Os dispositivos eletrônicos vêm ganhando espaço na rotina das famílias brasileiras, como da fonoaudióloga Aline Montenegro Chaves, de 43 anos. Desde o despertar, passando pelo entretenimento, até o alerta do momento de beber água, os aparelhos e apps estão no dia a dia dela e dos filhos Arthur e Felipe, de 6 anos e 5 anos, respectivamente.
Aline utiliza diariamente um relógio inteligente, que informa com que frequência deve beber água e se exercitar e até a quantidade de tempo que deve passar lavando as mãos. O aparelho também alerta para o tempo que ela passa sentada durante o trabalho e envia frases motivacionais periodicamente.
Em casa, a família tem dois dispositivos smart speakers Alexa, um na sala e outro no quarto das crianças. Os filhos também utilizam serviços de streaming na Smart TV, tanto que nem assistem à programação aberta.
Apesar da ampla conectividade, Aline tem receio da quantidade de tempo que a família passa na frente de telas e tenta moderar o uso de aparelhos eletrônicos pelos filhos. “Naquele momento em família, sem nada digital, vamos brincar de pega-pega, alguma coisa assim”, relata.
A crescente demanda por digitalização dos lares, dos carros, dos escritórios e até dos corpos - vide os aparelhos que monitoram saúde e bem-estar nos pulsos - fez o Brasil se tornar um dos países mais digitalizados do mundo.
Dados da Pesquisa Anual de Uso de TI, desenvolvida pelo professor Fernando Meirelles, do Centro de Tecnologia Aplicada da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGVcia da FGV-EAESP), a densidade de dispositivos eletrônicos ante a população brasileira chega a 2,1 dispositivos digitais por habitante.
Há 447 milhões de dispositivos digitais. Esse universo vai desde os computadores, notebooks e tablets, até os smartphones e TVs. Esse movimento vem tornando os brasileiros mais do que nunca hiperconectados.
São 9,6 computadores para cada 10 habitantes. Há ainda mais de um smartphone para cada brasileiro. E existe 1,6 dispositivos portáteis (notebooks e tablets) para cada habitante.
Na avaliação da doutora em Administração pela Universidade Cristã da Flórida e especialista em Sistemas de Informação, Neiva Coelho Maróstica, é importante o avanço, pois permite aos usuários maior acesso à informação e, consequentemente, mais conhecimento.
Numa comparação per capita, o número de dispositivos eletrônicos em uso pelos brasileiros nos coloca como um dos mercados mais competitivos em quantidade de usuários.
"A perspectiva é de crescer. A conectividade vem evoluindo, podemos dizer, sim, que a maioria das pessoas tem um celular, no mínimo, e esse aparelho ajuda a se conectar com o mundo", afirma.
Com 214 milhões de habitantes, o Brasil possui mais de 205 milhões de computadores, 242 milhões de smartphones e 268 milhões de TVs. Proporcionalmente, são números mais expressivos que a média global.
Esse apetite no consumo das famílias em relação aos produtos eletrônicos voltou a crescer. Os dados da FGV ainda mostram que, num recorte dos últimos dez anos, havia uma queda de 1% em relação à década imediatamente anterior. Mas, entre 2020 e 2021, voltou-se a observar uma alta da demanda, de 27%.
E para que tamanha parafernália de aparelhos eletrônicos funcione em sua plenitude, há um fator primordial: conexão com a internet.
Esse detalhe coloca o País numa posição privilegiada em relação aos rankings internacionais. Com mais de 165 milhões de usuários, o Brasil é o quinto país com a maior quantidade de usuários conectados à internet.
E a popularização dos smartphones contribui com essa alta conectividade. Aproximadamente, 99% dos brasileiros afirmam que o aparelho é o dispositivo preferido para acessar a rede.
André Miceli, coordenador do MBA em Marketing e Inteligência de Negócios Digitais da Fundação Getulio Vargas (FGV), ressalta que já vínhamos assistindo a ampliação do acesso aos dispositivos e conexão à internet desde o início da oferta dos pequenos provedores de internet, quando o Brasil se mostrou um país afeito ao uso de dispositivos digitais.
E que o 5G deve potencializar isso de forma que o 3G e o 4G não foram capazes.
"Temos uma população que tem um gosto por usar tecnologia e faz força para isso. As operadoras entenderam esse movimento e fazem a sua parte na oferta, criando mecanismos que ajudassem nesse acesso aos dispositivos e planos e a população responde bem, ampliando o uso de redes sociais e enxerga nesses recursos uma extensão de seus vínculos sociais físicos", analisa.
Mulheres conectadas
Segundo levantamento da GS1, até o ano de 2019, os homens apresentavam maior índice de automação. Mas, em 2020, as mulheres tomaram a liderança e, em 2021, houve um equilíbrio de gênero para avaliação da adoção de automação.
Conectados
O avanço da automação dos brasileiros nos últimos anos cresceu independentemente da faixa etária. Mas, conforme levantamento da GS1, os grupos abaixo de 34 anos cresceram a uma taxa média de 8% ao ano, enquanto o grupo acima desta idade obteve crescimento médio de 12% ao ano.
Consumo
Com relação à venda de smartphones, há a média de três aparelhos vendidos para cada TV. Aproximadamente 14 milhões de televisores foram comercializados em 2021 no Brasil. E 44 milhões de smartphones.
A conectividade dos lares via Smart TVs e a força do streaming
A força da TV no processo de conectividade dos brasileiros é um dos pontos centrais na discussão sobre acesso aos conteúdos.
Pesquisa da Nielsen, em parceria com a MetaX, revela que 61% dos lares brasileiros possuem Smart TVs. E 70% dessas famílias com Smart TVs utilizam smartphones ao interagir com conteúdos de streaming.
Para 51% dos entrevistados, a Smart TV é o local preferido para assistir streaming, enquanto o tempo médio diário gasto com essa atividade ultrapassa 2 horas.