassinado pelos autores da chacina. Cinco pessoas foram apontadas como autores da chacina, sendo que três morreram. Um dos reús foi absolvido pelo Tribunal do Júri, enquanto o outro aguarda julgamento

2015 — Fortaleza (Cais do Porto)

As vítimas foram mortas em um cruzamento da comunidade da Estiva, localizada no bairro Cais do Porto. Até hoje, o crime não foi elucidado e nenhum suspeito foi preso. À época, a PM divulgou que cinco homens teriam participado da execução, que teria relação com a disputa por território para o tráfico de drogas na região. Um homem, uma mulher e uma criança também foram atingidos pelos disparos, mas sobreviveram.

2015 — Fortaleza (Grande Messejana)

Onze pessoas foram mortas aleatoriamente, em quatro bairros da Grande Messejana, por policiais militares após a morte de um colega de farda, em latrocínio ocorrido um dia antes. Nenhuma das vítimas tinha ligação com o crime. Foram denunciados 45 policiais pelo MPCE; hoje, 34 seguem como réus. O julgamento, porém, não tem data para ocorrer, pois muito deles ainda recorrem no STJ contra a decisão de pronúncia, feita em primeira instância e mantida em segundo grau.

Chacina do Curió, ou chacina da Grande Messejana, em novembro de 2015(Foto: O POVO.doc)
Foto: O POVO.doc Chacina do Curió, ou chacina da Grande Messejana, em novembro de 2015

2015 — Fortaleza (Pirambu)

Quatro pessoas foram mortas na comunidade da Colônia, no bairro Pirambu, enquanto estavam sentadas em um bar. Um adolescente, que estava nas proximidades, também foi morto. Os criminosos estavam em uma moto, conforme testemunhas. O inquérito que investiga o caso segue em andamento, sem elucidação da motivação nem prisão de suspeitos.

2016 — Pacatuba

Mais um caso sem solução até hoje. As quatro vítimas foram mortas a tiros em uma casa do Conjunto Alvorada, em Pacatuba (Grande Fortaleza). Sete pessoas encapuzadas teriam praticado o crime. Ninguém foi preso e o inquérito segue em andamento

2016 — Itaitinga

Crime ocorrido na Casa de Privação Provisória de Liberdade (CPPL) III, em Itaitinga. À época, a então Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejus) afirmou que presos quebraram a grade da vivência onde as vítimas estavam e praticaram o crime. Eles ainda tiveram os corpos incendiados. As quatro vítimas haviam sido presas por crimes cometidos em Iguatu. Ninguém consta como réu, nem denúncia do MPCE foi apresentada no processo judicial aberto pelo caso.

2017 — Aquiraz

Seis pessoas foram mortas em uma mansão localizada no Porto das Dunas, em Aquiraz. As vítimas seria integrantes da facção Guardiões do Estado e os executores, do Comando Vermelho. Até hoje, o inquérito segue em andamento, ainda que duas pessoas tenham sido indiciadas pelo crime. Um outro suspeito de participar da matança morreu em confronto com a Polícia

2017 — Horizonte

Cinco pessoas foram mortas em uma festa de aniversário próximo à Praça da Madame. Entre as vítimas, uma crianças de três anos. O alvo, porém, era apenas um homem. O crime foi atribuído pela Polícia Civil à "disputa pelo tráfico de drogas". A ordem para a execução teria partido de dentro de um presídio. Cinco homens são réus pelo crime, mas aguardam julgamento

2017 — Paraipaba

Quatro pessoas foram mortas próximo a um bar por homens que chegaram em um carro, ordenaram que as vítimas deitassem no chão e, em seguida, efetuaram os disparos. Até hoje, não se sabe o que motivou o crime nem suspeitos foram presos. Em junho último, o Ministério Público pediu o arquivamento do caso, o que ainda será apreciado pela Justiça

2017 — Fortaleza (Bom Jardim)

As quatro vítimas do crime foram mortas após serem convidadas por um dos réus para um suposto "acordo de paz". Vítimas e algozes estavam em conflito, mesmo sendo da mesma facção, o Comando Vermelho, após a morte um comparsa dos autores da chacina. Ao chegar no local combinado para a reunião, os quatro foram mortos a tiros. Oito foram pronunciados pelo crime, mas aguardam julgamento.

2017 — Fortaleza (Sapiranga)

Um grupo ligado ao Comando Vermelho invadiu o Centro de Semiliberdade Mártir Francisca, no bairro Sapiranga, e arrebatou quatro adolescentes que lá cumpriam medidas socioeducativas, assassinando-os em seguida. Os jovens foram identificados pelos assassinos como integrantes da Guardiões do Estado. As vítimas tinham entre 13 e 16 anos. Onze foram acusados pelo crime, mas apenas dois foram pronunciados — a Justiça apontou falta de provas para os demais. O Ministério Público recorreu da decisão e o caso segue aguardando julgamento.

Execuções em centro socioeducativo na Sapiranga, em 2017(Foto: O POVO.doc)
Foto: O POVO.doc Execuções em centro socioeducativo na Sapiranga, em 2017

2017 — Ipueiras

Uma mulher e seus três filhos foram mortos pelo companheiro dela a pauladas. Francisco Cloves Camelo, em seguida, ateou fogo na casa onde o crime ocorreu. Tudo teria ocorrido, conforme denúncia, pelo ciúmes do acusado. Ele foi condenado em 2020 a 112 anos de prisão.

2018 — Maranguape

Quatro pessoas foram mortas dentro de uma casa na localidade de Serra Pelada, zona rural de Maranguape. Os autores do crime seriam ligados à facção Guardiões do Estado (GDE). Quatro homens são réus e aguardam julgamento pela chacina.

2018 — Fortaleza (Cajazeiras)

A maior chacina decorrente da disputa entre facções criminosas ocorreu em 27 de janeiro de 2018. Catorze pessoas foram mortas na casa de shows Forró do Gago, no bairro Cajazeiras. As vítimas foram mortas aleatoriamente; o crime só ocorreu porque o espaço recebia festas que seriam patrocinadas pelo Comando Vermelho. Conforme as investigações, a cúpula da Guardiões do Estado autorizou a matança. Os criminosos usaram fuzil e até mesmo uma granada foi lançada, apesar de não ter detonado. Ainda não houve julgamento dos 15 réus; a primeira audiência do caso está previsto para outubro próximo

2018 — Itapajé

Dez presos da Cadeia Pública de Itapajé são mortos por outros presos da unidade. As vítimas seriam ligadas à facção Primeiro Comando da Capital (PCC), enquanto os autores da execução, do Comando Vermelho. O crime ocorreu, em uma emboscada, quando as celas foram abertas para banho de sol. As vítimas foram mortas a golpes de faca e tiros de revólver que havia sido introduzido ilegalmente um dia antes. Oito são réus pela chacina, já tendo sido pronunciados, mas eles ainda aguardam julgamento

2018 — Fortaleza (Benfica)

Sete pessoas foram mortas em três pontos do bairro Benfica. Dois dos três réus foram condenados em primeira instância a mais de 100 anos de prisão. O crime ocorreu, conforme a investigação, no contexto da briga entre GDE, facção a que pertenciam os executores, e o CV. O objetivo seria matar o maior número possível de pessoas ligados à facção rival. A Polícia, porém, encontrou indícios de que duas das vítimas foram apenas confundidas com os verdadeiros alvos

2018 — Quixeramobim

Quatro pessoas foram mortas no Assentamento Irmã Tereza, em Quixeramobim por três homens encapuzados, que abordaram as vítimas após chegar em um carro. As vítimas tentaram fugir, mas foram alcançadas pelos criminosos já dentro de um barraco. Conforme o Ministério Público, o crime foi praticado por integrantes do Comando Vermelho, que acreditavam que as vítimas pertenciam ao PCC, que teria matado o pai de um dos réus. O trio foi pronunciado, mas o julgamento ainda estar por ser feito

2018 — Palmácia

Cinco pessoas foram assassinadas enquanto caçavam na zona rural de Palmácia. A investigação apontou que o crime foi cometido a mando de um integrante do Comando Vermelho, mas que buscava vingar um estupro de uma menina. Duas das vítimas seriam parentes do acusado de estupro. Os executados também seriam apontados como ladrões animais, já tendo rixa com o mandante do crime. Pelo menos, cinco pessoas foram apontadas como tendo participação pelo crime.

2018 — Quiterianópolis — 4 mortos
Quatro pessoas de uma mesma família são mortas, na localidade de São Francisco, na zona rural que Quiterinópolis, por quatro pessoas de uma família rival. A Polícia Civil apurou que oitos assassinatos já haviam ocorridos em decorrência da rivalidade. Um homem foi denunciado pela chacina, mas demais suspeitos não foram identificados.

 

2018 — Milagres

Catorze pessoas morreram na tentativa por parte de PMs de evitar ataques a banco em Milagres. Seis eram reféns feitos pelos assaltantes. A morte de seis criminosos foi considerada pelo Ministério Público como morte em intervenção policial, o que é resguardada pelo excludente de ilicitude, mas a morte de dois outros assaltantes ocorreu em execução, conforme o órgão ministerial. Dezenove PMs foram acusados pelos crimes e aguardam julgamento.

2019 — Fortaleza (Mondubim)

A chacina realizada no bairro Mondubim foi motivada pela vingança de um homem apontado como um dos principais chefes da GDE. Ele teria sofrido um atentado praticado por uma das vítimas, que era ligado ao Comando Vermelho. Todas as vítimas pertenciam à mesma família. Além das três mortes ocorridas dentro de uma casa, João Paulo Fernandes da Silva ainda foi levado dentro de um carro e teve o corpo carbonizado em Maracanaú. Um quinto assassinato, de um irmão de João Paulo, ainda viria a ocorrer um mês depois. O caso ainda aguarda julgamento

2020 — Maranguape

Quatro pessoas foram mortas dentro de uma casa do bairro Área Seca. A principal linha de investigação da Polícia era de que o crime tinha ligação com a disputa entre facções. No local, havia pichações da facção Comando Vermelho. Apesar disso, nenhuma das vítimas possuía antecedentes criminais. Até o momento, o inquérito policial não foi concluído e ninguém foi preso.

2020 — Ibaretama

Sete pessoas foram mortas dentro de uma casa na Zora Rural de Ibaretama, incluindo uma criança de seis anos. Cinco das vítimas teriam ligação com a GDE; o crime foi praticado por integrantes do CV. Conforme a Polícia Civil, uma vereadora eleita do município havia dado anuência ao crime, após ter a casa roubada por integrantes da GDE. Ela teria participado da logística do crime. A vereadora e mais seis são réus pela chacina, que ainda aguarda julgamento

2020 — Quiterianópolis

Quatro PMs são acusados pela chacina, que deixou cinco mortos. São duas as suspeitas para a motivação, ambas retaliação por roubos que duas vítimas teriam cometido, uma contra um prefeito, outra contra um comerciante. Os quatro PMs estão presos e aguardam julgamento.

2021 — Caucaia

Quatro pessoas foram mortas a tiros no bairro São Gerardo por homens que integrariam a GDE. As vítimas, porém, não teriam envolvimento com facções, tendo sido mortas apenas por estarem na rua, localizada em área dominada pelo CV. Cinco foram denunciados pelo crime e aguardam início da instrução processual. Um sexto homem foi morto em confronto com a Polícia.

2021 — Fortaleza (Barroso)

Integrantes do Comando Vermelho mataram quatro pessoas em uma área dominada pela GDE, no bairro Barroso. As vítimas, porém, não tinham ligação com a facção, apurou a Polícia. O crime ainda seria uma retaliação contra atentado sofrido por um parente de um chefe do CV. Três homens estão presos pelo crime

2021 — Caucaia

Na mais recente chacina, cinco pessoas foram mortas no contexto do racha ocorrido dentro do CV. Pelo menos quatro das vítimas, segundo os autores do crime, pertenciam à "Tropa do Mago" e teriam expulsado de suas casas alguns dos executores da matança. Quatro homens foram presos, um adolescente apreendido e outros três são procurados pela Polícia

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